quarta-feira, 30 de novembro de 2011

Rápidas lições para fingir ser um jornalista intelectual e descolado


Atenção à primeira dica: jornalistas intelectuais e descolados não vêem TV, ok? Mídia alienante não pega bem. Confessar que você adora o quadro “Minha patroa é um avião”, da Luciana Gimenez, então, pega mal ao cubo. Abra exceção apenas para os telejornais, da CNN ou BBC, afinal você precisa estar bem-informado. Como a proposta destas rápidas lições não é ser um intelectual, apenas fingir ser, você pode destacar também que assiste sempre ao Manhattan Connection. Como viver sem aquelas dicas cool de Nova York?

Quando o assunto é leitura, diga que seus cadernos preferidos do jornal são os de Cultura e Internacional. Decore o nome e a situação política de alguns países da África que ninguém conhece. Critique, sempre que possível, o caderno de Esportes, aquela coisa menor que não agrega nada à sua intelectualidade. Compre revistas cults com nomes esquisitos e ande com elas debaixo do braço. Nem precisa ler. Enaltecer os clássicos russos da literatura e falar mal do Paulo Coelho (mesmo sem nunca tê-lo lido) também é de bom-tom.

Na segunda-feira, elogie um filme iraniano ou um documentário brazuca que você fingirá ter visto no fim de semana, mesmo sabendo que eles são muito chatos. O mesmo serve para espetáculos de dança. Música? Pesquise na web uma banda indie do momento. Da Islândia. Na mesa do bar, discorra sobre o novo álbum, “o mais emblemático e visceral” de todos os dois já lançados, e, claro, fale do cenário musical islandês atual. Se alguém mencionar um tal Luan Santana, franza as sobrancelhas e pergunte “quem é Juan Santana?”.

Viagens internacionais também dão um toque descolado ao jornalista. Mas, por favor, nada de postar no Facebook fotos suas em parques de diversão de Orlando, ok? Londres, que já foi o sonho de consumo de jornalistas pseudo-intelectuais, anda meio caída e cheia daquele povo ilegal dos Brics. Esqueça. Que tal montar um álbum com suas viagens para Berlim ou Copenhague? Antes, claro, pesquise na internet onde fica Copenhague. Como você nunca visitou estas cidades, faça uma montagem. Photoshop existe pra quê? E não se esqueça de postar nas fotos comentários como “gente, Berlim é tudo”, de preferência em alemão.

Ufa, muita informação? Bom, agora que você aprendeu algumas lições de como fingir ser um jornalista bacana, que tal relaxar? Se não tiver ninguém por perto para você ter que se exibir, fique à vontade para ler o caderno de Esportes ou o horóscopo do dia. E uma última coisa: hoje tem Luan Santana na Luciana Gimenez, hein? Imperdível!



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segunda-feira, 28 de novembro de 2011

Toca Raul (versão para jornalistas)


Repórter ambulante (versão de Metamorfose ambulante)

Prefiro ser
Esse repórter ambulante
Eu prefiro ter
Uma rotina emocionante.

Do que ter aquela velha pauta chata
Apurada via Google
Do que ter aquela velha pauta chata
Apurada via Google.


Publiquei há 10 minutos atrás*
(versão de Eu nasci há 10 mil anos atrás)
*com erro de português e tudo mais

Publiquei há 10 minutos atrás (publiquei há 10 minutos)
E não tem outro site no mundo que vai me furar mais.

Publiquei há 10 minutos atrás (publiquei há 10 minutos)
E não tem outro site no mundo que vai me furar mais.

Ouvi primeiro o fato ser anunciado
Corri pro note e escrevi bem-apressado
E quando o resto da imprensa descobriu, eu já tinha publicado
Já, sim.

Publiquei há 10 minutos atrás (publiquei há 10 minutos)
E não tem outro site no mundo que vai me furar mais.


Meio duro (versão de Óculos escuros)

Quem não tem emprego anda sempre meio duro
Quem não pega frila toma grana e paga juro
Quem não tem amigo tá na Catho e em apuro.


