terça-feira, 26 de março de 2013

Nada a seu tempo


Tudo o que ele mais queria era ser levado a sério.

Não bastasse a vergonha do currículo cheio de corpo catorze e outras pequenas trapaças, olham para mim como se eu ainda fosse um repórter que faz cocô nas pautas. Não sou mais tão foca assim, não, tá ligado? Já fiz matéria importante, já entrevistei o prefeito, já dormi em delegacia. Quer saber mais? Já li Nietzsche. E entendi tudinho. O problema é essa minha cara de bebê que nem barba crescida dá jeito. O quê? Não, senhor, não é trabalho de faculdade.

Tudo o que ele mais queria era não ser levado a sério.

Legal essa coisa da experiência, do respeito conquistado, mas de repente a gente percebe que a vida perdeu a graça. É a fase filho-da-puta em que você começa a sentir saudade de si mesmo. Eu quero a porra-louquice da minha juventude de volta, a desordem, o sonho, a chance de errar. Como a gente faz para ser foca outra vez? Ser gente grande é muito careta. Saudade do tempo em que tudo era apenas um trabalho de faculdade.


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5 comentários:

Jéssica Simões disse...

Quanto saudosismo!
Isso não combina com o perfil do seu blog, que já me fez gargalhar muito por aqui.

Duda Rangel disse...

Oi, Jéssica. Não se trata de saudosismo. Estou falando sobre o tempo e os descontentamentos da vida, sejam para um jovem ou para uma pessoa mais velha. Abraços.

Suely Melo disse...

É justamente assim, nada a seu tempo. O fato é que nunca é do jeito que queremos. Sempre falta alguma coisa. É a velha e boa inquietude da alma, presente em qualquer tempo. E assim seguimos...

Aline disse...

Duda, perfeito! Tô exatamente na segunda fase. Deixei de ser foca faz tempo. Quando cansei do que eu fazia num mesmo jornal, procurei outro jornal e outra editoria para sentir o frio na barriga novamente. Agora, voltei para o jornal antigo e decidir virar foca outra vez: entrei no Mestrado. A vida de um jornalista é uma verdadeira montanha-russa. Forte abraço!

Duda Rangel disse...

Verdade, Li, sempre falta alguma coisa.
Aline, sucesso no Mestrado. E nunca deixe de perseguir o frio na barriga.
Abraços.