segunda-feira, 30 de maio de 2011

Enquete: qual o tipo mais chato de jornalista?


Jornalista chato é uma praga que dá em todas as redações. Tem o que adora dar palpite no texto alheio. Tem o que chega atrasado à coletiva e quer saber tudo o que já rolou, tem o que vive pedindo contato telefônico de entrevistados. E tantos outros. Mas qual tipo é o mais chato? Está no ar a nova enquete do blog.

Vá até a coluna à direita e participe. O quê? Não quer votar? Está sem tempo? Não tem saco para enquetes em blogs? Deixa de ser chato, pô! Não custa nada dar uma votadinha.

***

Ser jornalista e ter liberdade é, mais ou menos, como trabalhar numa segunda-feira e ficar todo empolgado. Coisas que não combinam. A pesquisa encerrada – Você se considera um jornalista livre? – teve a vitória da alternativa “Só um instante: preciso de autorização do meu chefe para responder esta enquete”, com 30% dos votos.

Em segundo lugar, com 23%, ficaram as opções “Não. Liberdade de imprensa é como disco voador; dizem que existe, mas eu nunca vi” e “Muito livre, principalmente agora que estou desempregado”.

sexta-feira, 27 de maio de 2011

Crônica sobre a ingenuidade do repórter


Tem quem fale que repórter ingênuo devia nascer morto.

Sexta-feira à noite, véspera de minha folga, e o editor vem cheio de graça. Ô, Duda, você tem alguma coisa programada pro fim de semana? Só os ingênuos dizem “não, não tenho”. Se não tem, invente! Diga qualquer coisa. Diga que está rolando um ciclo de filmes romenos mudos imperdível, que você vai pegar um bronze numa praia qualquer – logo você que odeia sol. E praia.

É comum também, após um passaralho, o patrão reunir os repórteres sobreviventes e avisar que, por ora, as vagas estão congeladas e que todos deverão se esforçar mais, trabalhar pelos colegas demitidos. Mas é só por um tempo! Depois as vagas serão descongeladas. Tem repórter que acredita. Descongelam porra nenhuma! Tenho vontade é de congelar o patrão no freezer lá de casa. Em partes. Cabeça, mãos, vísceras, tudo embalado a vácuo.

Tem repórter que enche a boca para dizer que trabalha na grande imprensa, que é independente, sem o rabicó preso. Quanta ingenuidade! Alguns acreditam ser insubstituíveis numa redação. Quando eu sair, essa merda afunda. Mas merda não afunda, seu bobinho! Virão outros, ganhando um salário ainda menor. E o barco seguirá seu rumo.

Ingenuidade não combina com o trabalho de repórter. Desconfie de tudo e de todos, dos Malufs e Sarneys, da tal gente de bem, dos projetos artísticos de ex-BBB, dos releases infestados de superlativos. Desconfie até do que se vê com os próprios olhos.

Repórter tem que ser como puta velha, sabida das coisas da vida.

quarta-feira, 25 de maio de 2011

Ciranda do Jornalista
(de A Grande Redação Mística)


Inspirada na Ciranda da Bailarina (Chico Buarque e Edu Lobo)

Procurando bem
Todo mundo tem descanso
Almoço feliz em família
Tem preguiça, folga, tem rede de balanço
Só o jornalista que não tem
Nem dia festivo
Domingo esportivo
Nem ócio criativo
Ele não tem.

Futucando bem
Todo mundo tem poupança
Ou um plano de previdência
Todo mundo tem um fundo de segurança
Só o jornalista que não tem
Nem grana escondida
Herança prometida
De tia suicida
Ele não tem.

Não livra ninguém
Todo mundo tem futuro
Riscos de menor gravidade
Tem salubridade
Emprego sem apuro
Só o jornalista que não tem
Medo de viver, gente
Medo de morrer, gente
Medo do inferno
Ele não tem.