Medo da chuva (versão de Medo da chuva)

Não perdi o meu medo
O meu medo, o meu medo da chuva
Pois a chuva voltando
Pra Sampa faz tudo alagar.

Aprendi que a pauta, a pauta
A pauta maldita
É a velha matéria de enchente
Pra gente apurar.


Herói eu não serei (versão de Cowboy fora da lei)

Mamãe, não vou fazer Direito
Para as leis não tenho jeito
Será que o papai vai me matar?
Eu sonho trampar em jornais
Salvar o mundo eu sou capaz
Não quero no cabelo gel passar.

Fui muito besta de tirar onda de herói
Ser jornalista como dói
Papai, exagerei
O Super-homem só existe no gibi
Mas nesta vida vou seguir
E contar histórias pra vocês.


Reportagem Criativa (versão de Sociedade Alternativa)

Viva! Viva!
Viva a Reportagem Criativa!

Viva! Viva!
Viva a Reportagem Criativa!


Liberte-se (versão de Aluga-se)

A solução para ser livre
Eu vou dar
Vamo acabar
Com essa pressão mercantil
O meu jornal
Agora eu vou fundar
Patrão que vá pra puta que o pariu.

Ninguém manda mais em nada
Ninguém manda mais em nada
É tudo free
Tá na hora
Eu já sofri
Mas tô fora
Rabo preso eu vou soltar
Já cansei de me alugar.


Microempresa (versão de Maluco beleza)

Enquanto você
Se esforça pra ser
Um jornalista anormal
Com emprego formal.

Eu do meu lado
Aprendendo a ser frila
PJ total
Só na nota fiscal.

Compro a nota
Todo fim do mês
Mas agora é
A minha vez...

De criar-ar-ar
Criar com certeza
Uma microempresa
Eu vou criar-ar-ar
Criar com certeza
Uma microempresa.


Jornalista (versão de Gita)

Às vezes você se pergunta
Por que ainda está do meu lado
Não dou dinheiro, nem fama
E sempre te deixo estressado.

Você vive em mim toda hora
Nem no feriado me deixa
Reclama de mim pra caraca
Mas hoje eu vou lhe mostrar.

Eu sou o Jornalismo
Eu sou o seu respirar
Eu sou as coisas da vida
Eu sou a história a contar.

Eu sou o aluguel atrasado
Mas sou sua vocação
Eu sou os seus olhos pro mundo
Eu sou...! Eu fui...! Eu vou!


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sexta-feira, 25 de novembro de 2011

Artistas globais em defesa dos jornalistas (versão do Movimento Gota D’água)


Juliana Paes: Você já ouviu falar que jornalista é chato?

Marcos Palmeira: Você já visitou sites de fofoca?

Elizângela: Você sabe o que quer dizer invasão de privacidade?

Isis Valverde: Paparazzi? Já ouviu falar?

Nathália Dill: Eu tenho culpa de ser famosa?

Maitê Proença: Eu tenho culpa de ser famosa?

Bruno Mazzeo: Mas eu tenho culpa de ser famoso?

Juliana Paes: Bom, eu divulgo release, nota oficial de gravidez, marco coletiva de imprensa...

Carol Castro: Eu ainda tenho que me preocupar com esse povo mala quando tô num restaurante no Leblon?

Marcos Palmeira: Olha, se não tiver imprensa no mundo, não vai ter jornalista. Se não tiver jornalista, a gente vai falar mal de quem com os amigos? Como eu vou fazer?

Cissa Guimarães: Deus me livre ficar sem jornalista pra falar mal!

Luana Piovani: Quem eu vou xingar no Twitter, gente?

Caio Castro: Jornalista sempre distorce o que a gente fala! Imprensa marrom.

Sérgio Marone: Mas do que adianta a gente ficar aqui detonando jornalista se vira-e-mexe a gente precisa desses caras?

Eriberto Leão: Peraí, como assim? A gente precisa de jornalista?

Elizângela: Claro, eles divulgam nossos projetos artísticos quando nos interessa.

Isis Valverde: Eu não tô entendendo, gente. Eu vou ter que pesquisar.

Maitê Proença: Eu pesquisei, vai olhar.

