terça-feira, 29 de outubro de 2013

Redação Royal

O povo começou a ser resgatado ainda era madrugada.

Tinha gente com olheiras de quem vara a noite escrevendo matéria. Gente que era só o bagaço de tanto preencher sozinha duas ou mais páginas por dia.

Os ativistas arrombaram a porta principal e logo perceberam que lá dentro havia dezenas de profissionais trabalhando em condição análoga à de um jornalista escravo.

Estavam lá havia meses. Sem salário decente, sem equipamentos decentes, sem papel higiênico. Faltava decência até para cagar.

Suspeitas de maus-tratos foram confirmadas. Um estagiário, por exemplo, era obrigado a ler e ouvir todas as colunas do Jabor.

Também eram feitos experimentos. Quanto tempo o organismo de um jornalista suporta ficar sem comer? Hein? Tudo pela ciência.

Parte da opinião pública ficou sensibilizada com o caso dos jornalistas resgatados. Tão bonitinhos, principalmente o estagiário que lia o Jabor. Outros acharam que os ativistas deveriam é se preocupar com coisas mais importantes. Tanto vira-lata abandonado por aí na rua e ninguém faz nada.

A Redação Royal foi lacrada. Provisoriamente.

Os black blocs ameaçaram quebrar geral. O patrão, temendo o próprio deadline, ligou para o secretário, que falou com o governador, que liberou a turma do Choque.

A boa notícia é que os jornalistas resgatados podem ser adotados por redações de todo o Brasil. São pessoas legais, que curtem o que fazem e só precisam de gente disposta a lhes dar um trabalho digno. Ah, se rolar também um biscoitinho com café, eles vão amar.


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4 comentários:

  1. Estava à toa na vida, num sobe e desce ladeira, dobrei uma esquina e...
    Muito bom aqui. Ri bastante, estou mais leve agora.
    abçs

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  2. Ao passar pela net encontrei seu blog, estive a ver e ler alguma postagens
    é um bom blog, daqueles que gostamos de visitar, e ficar mais um pouco.
    Eu também tenho um blog, Peregrino E servo, se desejar fazer uma visita
    Ficarei radiante,mas se desejar seguir, saiba que sempre retribuo seguido
    também o seu blog. Deixo os meus cumprimentos e saudações.
    Sou António Batalha.

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