Balzac, o escritor francês que foi uma das inspirações para este blog, disse, certa vez, que “se a imprensa não existisse, seria preciso não inventá-la”. Eu sempre me encantei com esse quê desencantado do velho Balza, mas acho a frase meio radical. Tudo bem que, se a imprensa não existisse, o Zeca Camargo teria sido apenas um exímio dançarino do ventre, o que seria ótimo, não? Mas não posso resumir a questão ao Zeca Camargo. Há, sim, muita coisa ruim no jornalismo, mas também tem muita, ou melhor, alguma coisa boa.
E se a imprensa realmente não existisse?
Quem denunciaria as contas secretas do Maluf, as maracutaias do Arruda e os dólares na cueca? O novo CD da Preta Gil chegaria às lojas imune de críticas. Não haveria os bares de jornalista e as filosofias de botequim de jornalista. Quem avisaria sobre as ruas congestionadas e as chuvas de fim de tarde? A arte da investigação não teria conhecido o brilho e o talento de Zé Bob. Não haveria as garotas do tempo, as aprendizes do Caco Barcellos e as apresentadoras radicais do SporTV. Pescoção seria apenas o cidadão interessado em olhar o decote da moça a seu lado no metrô. A liberdade de expressão não teria tanto valor. O Nelson Rodrigues teria sido talvez... médico? Ginecologista? Meu Deus! Não existiria o blog “Desilusões perdidas” para falar mal (e às vezes bem) da profissão. Jamais teríamos conhecido as histórias do bebê-diabo do ABC e do homem que torrou o pênis na tomada divulgadas pelo inesquecível Notícias Populares. O Pedro Bial teria, muito provavelmente, dedicado toda a sua carreira a reality shows e outras programas de entretenimento. O William Bonner teria seguido a carreira de imitador e humorista e talvez se casado com uma atriz de seu grupo teatral. Não haveria o caderno de Esportes da segunda-feira para a gente ler os elogios à vitória de nosso time no domingo. Os fotógrafos só sobreviveriam com casamentos, batizados e festas de debutante. O furo seria apenas um orifício qualquer. Eu jamais teria acordado com o Jornal da Manhã da Jovem Pan. Repita: eu jamais teria acordado com o Jornal da Manhã da Jovem Pan.
Texto delicioso! Crítica fundamentada e com humor é uma qualidade rara hoje. Torne-me leitora cativa do blog.
ResponderExcluirQuando aconteceu toda aquela história do Boris Casoy X Garis, eu li uma frase no orkut que dizia mais ou menos isso "Podemos viver sem jornalistas, mas sem garis não.." Enquanto existirem pessoas com essa mentalidade, o Brasil será o que é. Jornalismo é vida!..rsrs Bjs Duda.
ResponderExcluirEis uma verdade.
ResponderExcluirBebê diabo, o orgulho do ABC!
ResponderExcluirBebê diabo, o orgulho do ABC!
ResponderExcluirDani, valeu pelas palavras. E viva o bom humor.
ResponderExcluirTalita e Nat, vida longa aos jornalistas e aos garis!
Camilla, hoje o bebê-diabo já não é mais o único orgulho do ABC. Agora tem também o Cicinho, o Rodriguinho, o Branquinho...
Beijos!
Não teve alguém que certo dia disse "ruim com eles, pior sem eles"? Mandou bem na crítica, Duda... Em meio a tantos podres, há sim muito que não podeos deixar de ter no jornalismo...
ResponderExcluir"O furo seria apenas um orifício qualquer"
ResponderExcluiro que seria de nós jornalistas, se não existisse todo esse bom humor!
estou agora com enxaqueca numa redação saturada e consegui rir e me deliciar com aprofissão!
Mariana, só com bom humor para suportar essa vida ingrata. :)
ResponderExcluirbeijo
"se a imprensa não existisse?" NEM QUERO PENSAR NISSO... GENTE DESINFORMADA NINGUÉM MERECE!! O povo precisa das notícias, a gente só contribue c isso... tenho a felicidade de trabalhar num telejornal que além de informação, leva esperança! prioriza notícia boaa!!! mas claro ñ deixa de mostrar a 'dura' realidade..... é o nosso papel =)
ResponderExcluirhttp://noticias.cancaonova.com/
bjs caros colegas
Deus os abençoe!
Como se Nelson Rodrigues fizesse assim tanta falta.
ResponderExcluirVerdade, Verônica, é sempre importante valorizar a "boa notícia". Beijo.
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