Elizângela: Pesquisei. E sabe o que eu descobri? Tem jornalista que ganha 500 Reais por mês.

Ingrid Guimarães: Quanto?

Guilhermina Guinle: 500 Reais.

Ingrid Guimarães: 500 Reais?

Bruno Mazzeo: 500.

Juliana Paes: Reais?

Cissa Guimarães: Faz as contas, realiza. Como alguém com faculdade sobrevive com 500 reais?

Maitê Proença: Esse povo, coitado, ganha uma miséria mesmo.

Cissa Guimarães: E ninguém vai discutir o assunto?

Ingrid Guimarães: Agora eu tô entendendo por que jornalista come pra caramba em evento.

Eriberto Leão: Nas festas fechadas, eles ficam pedindo prosecco pro segurança. Pode isso?

Maitê Proença: Eles precisam de ajuda! De onde tiraram essa idéia de que jornalista é o todo-poderoso?

Bruno Mazzeo: Peraí, peraí. Esses caras têm o poder de me encher o saco. Falam das minhas ex-namoradas, falam mal do meu filme.

Ingrid Guimarães: Uma pergunta.

Marcos Palmeira: Como se resolve a questão do perrengue dos jornalistas?

Eriberto Leão: É possível criar alternativas para o jornalista gerar renda: três empregos, frilas, vender Avon na redação, rifa, vender o corpinho.

Dira Paes: Mas com tanto bico assim, como fica a situação dos jornalistas investigativos, os que denunciam falcatruas, que defendem a verdade?

Cláudia Ohana: Mas quem se importa com os jornalistas investigativos?

Bruno Mazzeo: Ó, a gente dá uma internet rápida pra eles e eles investigam tudo pelo Google.

Murilo Benício: Pra mim, jornalista investigativo hoje só quer moleza.

Ary Fontoura: Tomar café na redação o dia inteiro.

Murilo Benício: Dossiê pronto, conforto.

Cissa Guimarães: Jornalista investigativo? Ainda tem jornalista investigativo?

Dira Paes: Será que os jornalistas são ouvidos?

Maitê Proença: É muita pergunta sem resposta.

Carol Castro: Precisamos ficar atentos aos jornalistas.

Cláudia Ohana: Eles precisam de apoio!

Luana Piovani: Pensando melhor, eu adoro os jornalistas!

Carolina Dieckmann: Eu amo jornalista. Fiz até o papel de uma há pouco tempo.

Caio Castro: Eu quero deixar claro que não tenho preconceito algum contra jornalistas. Tenho, inclusive, vários amigos jornalistas!

Sérgio Marone: Neste momento, em todo o Brasil, milhares de pessoas estão indo pra internet lutar em defesa dos jornalistas.

Eriberto Leão: Entre nessa corrente! Tem um blog de um cara que mostra a realidade dos jornalistas. E com bom humor.

Sérgio Marone: Entra lá. O endereço do blog é http://desilusoesperdidas.blogspot.com/.

Ingrid Guimarães: Vocês entendem que, se este blog conseguir uma enorme quantidade de leitores, a gente pode entender melhor a vida desse povo e ajudá-lo?

Marcos Palmeira: Leia os posts e comente com os amigos.

Juliana Paes: Tá, peraí, se você tá lendo este texto, já conhece o blog. Então, vai lá, tem outros posts bem legais. Quero dizer, acho que tem.

Sérgio Marone: É apenas entrar naquele endereço.

Juliana Paes: Tá sem pauta? Aproveita, entra!

Maitê Proença: Ai, falar de jornalista me deu um calor! Lembrei do meu ex, o Rodrigo. Vou tirar o sutiã pra ficar mais à vontade.

Juliana Paes: E aí? Tô esperando você entrar no blog.

Maitê Proença: (gemidos pensando no Rodrigo)

Sérgio Marone: Eu não sou o Duda Rangel, o autor do blog, mas... entra lá.

Isis Valverde: Se você, assim como eu, já entrou no blog, é só passar este link para mais uns 10 jornalistas.

Malvino Salvador: Você enche o saco deles.

Maitê Proença: Não conhece 10 jornalistas?

