Há dois anos o diploma de jornalismo perdeu o seu valor. Caiu na bebida, tentou o suicídio. Acabou na gaiola do passarinho. Agora, ele reaparece para esta entrevista polêmica e cheia de sensacionalismo, concedida com exclusividade ao blog Desilusões perdidas.
Como tem sido sua vida nesses últimos dois anos?
É difícil você ser valorizado por décadas e, de uma hora pra outra, descobrir que não serve mais. Se não for numa redação, onde eu vou trabalhar com dignidade? Vou confessar pra você que passei necessidade. Muito amigo sumiu, inclusive gente de sindicato.
O que faz para sobreviver?
Nem eu sei como sobrevivo, ainda mais com quatro bacuris lá em casa pra criar. Faço bico, de toalha plastificada de mesa, forro gaiola de passarinho. Mas é complicado. Você sabe o que é ficar todo sujo de bosta de calopsita?
Algum rancor do doutor Gilmar Mendes?
Como bom cidadão, eu respeito qualquer decisão da Justiça, mas não vou negar que esse filho-da-p### fod## a minha vida. Vamos falar a verdade. Meu amigo, se hoje estou na marginalidade, bebendo pra cara###, a culpa é desse filho-da-p###.
É verdade que você tentou o suicídio?
Num momento de muita fragilidade eu quase fiz uma bobagem, sim. Pensei em pegar uma tesoura e me picar todinho. Eu já tinha perdido quase toda a minha fé. Foi quando eu encontrei alguém muito especial, que está iluminando o meu caminho, alguém que eu já tenho no coração.
Você encontrou Jesus?
Não, não foi Jesus, eu encontrei o diploma de datilografia. Anos atrás, o cara ficou na pior pela mesma razão, a barra pesou pra ele. Mas aprendeu a lidar com o vazio existencial. E está me ensinando muita coisa bacana. Camarada mesmo.
Alguns grupos ambientalistas pedem a entidades de ensino superior do Brasil que comecem a emitir o diploma de jornalismo em papel semente para que o graduado possa plantá-lo tão logo se forme. O que acha dessa idéia?
Acho legal ser responsável com a natureza, mas não pro meu lado. Essa coisa de virar plantinha seria mais uma humilhação pra mim. Esses ambientalistas deviam se preocupar com assuntos mais importantes, como o peido da vaca.
Você tem acompanhado a sua PEC no Congresso?
Estou meio desanimado com essa minha PEC. Meu lobby no Congresso tá mais fraco do que carro 1.0 subindo a ladeira.
Como mudar isso?
Sem o apoio da mídia, é impossível ter alguma perspectiva boa. É por isso que eu agradeço muito a oportunidade desta entrevista. Tenho batalhado também alguma coisa com as produções da Sônia Abrão e da Luciana Gimenez. Se eu puder expor meu drama no Superpop, acredito que muita gente possa me ajudar.
Uma mensagem final, por favor.
O diploma de datilografia sempre me diz que nessa vida tem espaço pra todo mundo. Eu acho que eu ainda posso dar muito de mim para o jornalismo e peço aos jovens estudantes que não me abandonem. Tá cheio de diploma por aí pagando de bonitinho, outros se prostituindo por qualquer curso de dois anos, mas a minha proposta ainda é séria, tá certo? Isso é importante ficar claro. E... eu também queria... eu... bom, acho que é isso... desculpa, gente... eu prometi pra mim mesmo que não ia chorar, mas... Sério, gente, desculpa...
Comovente a entrevista...
ResponderExcluirDudaaaa!
ResponderExcluirEstou aqui chorando junto a comovente história do diploma!
GENIAL, este post!
Fantástico... apesar de não tê-lo e de ter conseguido a MTB graças à sua queda (fiz 3 anos de jornal e não consegui terminar por causa de verba, aproveitei a liminar e dei entrada no registro), sei da sua importância e me comove sua trajetória! A luta continua!
ResponderExcluirtadinho do diploma, este lindo.
ResponderExcluirme deu até uma tristeza agora...
O meu diploma teve uma história parecida. Hoje se encontra no A.D.A - Associação dos Diplomas Anônimos. Obrigado Gilmar Mendes!
ResponderExcluircara, no começo eu ri tanto que chegou a doer..ainda mais quando li sobre o peido da vaca! rachei! hahahha
ResponderExcluirmas o riso virou choro..e percebi a situação triste do pobre diploma de jornalismo
Parabéns!! adorooo demais teu blog! haja criatividade!
Você não vale nada, mas continuo gostando de você, cara! Tamo junto!!!