Confessando bem
Todo mundo tem transado
Logo que o dia termina
Todo mundo tem atenção pro namorado
Só o jornalista que não tem
Fone desligado
Note desplugado
Sono relaxado
Ele não tem.

Os outros também
Podem ter a triste sina
Da mesmice ou trampo sem graça
Reparando bem, todo mundo tem rotina
Só o jornalista que não tem
Empreguinho chato
Dia bem pacato
Total anonimato
Quem não tem?

Procurando bem
Todo mundo tem...
Só o jornalista que não tem...

Procurando bem
Todo mundo tem...
Só o jornalista que não tem...


Leia também: Chico Buarque canta seus clássicos jornalísticos

Veja aqui a versão original, com Chico coçando o dedão do pé.

segunda-feira, 23 de maio de 2011

15 coisas simples e boas da vida (de jornalista)


Se você busca fama, dinheiro ou prêmios Esso, esqueça este post.

1. Tomar café e ler o jornal na padoca, num domingo de folga, sem se preocupar com nada.

2. Encontrar os amigos de copo sujo no fim de noite.

3. Aprender sobre nanotecnologia, rúgbi ou cartas de tarô.

4. Conhecer gente interessante, não em Zurique, mas no Capão Redondo.

5. Saber que sua crônica mexeu com uma simples dona de casa.

6. Saber que seu filho ainda tem orgulho do seu trabalho, apesar do padrasto desembargador.

7. Descobrir que seu Bruno, o motorista do jornal, sonha ter um sebo em Paris.

8. Contemplar a beleza (e a feiúra) da cidade durante uma pauta.

9. Rir da piada tosca do fotógrafo no longo plantão no hospital.

10. Comer esfiha do Habib´s no longo plantão no hospital.

11. Comer pizza mezzo mussarela mezzo calabresa no pescoção.

12. Receber um sorriso do assessor de imprensa que você ama.

13. Contar histórias lindamente banais que corriam o risco de jamais serem contadas.

14. Reler os primeiros bloquinhos de anotação de sua carreira ainda guardados na casa da mãe.

15. Acabar o café e o jornal na padoca e continuar o resto do domingo sem se preocupar com nada.

sexta-feira, 20 de maio de 2011

A luta continua


Três amigos, três estudantes de jornalismo, os líderes da chapa vencedora da eleição do diretório acadêmico.

João: A gente precisa ver essa parada de gestão revolucionária que prometeu pra galera. Logo vão cobrar. Ganhamos por causa da porra da revolução.

Paulo: É, as pessoas vão querer saber da revolução!

Diego: Mas que revolução a gente vai fazer mesmo?

João: Então, cara, é isso que a gente precisa pensar agora.

Paulo: Tem que ser algo que mude a vida dos estudantes!

(Silêncio)

Diego: Já sei, véio! Vamos lutar contra o abuso do valor das mensalidades!

João: Porra, Diego, tá louco? A gente estuda numa universidade pública. Esqueceu que você não tá mais num colégio de playboy?

Paulo: Que merda de revolucionário você é, hein?

Diego: Pô, galera, confundi. Foi mal.

(Silêncio)

Paulo: Se vocês quiserem, posso falar com um tio jornalista. O cara é velho, lutou contra a ditadura, apanhou, foi preso, essas paradas todas. Ele deve entender alguma coisa de revolução.

João: A gente tem que pensar no que os jovens de hoje querem.

Paulo: Mas os jovens de hoje querem alguma coisa?

João: Devem querer, sei lá.

Paulo: Diego, cê tá muito quieto, cara. Tá com medo de falar outra merda?

Diego: Véio, tô pensando numa revolução maneira!

João: Já sei! Vamos lutar por liberdade!

Paulo: Liberdade? Você não consegue nem se libertar dos seus pais! Disse que iria morar sozinho, fazer festa todo dia. Que moral você tem pra lutar por liberdade?