Nathália Dill: Ah, você deve conhecer 10 jornalistas. Hoje em dia, com tanta faculdade por aí, todo mundo conhece, sei lá, um milhão de jornalistas. Fora os que não têm diploma.

Bruno Mazzeo: Ah, o Duda também tá no Twitter. É @duda_rangel, que tal?

Juliana Paes: Assim criamos uma onda.

Letícia Sabatella: Uma onda de divulgação.

Marcos Palmeira: Ainda há tempo.

Sérgio Marone: Passe esse blog adiante.

quarta-feira, 23 de novembro de 2011

Jornalismo, vide bula


Composição:
Cada comprimido de Jornalismo 500 é composto de 350 mg de cloridrato de paixão, 130 mg de ralaçãomicina e 20 mg de reconhecimentol.

Indicações:
Indicado no tratamento de pessoas que sonham construir um mundo livre e democrático. Também recomendado para casos de paixonite crônica pela escrita e por contar histórias.

Contra-indicações:
Não é aconselhável o uso em pacientes com hipersensibilidade a críticas e perrengues. Deve ser administrado com cautela em pessoas com preguicismo agudo, disfunção do senso de realidade ou estrelíase (alto índice de vaidade no sangue).

Reações adversas:
Gastrite nervosa, envelhecimento precoce, fadiga, problemas de fígado, depressão, euforia, mais depressão, mais euforia, cornitude e ressecamento da conta bancária.

Posologia:
Os comprimidos de Jornalismo devem ser ingeridos por completo. Várias vezes ao dia.

Superdosagem:
Em caso de um tratamento ininterrupto de dois meses, sem folgas, é indicada a sua suspensão para um período de descanso, mesmo que numa terça-feira sem graça.

Advertências:

Este medicamento é contra-indicado em casos de suspeita de rabopresismo.

Este medicamento não deve ser armazenado em redações frescas, com ar-condicionado. Conservá-lo preferencialmente nas ruas, em ambientes nada protegidos.

Este medicamento deve ser mantido fora do alcance de quem lê embalagens de Toddynho.


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segunda-feira, 21 de novembro de 2011

Documento secreto: como irritar um jornalista


Com a Lei de Acesso à Informação, textos sigilosos começam a vir à tona. O blog Desilusões perdidas obteve, com exclusividade, documento que ensina um entrevistado a provocar o repórter, só para deixá-lo desestabilizado (ainda mais do que ele já é) emocionalmente. Confira as orientações:

Dê um chá de cadeira de horas nele.

Convide-o para almoçar num restaurante caro, mas não pague a conta sozinho.

Peça para ler as perguntas antes da entrevista para verificar se estão bem-elaboradas.

Opte por monossílabos quando ele quiser respostas aprofundadas.

Fuja malufamente das polêmicas.

Responda uma pergunta com outra pergunta.

Elogie o doutor Gilmar Mendes, mesmo fora do contexto.

Diga que tem uma informação ótima e exclusiva e, logo depois, lembre que não está autorizado a contar.

Se ele estiver com pressa, fale com a rapidez de um Suplicy.

Dê menos atenção se ele não trabalhar na “grande imprensa”.

Quando estiverem conversando, enalteça o furo do principal concorrente dele.

Chame o jornal em que ele trabalha de jornalzinho.

Lembre que ele deve ser generoso na produção do texto, afinal você é um influente anunciante.

Pergunte quando vai sair a entrevista e se sua foto terá destaque.

Elogie mais uma vez o doutor Gilmar Mendes.

Peça para aprovar a matéria antes da publicação.

sexta-feira, 18 de novembro de 2011

A hora do fechamento


Quinze minutos, gente, quinze minutos.

Hein? Querida, não tô precisando de torpedo ilimitado. (tu-tu-tu)

Cadê a foto da 3?

Ó o calhau!

Não esquece o nome da gorda da foto-legenda da 4.

Meu Deus, por que não salvei esta merda?

Depois a gente corrige na segunda edição.

Dez minutos, gente, dez minutos.

Vem cá, o que você quis dizer com esta frase?

Pede pro Jurandir fritar a calabresa. Já tô descendo.