ResponderExcluirNo fundo, acho que isso não vai mudar nada, pois dificilmente alguém sem diploma será contratado. Acho que há outras coisas mais importantes para serem discutidas, como mercado de trabalho e formação ampliando os horizontes. Escrevi um artigo sobre isso no meu blog www.reportagemsocial.blogspot.com
ResponderExcluirMuito bom hahah...Pelo menos o diploma já achou uma luz no fim do túnel. E nós, jornalistas? haahah
ResponderExcluirPicotado, coitado... vamos pensar nos remendos...risos..bj, Duda!
ResponderExcluirOlha, quero aproveitar o espaço e agradecer ao Gilmar Mendes por trabalhar em prol das... dos... de quem mesmo?
ResponderExcluirQuero também denunciar ao Sr. diploma que muitos dos eus antigos "amigos", os jornalistas, balançaram a cabeça e o rabo para a decisão do "querido" Gilmar.
É isso aí... categoria unida jamais será... já foi!
Eu bem sei o que passo com o sofrimento e depressão dos meus dois queridos filhotes: O Diploma de Jornalismo e o de... Datilografia! Mas olha, eu honro a trajetória deles e a minha trajetória para tê-los em minhas mãos. A luta continua!
ResponderExcluirO mais difícil agora é entender o jornalismo praticado por médicos, engenheiro e, especialmente, os advogados...
ResponderExcluirMagnífico! Deus do céu, quanta criatividade! O post me faz gargalhar e dá vontade de chorar também. Mas, numa boa, ficou muito bom! Você é f###!
ResponderExcluirDuda, você deveria ganhar um Prêmio Nobel.
ResponderExcluirAbs
angeli, glauco, laerte (e adão estagiário) mostram a vocês o que fazer com o diploma: http://goo.gl/fUi0W
ResponderExcluirKKKKKKK Melhor foi a história de que ele fez amizade com o Diploma de Datilografia.
ResponderExcluirDiploma de Windows 95 e MS-DOS também pode fazer parte dessa roda? rsrsrsrs
OTIMO post!!! Até compartilhei no Face pros meus colegas jornalistas e estudantes de jornalismo.
Abraços!!
Danilo Moreira
Quando puder...
http://blogpontotres.blogspot.com/
Ponto Retrô - Programa Livre - SBT
rsrsrsrs... você é um figura!
ResponderExcluirO Diploma no Super Pop ia dar um bapho!!! hahaha, coitado dele, ter que aguentar a Luciana Gimenez...Muito bem Diploma, não desista da sua luta, vá em frente, vc é brasileiro e não desiste nunca, hahaha
ResponderExcluirRealmente é muito triste a vida de um diploma de jornalismo. Mas tem outro parente muito próximo dele que poderá ajudá-lo de alguma forma: o diploma de publicitário.
ResponderExcluirEle chegou a me dizer que após seu dono sair da universidade, se recusou a ficar na parede e só saiu da instituição 5 anos após seu dono. Nem os funcionários o aturavam mais.
Nesse meio tempo, aprendeu a sobreviver nesse mundo cão.
Tão logo caiu o diploma, um colunista social em SC, que nunca se formou, resolveu comemorar. Saiu saltitando até que um colega dele, também não formado, mas mais sensato, lembrou: "o diploma caiu, mas você continua sem ter feito o curso". O outro calou-se. Jamais voltou a tocar no assunto.
ResponderExcluirLembrando sempre que quem defende o diploma é a indústria gráfica. Eu defendo a formação superior e específica para jornalismo.
O diploma perdeu a validade, mas eu me orgulho do curso que fiz e de todas as preocupações éticas e estéticas que sempre tive em relação à minha profissão. Isso, ninguém, nem o senhor Gilmar Mendes, me tira.
Não se avexe, diploma! Você logo será acompanhado por muitos outros. A começar pelo diploma de ensino médio, que atesta que o diplomado não sabe ler nem escrever, quanto mais fazer as duas operações básicas (multiplicação e divisão já são consideradas avançadas).
ResponderExcluirSe bem que, dentro em breve, o de datilografia passará a ter valor. Consta que é necessário ser alfabetizado para tê-lo.
Abraços,
Grilo D
Meu Deus, coitado!
ResponderExcluirAlguém avia a ele que eu estou disposta a adotá-lo?
Ficou muito divertido o post!
Eu ainda te amo diploma! Se Deus quiser ano que vem estaremos juntos! rsrs
ResponderExcluirOlá, amigos.