João: Porra, cara, é que eu ainda não tenho grana. Mas quando rolar um trampo, me liberto dos velhos.

(Silêncio)

Diego: Na boa, véio, essa parada de revolução é chata pra caralho! A gente precisa mesmo definir isso agora?

João: Agora, agora, não. Mas a gente não pode esquecer. Lembrem-se: somos futuros jornalistas. Se a gente não fizer as próximas revoluções, quem vai fazer?

Paulo: Verdade.

Diego: Tá certo.

(Silêncio)

Diego: Bom, já que não vai rolar revolução agora, que tal a gente jogar um playstation? Tô com o Pro Evolution Soccer 2011 aqui.

Paulo: Sério? Caraca! Champions League?

Diego: Champions League, véio. Liga a TV aí.

Paulo: Eu vou ser o Manchester!

João: Sou o Barcelona!

Diego: Tá maluco, João? Eu sou o Barça!

João: Mas nem fodendo. Eu sou o Barça!

quarta-feira, 18 de maio de 2011

Simpatias para jornalistas


Para o diploma voltar a valer:

Pegue o diploma que você tinha plastificado para usar como toalha em refeições rápidas. Junte a ele um baralho de truco virgem, um livro de Marshall McLuhan e pétalas de duas rosas amarelas. Guarde tudo em uma gaveta e feche com chave. Costure uma foto do doutor Gilmar Mendes na boca de um sapo e enterre o sapo no lixão mais nojento que conhecer. Se milhares de jornalistas fizerem a simpatia, há grande chance de a PEC do diploma ser votada no Senado.


Para fazer a puta matéria e ganhar um Prêmio Esso:

Está amarrado? Sua carreira não progride? Livre-se da preguiça que te impede de sair às ruas para fazer grandes reportagens. Em uma bacia, coloque três copos de água, pedaços limpos de papel do seu bloquinho de anotações e pétalas de quatro rosas brancas. Molhe uma toalha amarela na água e a passe por todo o corpo. O ritual de purificação liberta o repórter de energias negativas, como o Google e o ar-condicionado da redação.


Para filar um rango mais decente em coletivas:

Se você não suporta mais comer canapezinho ou filé ao molho madeira com arroz e batatas, prepare um carré de cordeiro com cuscuz marroquino, harmonize com um Bordeaux tinto e leve tudo a uma encruzilhada. Velas especiais dão um charme à oferenda. Infalível. Em poucos dias, vai chover boca-livre chique. E, para não pagar mico à mesa, faça um curso de etiqueta, mesmo porque ainda não inventaram simpatia com este objetivo.


Para casar com alguém de outra profissão:

É uma simpatia três em uma. Ao casar com um(a) não-jornalista, você também atrai mais dinheiro e um parceiro mais estável (emocionalmente, profissionalmente, sexualmente e outros advérbios de modo). Mas não se trata de uma simpatia fácil. Depende de muita reza, muita vela, muito mel e muito sacrifício para trocar os deliciosos bares de jornalista por baladas cheias de gente careta e com um papo chato do caralho.


Para arrumar um emprego:

Descole uma imagem pequena de Santo Antônio do Bom Emprego, aquela em que ele segura uma pastinha com seu portfólio de matérias publicadas. Coloque o santo de cabeça para baixo em um copo de água e retire a pastinha de suas mãos. Só livre o danado do afogamento e lhe devolva o portfólio quando conseguir o emprego. Se em uma semana você não for chamado nem para uma entrevista, esqueça simpatias e melhore sua rede de contatos.

segunda-feira, 16 de maio de 2011

Sete sintomas da pobreza de um jornalista


Um post para relembrar:

1. Ir a um encontro romântico, ostentando o jabá recebido dias antes numa coletiva para a imprensa. Tudo bem que o restaurante não é nenhum francês bacanérrimo, mas é muito decepcionante para uma mulher jantar com um homem – ela chegou até a imaginar que ele poderia ser o futuro pai de seus filhos – que veste uma camisa pólo azul-cafona com os dizeres “Tubos e Conexões Tigre”.