O título do abre da 2 tá estourando. Vê lá!

Vinte linhas são vinte linhas, não quarenta. Ainda não aprendeu?

Cacete, e esse correspondente que não manda a matéria?

Cinco minutos, gente, cinco minutos.

Já era. Corta pelo pé mesmo. O tempo já está esgot

Release? Ah, não! Liga mais tarde. Por favor. (tu-tu-tu)

Solta este texto, porra!

quarta-feira, 16 de novembro de 2011

Repentistas: o dia em que o jornalista de redação desafiou o assessor e vice-versa


Quero só que tu me diga
Com clareza, por favor
Qual a diferença entre
O jornalista e o assessor.


Quero só que tu me diga
Com clareza, por favor
Qual a diferença entre
O jornalista e o assessor.

(Jornalista de redação)
Meu amigo assessor
Preste muita atenção
Você trai toda verdade
Doutro lado do balcão
Porta-voz de empresário
Jornalista não é, não.

(Assessor de imprensa)
Preste atenção você
Que se julga sempre o rei
O jornal que te emprega
E onde um dia eu trabalhei
Faz conchavo e tem muito
Rabo preso que eu sei.

(Jornalista de redação)
Lave a boca, assesssor
Pra falar do meu jornal
Rabo preso ou rabo solto
Nunca foi o principal
O interesse que domina
É a justiça social.

(Assessor de imprensa)
A justiça social
O Boitatá e o Pererê
São folclore, são histórias
Que contaram pra você
Teu jornal é um negócio
Faz de tudo pra vender.

Quero só que tu me diga
Com clareza, por favor
Qual a diferença entre
O jornalista e o assessor.


Quero só que tu me diga
Com clareza, por favor
Qual a diferença entre
O jornalista e o assessor.


(Jornalista de redação)
Minha vida em redação
É pauleira, é corrida
Tem plantão, tem pescoção
Tem pauta bem encardida
Já tu é um bicho bundão
Que fugiu pra boa vida.

(Assessor de imprensa)
Boa vida eu não tenho
Também tenho que ralar
Só recebo mais dinheiro
O aluguel posso pagar
Tua merda de salário
Não queria mais ganhar.

(Jornalista de redação)
Meu salário é uma merda
Tu falou uma verdade
Bebo Kaiser no boteco
Mas tenho dignidade
Não vivo só por dinheiro
Quero ter felicidade.

(Assessor de imprensa)
Desapego ao dinheiro
Não consigo acreditar
Tu vive em coletiva
Só de olho no jabá
Come e bebe pra caralho
Até o evento terminar.

Quero só que tu me diga
Com clareza, por favor
Qual a diferença entre
O jornalista e o assessor.


Quero só que tu me diga
Com clareza, por favor
Qual a diferença entre

O jornalista e o assessor.

(Jornalista de redação)
Assessor é um cabra chato
Cheio de atrevimento
Liga sempre em hora errada
Na hora do fechamento
Insiste no follow-up
Coisa mais sem cabimento.

(Assessor de imprensa)
Vem falar em atrevimento
Tu é um baita de um folgado
Manda e-mail com pergunta
Quer retorno apressado
Dá piti se não envio
Tudinho bem mastigado.

(Jornalista de redação)
Assessor é um sem-noção
Agora vou lhe dizer
Release bem do safado
Tô cheio de receber
Jogo tudo na lixeira
Claro que nunca vou ler.

(Assessor de imprensa)
Falar mal do meu release
É muita ingratidão
Jornalista hoje em dia
Não apura informação
Reproduz tudo que escrevo
Sem prestar nem atenção.

Quero só que tu me diga
Com clareza, por favor
Qual a diferença entre
O jornalista e o assessor.

