terça-feira, 24 de setembro de 2013

Desculpas de jornalista


Mas jura que era off? Cê tá falando sério? Eu tinha entendido que era para publicar numa boa.

Eu sei que exceção se escreve com “cedilha”. Eu botei os dois “esses” aí só pra ver se o editor estava esperto.

Ô, segurança, deixa eu dar uma entradinha rápida. Ô, parceiro, é para ir ao banheiro. Prometo que não vou xeretar a reunião. É que eu tenho bexiga solta. Mal de família.

Chefe, eu até poderia abrir mão da minha folga no sábado, mas não dá. Minha tia, coitada, lá de Votuporanga, tá muito doente.

Se tivessem me dado uma máquina melhor, a foto teria ficado boa.

Eu sempre dou crédito para o texto dos outros. Deve ter dado algum pau no sistema na hora de publicar e não saiu o seu nome.

Opa, desculpa, era para desligar? Nem vi que o gravador tava ligado.

Não tenho QI, por isso nunca trabalhei na grande imprensa.

Só atrasei para a entrevista por causa desse trânsito maluco.

Tá bom, tá bom, eu xinguei alguns leitores pelo Twitter, mas não imaginava que isso fosse dar tanta repercussão.

Eu fiz a cagada? Que nada, foi o estagiário!

Amor, não é que eu... amor, escuta, não é que eu esqueci seu aniversário. É que foram tantas pautas hoje que meus neurônios não tiveram tempo de se ligar na data.

Eu não bebo porque eu quero ou porque eu gosto. É porque eu preciso extravasar, entende?


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quinta-feira, 19 de setembro de 2013

10 dicas para um jornalista desencalhar


A primeira e talvez a dica mais importante: frequentar eventos sociais exclusivos de jornalista é uma puta cagada. Além de ser mais difícil encontrar sua alma gêmea, você corre o risco de encontrar uma alma gêmea tão pobre quanto a sua alma. Abra o leque. Que tal dar uma passadinha no Congresso Anual de Criadores de Puro-Sangue Inglês?

Evite falar sobre jornalismo no primeiro encontro. Se conseguir evitar nos 200 encontros seguintes, também será ótimo. Não há romantismo que resista a alguém reclamando da pauta, do mercado de trabalho. Eu sei que não é fácil, mas tente se concentrar. Força.

Outras coisas que devem ser evitadas: dizer que faz plantão de domingo ou no carnaval, presenteá-lo com algum jabá ganho em coletiva, levar bloquinho e caneta para o motel, pedir para ele ler e elogiar a sua matéria, ou confessar que tem um blog.

Quando puxar conversa com alguém numa balada, lembre-se de que você não está trabalhando. Pior do que “você vem sempre aqui?” é perguntar o que, quem, quando, onde, como e por quê. Xaveco não tem lead. Ah, pedir para gravar a conversa também queima o filme.

Muitos jornalistas estão encalhados por serem superexigentes. É o típico jornalista que só quer a grande reportagem e não se contenta com qualquer merda. Querer o melhor não é crime, mas amor é como frila: se você ficar esperando só os bons, vai acabar na mão.

Por mais que você não tenha tempo livre para nada, inclusive para desencalhar, é cool dizer que você mantém um hobby. Pessoas que mantêm um hobby são mais sedutoras. Invente algo legal e, lembrando mais uma vez, nada de dizer que você tem um blog.

Se conhecer alguém interessante, recomende a tal pessoal a leitura do clássico texto “10 razões para namorar um jornalista”, do blog Desilusões perdidas. E jamais o deixe acessar o ainda mais clássico “1.000 razões para não namorar um jornalista”.

Dê um upgrade na sua autoestima e valorize suas qualidades para atrair a pessoa amada. Apesar de ser jornalista, você deve ter algumas qualidades. Sei lá, umas duas pelo menos. Tipo o quê? Descolar ingresso para a área vip de shows é uma qualidade.

Essa coisa de fazer simpatia para Santo Antônio não funciona mais. O santo não se atualizou, não fez uma especialização em “Matrimônios na Pós-Modernidade” e ficou complicado para ele seguir fazendo milagre. Aposte em aplicativos como “Date a Jornalist”. É só botar o aplicativo de cabeça para baixo num copo d´água virtual. E rezar.

Por mais que o bom jornalista deva checar até declaração de amor que recebe, no caso dos encalhados isso não é necessário. E não se trata de negligenciar a apuração. Se você tiver a chance de ouvir um “eu te amo”, acredite sem desconfiar, abra aspas, abra um sorriso e responda “eu também”.


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quarta-feira, 11 de setembro de 2013

Jornalistas, atenção aos procedimentos de segurança antes de viajar nesta redação


Olá, senhoras e senhores jornalistas. Sou Duda Rangel. Em nome do editor-chefe, apresento as boas-vindas a bordo desta redação, com destino ao inferno do fechamento.

Durante o trabalho de apuração e checagem de informações, por telefone, e-mail ou pelo Google, o encosto de sua cadeira deverá ser mantido na posição vertical, para você não ficar reclamando depois de dores nas costas.

Para evitar frustrações, observe os avisos de atar os pés no chão, pois esta viagem está sujeita a muitas turbulências.

Em caso de bloqueio criativo na hora de escrever a matéria, uma luz divina não cairá automaticamente sobre a sua cabeça. É bom você queimar seus neurônios. Se pintarem ideias originais, ajuste-as ao seu texto e só depois empreste alguma para o companheiro ao lado – aquele com cara de bunda à espera da luz divina.