2. Embolsar o dinheiro do táxi e seguir para a pauta de ônibus. Lotado, claro. Além de poder chegar atrasado ao local da reportagem, o jornalista ficará com a roupa toda amassada e também poderá perder o gravador e o bloquinho de anotações no trajeto. Se o motorista do ônibus for daqueles que dão uma freada brusca antes de parar em cada ponto, há ainda o risco de uma gravidez indesejada.

3. Ir a uma coletiva de imprensa que não despertou o menor interesse do jornal apenas para filar o almoço. O jornalista finge que prestou atenção na entrevista, finge para o assessor de imprensa que vai dar um espaço legal para o assunto na edição do dia seguinte e devora o filé mignon ao molho madeira sem qualquer outro fingimento.

4. Pedir para o garçom do almoço acima preparar uma quentinha que o jornalista finge que vai levar ao motorista. É um dos sintomas mais tristes da pobreza. Na verdade, será o jantar do jornalista naquela mesma noite.

5. Participar de uma entrevista concorrida, cheia de empurra-empurra, com dois microfones e um gravador nas mãos. O repórter de rádio/TV/internet chega a lembrar um daqueles deuses hindus que têm um monte de braços. Faz malabarismos para conseguir captar o áudio. Se falhar, pode perder um de seus três empregos. Ah, ele tem também um quarto trabalho, um bico como assessor de imprensa na prefeitura.

6. Levar o filho, que mora com a ex-mulher, ao cinema para assistir ao filme “O Guerreiro Didi e a Ninja Lili”, com um par de ingressos que estava esquecido numa mesa da redação. Ao fim do filme, o filho, que já tem uns 15 anos, vai dizer ao pai: “Da próxima vez, a gente poderia ver X-Men ou, sei lá, pai, um filme em 3D?”.

7. Ficar do lado de fora de um evento chique, de artistas ou políticos, e tentar descolar comida e bebida com um segurança da casa. O grupo é liderado por um fotógrafo desinibido – aliás, fotógrafos são todos desinibidos –, que faz a negociação com o segurança. Quando enfim chegam os salgadinhos gelados e o prosecco sem gás, os jornalistas disputam os restos numa cena comovente e chocante, digna de ser registrada pelas lentes de Sebastião Salgado.

sexta-feira, 13 de maio de 2011

Crendices de jornalista


Muita gente acredita que ser jornalista já é uma puta falta de sorte. E, como a desgraça pode sempre ficar pior, tenha alguns cuidados, principalmente numa sexta-feira 13.

Você pode até quebrar um espelho, mas se quebrar o sigilo prometido a uma fonte, estará condenado a sete anos de desconfiança.

Ao entrar na sala de reunião de pauta, pise sempre com o pé direito. Caso contrário, ficará com as piores pautas, como cobrir buraco de rua ou a agenda política do Gilberto Kassab.

O número 13 traz mau agouro. Nunca aceite um frila com 13 fontes para entrevistar. Até porque vão te pagar por uma matéria de, no máximo, duas fontes. Se pagarem, é claro.

Quando o editor se dirigir à equipe de reportagem no fim do expediente com uma pauta de última hora, evite passar por baixo da mesa para se esconder. Isso dá mais azar do que passar por baixo de escada. O editor não é bobo. A pauta roubada, com certeza, será sua.

Numa coletiva, pular a vez do colega para fazer uma pergunta traz um infortúnio danado. Existe o risco de, na hora de ir embora, o jabá acabar bem no instante de você recebê-lo. E não adianta bater três vezes na madeira.

Nunca decida ser jornalista em noites de lua cheia. A lua enfeitiça. Você vai ficar aprisionado a uma profissão apaixonante e cruel para o resto da vida.