Quero só que tu me diga
Com clareza, por favor
Qual a diferença entre
O jornalista e o assessor.

sexta-feira, 11 de novembro de 2011

50 coisas que (quase) todo jornalista já viveu


Qual o jornalista que nunca perdeu um puta tempo procurando um telefone num bloquinho velho de anotações? Que nunca esqueceu o nome de um entrevistado? Trocou o nome de um entrevistado? Nunca prometeu largar o jornalismo por um emprego decente? Acabou a noite num bar para comemorar... para comemorar mesmo o quê? Teve um branco em frente à tela do computador? Perdeu um texto inteiro que tinha esquecido de salvar? Passou a madrugada escrevendo um frila para entregar no dia seguinte bem cedinho? Qual jornalista nunca disse “mês, faz isso comigo, não, acaba logo, vai, por favor”? Ficou todo babão com uma matéria publicada? Fez uma merda enorme e passou o resto do dia se sentindo mal? Ganhou um elogio e passou o resto do dia se sentindo bem? Pensou em ganhar dinheiro escrevendo um blog? Fez um belo nariz de cera? Achou que sabia mais do que realmente sabia? Tomou chá de cadeira de entrevistado? Precisou explicar para um tio que, embora seja jornalista, não trabalha na Globo? Ficou com preguiça de ouvir a gravação de uma entrevista? Saiu frustrado de uma coletiva por não ter tido tempo ou coragem de fazer uma pergunta? Teve dúvida sobre como escrever “exceção”? Cochilou numa aula de Teoria da Comunicação na faculdade? Se arrependeu de aceitar um frila trabalhoso por uma merreca de grana? Caiu de pára-quedas numa pauta? Teve uma pauta que caiu na última hora? Sentiu medo de não conseguir terminar um texto até o deadline? Chegou atrasado a uma pauta? Qual o jornalista que nunca foi chamado de jornaleiro na família? Almoçou porcaria na padoca? Deixou de almoçar? Folgou numa terça ou quarta-feira? Contou uma piadinha num velório de famoso? Amou/odiou um entrevistado? Teve sensação de poder com uma credencial no pescoço? Ganhou jabá bem chinfrim? Trabalhou até em sonho? Se imaginou escrevendo “a matéria”, daquelas de mudar os rumos do país? Recorreu ao “até o fechamento desta edição fulano de tal não foi encontrado”? Passou um carnaval ou um ano-novo de plantão? Pensou em trocar de editoria? Qual jornalista nunca se iludiu? Nunca se desiludiu? Se desiludiu um pouquinho mais? Reclamou do salário? Falou mal de outro jornalista? Comprou rifa com nome de mulher para ajudar algum motorista? Pensou em ganhar um prêmio? Uma menção honrosa? Foi a uma pauta só para paquerar um(a) repórter de outro jornal? Desistiu de trocar o jornalismo por um emprego decente? Qual jornalista nunca se sentiu um pouco bipolar?



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quarta-feira, 9 de novembro de 2011

Imprensa sedentária


Jornalista preguiçoso não vai pra rua... cansa demais... aquela coisa... tem que andar... tem que investigar... e tá muito quente... prefere a redação... fica lá... assim... largadão... cafezinho... ar-condicionado... tá meio sem pique... sei lá... deve ser estresse...

Jornalista preguiçoso não tem saco pra apurar matéria... checar informação... troço chato... demora muito... fica naquela... a fonte nunca dá retorno mesmo... o espaço é pequeno mesmo... e vai lá no Google... ou espera tudo mastigado do assessor... as respostas prontinhas por e-mail... tá bom demais...

Jornalista preguiçoso não se prepara pras entrevistas... é meio assim... na hora a gente vê o que faz... aperta o REC do gravador... nem presta atenção na fala do entrevistado... tá sempre atrasado... esquece a caneta... faz uma perguntinha de bosta... não questiona mais nada... engole tudo... assim... numa boa...

Jornalista preguiçoso adora um clichê... aquele lance... pensar dá muito trabalho... não ganha pra isso... chupa o texto do outro... é mais fácil... não tá inspirado hoje... não dá pra ser criativo todo dia... o texto sai bem meia-boca... e foda-se...

Jornalista preguiçoso é como este texto... cheio de reticências...


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segunda-feira, 7 de novembro de 2011

Por que jornalistas namoram jornalistas?


Porque eles frequentam sempre as mesmas redações, os mesmos bares de jornalista, festas de jornalista, eventos para jornalista.