ResponderExcluirO diploma, em e-mail enviado para o blog, pediu para eu agradecer a todos pelas mensagens de apoio. Ele chorou tanto de emoção com o carinho dos colegas que ficou até meio borrado de tinta. Prometeu avisar quando aparecer no Superpop. Abraços.
Desde que comecei a ler este blog, tenho diploma e, tinha emprego... Dois anos depois, me encontro desempregada e as ofertas de trabalho além de serem cada vez mais raras, comportam um salário ainda menor do oferecido quando eu ainda era recém-formada. Seria reflexo desta maravilhosa decisão do querido Gilmar Mendes???
ResponderExcluirNunca vi alguém mais disiludido e perdido, em toda a minha vida!!!
ResponderExcluirMuito bom!
ResponderExcluirÉ cômico... e trágico!
Eliane
GENIAL esse texto! Parabéns!
ResponderExcluirE tudo culpa do Gilmar Mendes! Tadinho do nosso diploma :(
ResponderExcluirAinda bem que está na marginalidade, pois antes só servia aos interesses corporativistas mesquinhos dos jornalistas que conquistavam tal título em suaves prestações nas Uniesquinas da vida.
ResponderExcluirAh, era o seguro dos professores de jornalismo das Uniesquinas da vida.
Caro Thiago Cortês,
ResponderExcluira queda do diploma não serviu para acabar com interesses mesquinhos e corporativistas de jornalistas, mas para permitir a colocação de qualquer borra-botas, facilmente manipulável, para atender interesses escusos de politicos, empresários e com um salário mais mixo ainda do que era pago a jornalistas que resolveram estudar, para exercer a profissão com qualificação...
Há pessoas que exercem a função sem diploma, mas, que eu saiba, estudar e se aprofundar na profissão escolhida nunca fez mal para ninguém...
Como sempre digo, ter diploma não é garantia de competência (tem muito jornalista formado incompetente por aí). Também sou contra que mais gente despreparada e sem diploma entre no mercado. Haverá espaço para os bons. Que cada um busque a sua qualificação. Abraços.
ResponderExcluirDuda Rangel tem razão. Diploma não é sinal de competência. De fato, há muito zé-das-couves por aí, posando de jornalista. Inclusive, membros de outras categorias profissionais que nem deviam atrever-se a escrever um Be-a-bá. Se validarem o diploma algum dia, ótimo. Que os novatos tratem de honrá-lo, bem exercendo essa missão-profissão: informar com independência e caráter.
ResponderExcluirBonfim Salgado
Jornalista e Consultor de Empresas
A obrigatoriedade do diploma de jornalismo foi criada durante a ditadura militar. Todos que defendem seu retorno defendem uma medida da ditadura militar.
ResponderExcluirPior mesmo é esse comentário acima ¬¬ tem idiota pra tudo
ResponderExcluirdo \ da ( Cedê Silva)
Entrevista forjada isso sim. Quem não percebe?
ResponderExcluirEu conheço muito jornalista formado que não escreve bem, é preguiçoso e muito das vezes, pinguço.
Também conheço os 'focas', jornalista novos na redação e aqueles que não possuem diploma, e a maioria honra a profissão, são pontuais, dão 'furo' e são extremamente profissionais.
O que acontece é que muitos que não tem mais disposição pra trabalhar perdem a vaga pros novos que estão com todo o gás, essa é a verdade.
Agora que esta entrevista acima deste blo é forjada, isso é.
Quiz dizer, entrevista BOBA, isso sim. Quem não percebe?
ResponderExcluirEu conheço muito jornalista formado que não escreve bem, é preguiçoso e muito das vezes, pinguço.
Também conheço os 'focas', jornalista novos na redação e aqueles que não possuem diploma, e a maioria honra a profissão, são pontuais, dão 'furo' e são extremamente profissionais.
O que acontece é que muitos que não tem mais disposição pra trabalhar perdem a vaga pros novos que estão com todo o gás, essa é a verdade.
Agora que esta entrevista acima deste bloG é BOBA, isso é.
Caro Anônimo, alguém precisava dar uma oportunidade para o diploma desabafar. Só isso.
ResponderExcluirAbraços a todos.
Duda, que bela entrevista! Prometo não rasgar meu diploma depois disso! Aliás, podíamos recomeçar a campanha! A LUTA CONTINUA!!!
ResponderExcluirA luta continua, Sônia. Abração.
ResponderExcluirEntrevista comovente! Acho que não houve apelo emocional ou sensacionalismo não... o Diploma se mostrou sincero. Uma lição de vida! ;)
ResponderExcluirRodrigo Otávio, o diploma mandou agradecer pelas palavras. Abração.
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