Cruzar com assessor de imprensa chato na redação é pior do que cruzar com gato preto na rua. Azar do cacete. O cara vai querer vender pra você uma pauta sem graça como se fosse “a matéria”.

quarta-feira, 11 de maio de 2011

Olha a enquete do blog de volta aí, gente


Depois de um longo e tenebroso inverno, as enquetes do blog estão de volta. E, ao contrário daquelas pesquisas de satisfação safadas que existem aos montes por aí, aqui sua opinião é muito importante. Quero dizer, acho que é, sei lá.

Na semana em que se comemora a libertação dos escravos, vamos falar sobre a liberdade de ser jornalista. Você se considera um jornalista livre? Questão complicada, não? Para responder, basta ir à coluna que fica à direita do blog. Conto com o seu voto.

segunda-feira, 9 de maio de 2011

Angústias de um assessor de imprensa


Será que o pessoal vem pra coletiva, inclusive os jornalistas mais importantes? Uns já confirmaram presença, mas isso não quer dizer muita coisa. Porra, São Pedro, tanto dia pra chover! Justo hoje? O trânsito já deve estar um caos. Morro de ódio quando só aparece jornalista esfomeado, que só vem por causa do brunch. Aliás, preciso checar se está tudo certo com a comida. Este fornecedor vive me dando dor de cabeça. E o rapaz do som que não chega pra arrumar o problema com o microfone? É sempre assim: o microfone nunca funciona e o rapaz do som só conserta o problema em cima da hora. Será que o cliente vai estar de bom humor hoje? Será que não vai me encher com aquele papo de só responder perguntas sobre o serviço que estamos lançando, que não quer falar sobre os problemas técnicos e de atendimento? Mas jornalista, explico a ele, quer saber de tudo, principalmente das coisas ruins. Mas o cliente não entende, acha que temos controle absoluto da situação. A chuva está aumentando. E o press kit que ficou uma bosta? Devia ter pensado em um presentinho melhor. Com certeza os jornalistas acham que vão ganhar um celular de última geração. Vão odiar receber mais um pen drive. Eu falei pro cliente liberar mais dinheiro pro jabá, mas ele também não entende isso, não entende que jornalista gosta de jabá bom e não de pen drive. E o rapaz do som? Já estou começando a ficar nervoso. E o cliente? Falei pra ele vir mais cedo pra gente repassar o Q&A. Depois, fala um monte de merda e a culpa é do assessor. Ah, a comida! Tomara que o croissant não esteja duro e sem recheio. Meu Deus, e este trovão? A cidade já deve estar alagada! Será que até o meu cliente está com o carro boiando? A coletiva vai ser um fracasso! Já estou até vendo a Sala Esmeralda com uns cinco ou seis jornalistas. Só os esfomeados.

sexta-feira, 6 de maio de 2011

Mãe de jornalista


Mãe de jornalista é mais preocupada do que todas as outras mães preocupadas do mundo. Meu filho, se for pro morro cobrir guerra entre polícia e traficante, não esquece de levar o colete à prova de balas, tá me ouvindo? Não quero filho meu pegando bala perdida por aí. Mamãe deixou o colete arrumadinho lá na sua cama.

Mãe de jornalista não tem noção da rotina do filho. Não, mãe, eu não tô na farra. Tô no pescoção, mãe. Isso, mãe, pescoção é trabalho. Pois é, mãe, jornalista trabalha até essa hora. Então, mãe, também não vai dar pra almoçar com a senhora no domingo. Vou estar de plantão. Por favor, mãe, não chora. Mãe?

Mãe de jornalista não entende o visual desleixado do filho. Há quantos anos você usa essa calça? E esse All Star todo sujo? A barba, meu filho, faz a barba! Parece um mendigo!

Mãe de jornalista adora comparar a filha jornalista com o filho médico. Você poderia muito bem ter feito como o seu irmão, o Pedro Paulo, e seguido a profissão do seu pai. Filha, aquele consultório o seu pai construiu pra deixar pra vocês dois! Ainda dá tempo de mudar, filha! Esquece essa coisa de lutar por um mundo melhor e faz como o Pedro Paulo.

