terça-feira, 1 de julho de 2014

Tipos de jornalistas neuróticos


Maria Luisa sempre acha que o gravador vai parar de funcionar no meio da entrevista. Ela confere a todo o momento se a luzinha do REC está dando algum sinal de vida. É um olho no gravador, outro no entrevistado. Nas perguntas mais importantes, são os dois olhos no gravador. Os ouvidos que cuidem do resto.

Leonardo é o repórter que lê 15 vezes o texto antes de publicá-lo. Pode ser uma matéria de capa ou um comentário no Facebook. Vai que tem uma vírgula desajeitada, um tropeço de digitação. Até depois de divulgado o texto, Leonardo checa se está tudo certo mesmo. Só mais umas duas leituras. Pra garantir.

Rosinha é assessora de imprensa. Rosinha pira em coletiva. Rosinha, coitada, imagina que o restaurante escolhido para o evento não é tão bom como disseram, que os black blocs vão fechar a rua do restaurante num protesto qualquer, que poucos jornalistas vão aparecer, que o seu cliente vai ficar puto da vida.

Desde que perdeu uma matéria de 80 linhas por um pau no note, Juliana tem pânico de textos longos. Pensou até em desistir do sonho de escrever uma matéria de 11 páginas na Piauí e focar em conteúdo para celular. Com a ajuda de um terapeuta holístico, porém, aprendeu que o remédio é simples: apertar o tal de Ctrl B.

João Henrique não consegue ficar um minuto fora da internet. Algo extraordinário pode acontecer e ele será o último a saber. Nunca! Um dia João Henrique quase surtou ao ficar uma hora desconectado. Uma hora é tempo suficiente para o papa morrer, um Boeing cair ou o Neymar trocar de namorada. Já imaginou?


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4 comentários:

Gui Kyria Lopes disse...

Fantástico! Mas tem que avisar a Juliana que se ela está digitando no Word, o atalho é Ctrl B.

Duda Rangel disse...

Valeu, Gui, corrigido. Esses terapeutas holísticos fazem a maior confusão com os atalhos :) Abração.

Michele S. Silva disse...

Sou um Leonardo! Buaaaa

Duda Rangel disse...

Michele, há muitos Leonardos por aí. :)