quinta-feira, 3 de maio de 2012

Cadê a liberdade de ser jornalista?

Celebrar o dia da liberdade de imprensa é bom. Só quem viveu o perrengue de uma repressão política ou viu jornal ser fechado na porrada sabe que hoje os tempos são, felizmente, outros. Mas cadê a liberdade de ser jornalista? A mídia é livre. E nós?

Quantos jornalistas ainda são torturados pela tal linha editorial de seus veículos, espancados por publicações que mais parecem porta-voz de partido político? Tem também o anunciante, que é legal e paga o nosso salário, mas alguns são linha-dura, tipo delegado do DOPS. Experimenta só fazer propaganda contrária.

E onde está o interesse social? Será que ele morreu num pau-de-arara? Apagou depois de tanto choque elétrico? O interesse social é um exilado, um desaparecido? Em tempos de imprensa livre, os interesses que prevalecem são diversos. E nós, jornalistas, ficamos perdidos entre o que deve ser dito e o que convém ser dito. Esqueçam as receitas de bolo da ditadura. Hoje, temos os dossiês customizados, as matérias de encomenda.

Claro que existem empresas de comunicação sérias, que valorizam a liberdade conquistada e respeitam o jornalista. Sim, não dá para generalizar. Mas é triste constatar que os próprios jornalistas estão deixando de acreditar na imprensa. Ou sentindo vergonha dela. Não é fácil enfrentar o Sistema. Viramos reféns. Ou você aceita ou está fora. Como diria o capitão Nascimento, o Sistema é foda.

Celebrar o dia da liberdade de imprensa é bom, mas seria ainda melhor se esta imprensa livre fosse capaz de aprender o verdadeiro sentido de “ser livre”.


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7 comentários:

  1. Mudou o tom, mas não mudou a relevência: com graça ou com seriedade, continua acertando no discurso!
    Parabéns, Duda!

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  2. Concordo com sua opinião.
    Iria mais longe ainda: até onde vai a liberdade de expressão e a exposição ao risco de vida que os profissionais precisam suportar?
    É preferível evitar reportagens que envolvem os donos do poder para não ser a vítima de amanhã?

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  3. Vou ser chula... Mas vamos lá: A imprensa perguntou: "Quais são os meus direitos?"

    "Tu tem o direito de sentar.
    Tu tem o direito quicar.
    Tu tem o direito de sentar.
    De quicar de rebolar.
    Você também tem o direito.
    De ficar caladinha.
    Fica caladinha.
    Fica caladinha..."

    E foi assim...

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  4. Grande Sidonio, valeu!
    Bia, e de quem é a culpa se alguma desgraça acontecer?
    Liziane, jornalista tem muitos direitos. E tem gente que ainda reclama :)
    Abraços.

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  5. Liberdade de Imprensa X Liberdade de Empresa. Uma luta pra Anderson Silva nenhum botar defeito.

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  6. Colegas, a informação viciada sempre existirá enquanto alguém pagar os custos do veículos que não seja diretamente o consumidor da informação. Chegaremos lá? Sim, um dia, mais adiante, quando o cidadão acordar para esta realidade.

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  7. Homero, e para cobrar diretamente o consumidor da informação, é preciso produzir um conteúdo diferenciado, atraente. E isso depende de nós, jornalistas. Abraços.

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