Mãe de jornalista também tem orgulho da filha. Recorta tudo que é matéria publicada no jornal. Coleciona, mostra pra família, pras amigas invejosas. Ou fica sentadinha na frente da TV, joelhos colados, mãos sobre as coxas. Não perde um instante da entrevista da filha, com não sei quem, sobre sei lá o quê. Pela tela, faz cafuné na cabeça da moça. Os olhos num aguaceiro só.


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quarta-feira, 4 de maio de 2011

Censo jornalístico 2010


O que mudou na vida dos jornalistas na última década? O blog Desilusões perdidas divulga alguns resultados da pesquisa.

O poder de consumo do jornalista está cada vez menor. Em 2000, seu salário mensal demorava 20 dias para acabar. Em 2010, 14 dias. A expectativa é que, em 2050, o salário do jornalista dure apenas 2 horas e 37 minutos.

Nos últimos 10 anos, a migração de jornalistas com carteira assinada para o sistema PJ só não foi maior do que a migração de jornalistas com carteira assinada para o olho da rua.

A imprensa está ainda mais vaidosa. O ego dos jornalistas teve expansão de 30% nos últimos 10 anos. Um dado interessante é que, pela primeira vez, os repórteres de TV perderam a liderança do ranking do estrelismo para os jornalistas blogueiros.

O contato dos jornalistas com a sacanagem começa cada vez mais precocemente. 74% de repórteres com menos de 20 anos confessaram que fazem três ou mais matérias num único dia, mantendo relação com diferentes fontes.

Os jornalistas estão trabalhando mais. Na última década, 25.000 homens tiveram o diagnóstico de ricardite crônica ou mal de Euclides da Cunha, doença que afeta jornalistas que viajam muito, fazem plantões ou pescoções até a alta madrugada.

Repórteres de celebridades e de esportes lideram a lista dos jornalistas que mais publicam informações falsas. A criação do Twitter teve contribuição significativa para o aumento de 170% das barrigas jornalísticas no período.

Os fotógrafos estão mais caretas. 27% admitiram que trocaram os bares sem frescura pelos restaurantes japoneses com rodízio de sushi e sashimi. 22% trocaram o cigarrinho de maconha pelo sachê industrializado de chá verde com limão.

74% dos jornalistas saem da faculdade e vão direto para as assessorias, sem nunca pisar numa redação. São os mesmos 74% que ligam para vender release na hora do fechamento.

Com o fim da obrigatoriedade do diploma, o Brasil fechou 2010 com a marca de 150 milhões de jornalistas.

segunda-feira, 2 de maio de 2011

Mantras para jornalistas


Para ajudar o jornalista a enfrentar as durezas da profissão e evocar energias positivas, o blog traz uma lista de mantras (já traduzidos para o Português). É essencial se desconectar do mundo e repetir o mantra mentalmente por seis vezes.

Quando o jornalista descobre que o dissídio do ano será de apenas 2,16%:
Eu não preciso de muito dinheiro para ser feliz.

Quando o jornalista toma um furo da concorrência:
Eu não sou um merda.

Quando o jornalista está desempregado:
Tenho todo o tempo para viver a vida em sua plenitude.

Quando insistem em vender uma pauta nada a ver:
Eu sou muito paciente com assessores de imprensa.

Quando o jornalista vai à editora receber a grana do frila:
Eles vão me pagar hoje sem falta.

Quando o jornalista passa um lindo domingo de plantão:
Como eu adoro trabalhar em dias de sol.

Quando o editor avisa que a matéria caiu para entrar um anúncio de última hora:
O trabalho, mesmo o inútil, nos eleva espiritualmente.

Quando o jornalista se forma na faculdade:
Ter um emprego não é tudo na vida.