Com o passar do tempo, você percebe que não mudou o mundo. Você muda de emprego, muda de aparência (geralmente para pior), muda de humor várias vezes num só dia, mas não muda o mundo. Conseqüentemente não fica famoso. Pior: é condenado a comer um monte de baranga. O único consolo é que seus amigos, também jornalistas, estarão no mesmo patamar que você e, logo, ninguém pode sacanear ninguém. E a vida segue.
É neste momento que você conclui que seus sonhos de “foca” eram, sim, ilusões, ilusões que você acaba de perder. Então, você culpa o seu chefe, o governo, as faculdades de jornalismo, o sistema capitalista, o mercado canibal. Começa a avaliar a possibilidade de mudar de ramo – cheguei a pensar em vender água de coco em garrafinhas num quiosque no Carrefour –, mas descobre que não sabe fazer nada além de contar histórias, aliás, ama contar histórias. Por que então não contar histórias pro resto de sua vida, mesmo ganhando mal e comendo mal a mulherada?
É a fase do amadurecimento do jornalista. Primeiro você perdeu as ilusões e, agora, perde as desilusões. É como se fosse um recomeço, um renascimento. Esse cara sou eu. E como ainda estou sofrendo os reveses da reestruturação do jornal em que trabalhava (entenda-se desempregado) vou aproveitar meu tempo livre para contar as minhas histórias neste blog. E feliz por saber que não tenho de mudar mundo algum. Tenho, sim, é de mudar de advogado, pois acabo de descobrir que perdi a guarda do Nestor para minha “ex”. Pobre cão!
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