segunda-feira, 5 de setembro de 2011

Sem vergonha


Repórter não pode ter vergonha de fuçar no dicionário quando tem dúvida. De admitir que é leigo num monte de assunto. De confessar ao entrevistado que não entendeu a resposta. De não ser um intelectual.

Não pode ter vergonha de ter medo. De errar. De pedir desculpas. De tomar furo.

Repórter não pode ter vergonha de fazer pergunta em coletiva. De soltar a voz na rádio. De meter as caras na TV. De entrar onde não foi chamado. De ligar 10 vezes pra fonte que não dá retorno.

Não pode ter vergonha de cobrir buraco na rua. De fazer notinha de rodapé.

Repórter não pode ter vergonha de chorar aumento de salário pro chefe. De implorar frilas pros amigos. De revelar pra namorada o saldo de sua conta bancária. De matar a fome na boca-livre.

Repórter não pode ter vergonha de se emocionar na cobertura de uma tragédia. De dizer pra que time torce. De soltar um “puta que pariu” no meio da redação se estiver estressado. De carregar bloquinho e caneta até quando sai com os amigos.

Repórter não pode ter vergonha de ser repórter.


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23 comentários:

Vivian Sipriano disse...

Só não solto palavrão. O resto eu faço tudo, e sem vergonha mesmo. rs

Liziane Berrocal disse...

Eu sou repórter, daquelas beeeeeeeem sem vergonha!!!! hehehehe

Lidiani Lehnen disse...

Trabalho numa redação onde só tem homens, a primeira fez que soltei um palavrão num dia estressante todos olharammuito admirados e disseram que podiam continuar agindo como sempre agiram...

Se tiver vergonha dessas coisas, terá vergonha de ser reporter... Escolheu isso, não é? Se tem vergonha, muda de profissão.

Casal Gi e Nico disse...

esse vale pra qualquer profissão, reporter ou não. "Gente" tem que ser sem vergonha, a vida fica sempre muito mais fácil ;)

Ariadne Bognar disse...

Esses são uns dos prazeres da profissão. Essa adrenalina é apaixonante. Sou jornalista em formação e apaixonada pela profissão. Repórter e monitora do Programa @LerparaCrescer/Folha da Região. Gosto de MPB e dias de silêncio.

Carine Rocha disse...

Eu, como estudante de Jornalismo, acrescento que repórter não pode ter vergonha de ser foca.

João Damasio disse...

Jornalista não pode ter vergonha de nada que passa vergonha, pô! Ta certo, seu Duda!

Cinthia Quadrado disse...

"Não pode ter vergonha de um dia ainda ser assessor de imprensa."

Muito bom mesmo.

Duda Rangel disse...

Um viva aos jornalistas sem vergonha. Abraços.

Renan Martins disse...

Bom texto! Só um adendo: Repórter não pode ter vergonha por não ser intelectual, mas deve ter vergonha se for ignorante.

Francela Pinheiro disse...

Adoreeeei!Aliás adoro esses post!Sou estudante de jornalismo e acho justo um repórter não ter vergonha de que não sabe tudo!Já que a maioria acha os sabichõesss!!

Duda Rangel disse...

Sem dúvida, Renan, ser ignorante é vergonhoso. Agora, o jornalista não precisa ser um intelectual para ser um bom jornalista. Aliás, o que mais tem por aí são os pseudo-intelectuais, os sabichões, como bem escreveu a Francela.
Abraços.

Sabrina disse...

Ah, Duda. ser assessor de imprensa não é tão ruim. Eu sou assessora e isso não é vergonha... e pra ser assessor é preciso ter muitos dos itens que vc citou. ;)

Duda Rangel disse...

Oi, Sabrina, concordo com você. Ser assessor de imprensa não é nenhuma vergonha. Infelizmente, ainda existem muitos jornalistas que têm preconceito contra quem deixa a redação para atuar do outro lado do balcão. O post defende os assessores. Não há mal nenhum para o jornalista se, um dia, se tornar um assessor. Beijos.

Montezuma disse...

Repórter aprende a cada dia, até no fim dos seus dias (de repórter!). Penso que seja assim. Sou um aprendiz, 40 anos depois das primeiras maltraçadas. Rs rs

tom paixão disse...

que delícia ler isso e saber que jornalismo-de todo jeito, menos de receber jabá- é minha profissão de fé! não o tenho onde cair morto. mas acordo todo dia com a satisfação de que vou fazer-e faço!-, algo útil e de grande importancia. nada de missão. satisfação.

Duda Rangel disse...

Falaram as vozes da experiência. Montezuma e Tom, muito agradecido pelas mensagens. Abraços.

Marly disse...

"Infelizmente, ainda existem muitos jornalistas que têm preconceito contra quem deixa a redação para atuar do outro lado do balcão."

A frase acima dá a entender que se tornar assesor de imprensa é deixar de ser jornalista...
Não vejo desta maneira, e acredito que os editores dos jornais compartilham da mesma opinião, pois eles acabam pegando o nosso texto, publicam na íntegra e ainda colocam a assinatura "da redação". Claro que esta não é uma prática comum nos bons veículos, mas ultimamente a frequência têm sido alta.
Os assessores tem tanto "rabo preso" com seu local de trabalho, quanto os jornalistas com os seus.
Não vejo diferenças entre os cargos...

Anônimo disse...

Acho que o Duda foi mal interpretado, mas aqui vai um consolo para quem se sentiu ofendido. Os assessores ganham bem mais

Anônimo disse...

Acho que o Duda foi mal interpretado, mas aqui vai um consolo para quem se sentiu ofendido. Os assessores ganham bem mais

Duda Rangel disse...

E a vida segue, com jornalistas de redação e assessores de imprensa trabalhando entre tapas e beijos todos os dias...

Unknown disse...

Que lindo. Emocionei :)

marco aurélio braga disse...

Perfeito. mas tem uma coisa que repórter tem sim que ter vergonha: pedir outro emprego. Duplo-emprego é condenável.