Porque jornalista adora apresentar um amigo jornalista encalhado para uma amiga jornalista encalhada.

Porque pobreza atrai pobreza.

Porque só um jornalista entende as neuras do outro.

Porque só um jornalista suporta o papo de jornalista do outro.

Porque é doce a ilusão de, um dia, se tornar o novo casal 20 do Jornal Nacional.

Porque um não pode rir da desgraça do outro.

Porque o namorado(a) anterior era publicitário(a) e descobriu-se, assim, que tem coisa pior que jornalista neste mundo.

Porque jornalistas são metidos mesmo e querem cruzar apenas entre si para perpetuar a pureza da espécie.

Porque o amor é cego e surdo e estúpido, nunca ouviu isso, não?

Porque é preciso ter alguém para ler os seus textos antes de mandar os frilas para a editora.

Porque, como os dois ralam pra cacete e vivem fazendo plantão, o risco de um cornear o outro é bem menor.

Porque, como os dois ralam pra cacete e vivem fazendo plantão, o risco de um ter que conviver com a família do outro é bem menor.

Porque algum(a) ex de outra profissão deve ter jogado uma praga daquelas bem fortes, do tipo vocês jornalistas se merecem, manja?

Porque essa coisa de ser meio anti-herói e esquisito tem um charme que só outro jornalista é capaz de perceber e deixar-se seduzir.

Porque só jornalistas conseguem envelhecer ao lado de jornalistas.

Porque jornalista é um bicho burro mesmo. Com tanto engenheiro rico e empresária bem-sucedida por aí, vai escolher logo outro jornalista? Faça-me o favor.


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quinta-feira, 3 de novembro de 2011

Teste vocacional


Você tem aptidões para o jornalismo? Se ainda não entrou na faculdade, é hora de descobrir. Se já se formou, saiba se fez a escolha correta. Ou uma grande cagada.

No teste, são apresentados 20 pares de atividades, com as letras “A” e “B”. Anote uma das opções. No final, confira o resultado.

Você prefere...

A) Banco Imobiliário.
B) Detetive.

A) Pagar uma grana alta por um show.
B) Entrar de graça em eventos culturais.

A) Ter que se arrumar todinho para trabalhar.
B) Poder ir desleixado ao trabalho na maioria das vezes.

A) Ir a um churrasco num domingão de sol.
B) Trabalhar num domingão de sol.

A) Degustar um elegante Romanée-Conti.
B) Não se importar em tomar uma Kaiser.

A) Viver trancado num escritório.
B) Bater perna na rua.

A) Pedir sempre o número 1 no McDonald´s.
B) Ir a uma boate gay mesmo sendo hétero.

A) Não ter que pedir uma carona, por vergonha.
B) Tomar banho nu no lago do vizinho.

A) Lidar com planilhas, gráficos, metas.
B) Lidar com gente.

A) Fazer refeições equilibradas a cada três horas.
B) Almoçar coxinha na padaria (quando der).

A) Ver o crescimento dos filhos.
B) Viver as relações familiares remotamente.

A) Viajar todas as férias para a Europa.
B) Viajar para a colônia de férias do sindicato (se tiver férias).

A) Aceitar a vida passivamente.
B) Ser um eterno descontente.

A) Ter medo da morte.
B) Negociar com a morte.

A) Viver com o fone do iPod no ouvido.
B) Escutar a briga entre seus vizinhos com o copo na parede.

A) Andar de carrossel no parque de diversões.
B) Andar de montanha-russa.

A) Contar o dinheiro ganho na Bolsa de Valores.
B) Contar histórias.

A) Planejar o futuro.
B) Viver intensamente o presente.

A) Ser interessante.
B) Ser interessado.

A) Acreditar em ETs, duendes e testes vocacionais.
B) Desconfiar do mundo.

Resultados:

Se a maior parte de suas respostas foi a letra “A”, você não tem a mínima aptidão para ser jornalista. Vai desistir no primeiro plantão.

Se a maior parte de suas respostas foi a letra “B”, seja bem-vindo ao insano mundo do jornalismo. Mas, ó, a vida é dura. Depois não vá reclamar do teste vocacional, hein?