Informamos que poderão ser utilizados laptops e celulares apenas em modo “redação”, ou seja, para fins profissionais. Joguinhos no Facebook deverão permanecer desligados.

A redação tem uma máquina de café na parte do fundo, onde é proibido falar mal do chefe. O ambiente do café está equipado com detector de fofocas.

Esta redação possui três saídas de emergência: uma para fazer frilas por aí, outra para um concurso público na Petrobras e outra para vender artesanato numa praia de Floripa.

Manuais chatos de jornalismo e guias de sobrevivência em redação encontram-se na gaveta à sua frente.

Em caso de pouso de um passaralho, lembramos que o seu emprego é flutuante.

Obrigado por terem escolhido trabalhar nesta redação. Tenham todos uma ótima viagem.


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segunda-feira, 9 de setembro de 2013

10 razões para ainda se acreditar no jornalismo


Nunca se leu tanto. Lê-se muita merda, é verdade, mas se lê. E isso é ótimo. O número de leitores mais qualificados também aumenta, exigindo do jornalismo uma constante evolução.

O jornalismo é como marido: tem muito por aí que não presta mesmo, que desaprendeu a seduzir, mas existem os que ainda conseguem encantar.

Vejo vários jovens jornalistas desiludidos com a profissão, mas vejo também muitos outros com um puta tesão de resgatar os bons valores e ideais do jornalismo. Sim, há esperança.

Já temos alternativas à velha grande mídia. Com a tecnologia, surgem canais de informação mais plurais e democráticos. Tá tudo aí. Só nos resta construir outras formas de fazer jornalismo.

A mídia é muito mais fiscalizada hoje. A transparência que tanto se deseja para o País inclui também as empresas de comunicação. Com mais vigilância, fica mais difícil manipular e mentir.

Com fé, em pouco tempo o Galvão Bueno se aposenta. Isso também já vai ajudar muito.

O jornalismo está em crise há algum tempo, tadinho, mas dá para ele fazer uma terapia e ficar praticamente bom. Ele pode contar com o seu apoio?

Por mais que o jornal impresso esteja quase ganhando uma hashtag RIP nas mídias sociais, as boas histórias não morrem. E com boas histórias para se contar, o jornalismo mantém-se vivo.

Há tanta violência contra os jornalistas, tanta exploração e desaforo, mas muitos jornalistas resistem com coragem. Esse povo merece um voto de confiança, não?

A gente acredita em tanta coisa nesse mundo, duende, cartomante, diagnóstico médico. Porra, custa acreditar também no jornalismo?


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quinta-feira, 5 de setembro de 2013

A vida de jornalista, enfim, no Rio



Há tempos quero fazer um lançamento de meu livro, “A vida de jornalista como ela é – o melhor do blog de Duda Rangel”, no Rio de Janeiro, uma cidade que sempre foi para mim referência em duas paixões: o jornalismo e o humor.

Embora escrito por este paulistano, o blog Desilusões perdidas tem um sotaque carioca. Tem uma descontração carioca, um romantismo pela profissão carioca. Um quê de poesia também.

No próximo dia 12 de setembro (uma quinta-feira), estarei, enfim, no Rio, para uma conversa informal com os amigos e uma sessão de autógrafos do livro.

O papo começa às 19h30 no auditório do campus Botafogo da FACHA (Faculdades Integradas Hélio Alonso). O lançamento do livro é logo depois, no pátio da faculdade. O endereço da FACHA é Rua Muniz Barreto, 51, Botafogo.

O evento é gratuito e aberto a todos os interessados, jornalistas e estudantes, inclusive de outras faculdades do Rio. É também uma parceria da FACHA com o grupo JornalistasRJ do Facebook, organizadores do encontro.

Apareçam, chamem os amigos, divulguem. Vai ser maneiríssimo.

Aos amigos de outras cidades, o livro segue à venda pela loja no Facebook aqui, com frete grátis para todo Brasil e a possibilidade de o comprador pedir uma dedicatória.


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terça-feira, 3 de setembro de 2013

O que as pessoas dizem quando você diz...


Que é repórter de moda
Você não descola pra mim uns convites pra São Paulo Fashion Week? Tipo primeira fila?

Assessor de imprensa
Mas você faz exatamente o quê?

Colunista de fofoca
Putz, eu até ia te contar a minha vida, mas nem vou mais.

Repórter de rádio
Nossa, você tem a maior voz de locutor mesmo!

Analista de mídias sociais
Ah, você é a pessoa que passa o dia inteiro postando piadinhas no Facebook, né?

Repórter esportivo
Que massa! Você é amigo daqueles jogadores tudo?

Crítico musical
Então, a gente tem uma banda com um puta trabalho autoral. Não rola uma resenha, não? Positiva, claro.

Estudante de jornalismo
Mas não tinham acabado com o diploma?

Crítico de televisão
Você ganha pra ver novela e falar mal do povo, é isso? Porra, queria ter um emprego assim.

Revisor de jornal impresso
Cara, você ainda existe? (apertando o braço para se certificar de que não se trata de um fantasma)

Ombudsman
Quê?

Produtor de rádio pela manhã, editor de imagens à tarde, voz e violão à noite
Caraca, mano, cê não trepa, não?

Blogueiro
E isso dá dinheiro?

Fotógrafo
Já trabalhou na Playboy?

Repórter do Canal Rural
Eu acho que já ouvi falar desse canal. Passa na NET?

Qualquer função jornalística na Rede Globo
Então, meu filho tá se formando em jornalismo, não tem vaga lá pra ele? O menino é esforçado e é super fã do Bonner.


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