sexta-feira, 15 de abril de 2011

Quem mexeu no meu texto?


Jornalista tem uma certeza: seu texto é imexível.

O orgulho do jornalista não admite que o texto tem vícios, erros. É seu filho perfeito. O lead está sempre no lugar certo. Clichê é o máximo. Nariz-de-cera, então, é a coisa mais bonita do papai.

A vaidade do jornalista não aceita críticas ao texto. É sua obra-prima. Não tolera pitacos, desconstrução de idéias, novos enfoques. É provocação. Que danação! Seu texto é sagrado, pra ser venerado. Jamais profanado.

O ciúme do jornalista o torna possessivo. O texto é sua nêga. E tem sempre gente querendo botar a mão. O editor é o mais vil dos cobiçadores de texto alheio, de amor alheio. Ricardão maldito. Deflorador. Deleta aqui, corrige ali, reescreve acolá. Corta pelo pé.

Você pode até mexer com a mãe de um jornalista. Mas experimenta só mexer no texto dele. Experimenta.

29 comentários:

Julian Cunha disse...

Hahahahaha!
No meu 'nego' ninguém bota a mão, digo... Bota mais ou menos palavras! Hahahahaha
Ótimo, como sempre, Duda!
Aquele abraço!

Renato Souza disse...

Nariz-de-cera, ah, nariz-de-cera. A coisa mais bela já criada por Deus...

Edson Oliveira disse...

É incrível como você consegue colocar em palavras as verdadeiras características de um jornalista. Adorei o final do texto... Quando você diz que podem mexer com a mãe do jornalista e passará, mas mexe com o texto... haushausha / Muito bom

Fábio Torres disse...

Hahaha excelente! Que atire a primeira pedra o jornalista que não acha seu texto perfeito! xD

Casa de Mãe joana disse...

Verdade, verdadeira. Ah se au pego alguém tirando aquela safada de vírgula que separa o verbo do sujeito,de um texto meu.!!!

Lilian Rodrigues disse...

Genteee! Duda fiquei fã do seu blog! Segui e vou recomendar aos colegas de faculdade! Hehehe.. Sou estudante de jornalismo e moro em Goiás! Seu texto é ótimo! Sucesso sempre!

RICARDO MELLO disse...

Mexer no texto é mexer no estilo. E no meu estilo ninguém põe a mão. Editores deveriam ser apenas confeiteiros que enfeitam o bolo que já chega com a massa pronta (nosso textinho sagrado), mas não, eles querem sempre mudar a receita.

Essa é a maior luta de classes da categoria. Repórteres contra editores!

E viva o jornalismo!

Maria Auxiliadora de Oliveira Amapola disse...

Boa noite.

Deve ser muito difícil mesmo, ver o que se escreveu com tanta convicção, ser alterado.

Um grande abraço.

Tatiane Bardi disse...

Duda, excelente!!
E o mais interessante: a forma como você tem capitalizado e compilado suas experiências de vida na criação de textos como este.

Vá em frente. Siga firme porque tudo se resolve no tempo certo!
beijos!

Pablo Amaral disse...

Parabéns pelo blog! No meu texto e no meu blog ninguém bota a mão também!!!
Parabéns!

Precisando de ideias para escrever, www.aquisai.wordpress.com

Pablo Amaral

Alessandra disse...

Imexível mesmo! Hahaha

Unknown disse...

hahahahhaa... que massa, o texto é sua nêga! viagem!

Unknown disse...

hahahahhaa... que massa, o texto é sua nêga! viagem!

Juliana disse...

Já me acostumei a isso. rs. O pior é quando:

1) O texto segue praticamente inalterado. A única modificação é na frase que você mais gostou, que você considerava a luz da matéria e levou um tempo considerável para desenvolver.

2) Substituem alguma colocação sua por uma frase ou expressão que não te agrada em nada. Aconteceu uma vez comigo. Eu não escreveria "correr atrás" rs. Porque também tem isso: birra com alguma expressão, seja lá por qual motivo =P

Filipe disse...

Não tenho ciúmes dos meus textos. Podem mexer e editar, desde que não ocultem o meu crédito.

Ninguém é perfeito e nem pensa igual, então se o mesmo texto passar na mão de 100 pessoas, ele vai receber, no mínimo, 100 pitacos =)

Gustavo disse...

pirâmide invertida que nada. Na França, quando despontou uma revolução o jornal abriu sua primeira página assim "nasce um novo sol sobre o céu parisiense..."
uma coisa quase q totalmente literátia e nada fast-note americaniazada, telegrafada, 140 caracteres.
Beijo,

Visita meu blog!

TPM disse...

KKK É VERDADE! Texto é igual filho, não tem defeito. srsr
TPM
http://tudoparamulher-tpm.blogspot.com/

Duda Rangel disse...

Quando o texto do repórter é bom, mas bom de verdade, o editor não mexe em nada. Até respira aliviado. Abraços!

João Damasio disse...

Isso meeeerrrrmo! Haha!

Cris Paulino disse...

kkkkkkkkkk verdade... é incrível como vc consegue descrever as situações de um jornalista... adoro seu blog
beijos

Duda Rangel disse...

Valeu, Cris. Beijão.

Alice disse...

Mto bom Duda!!! Extramamente ciumenta com meus filhos!! Seus textos são ótimos (e verídicos)!!!Adoro seu blog!!

Jônatas disse...

Uma vez deixaram meu título com erro de concordância, e acho que uma crase no lugar errado. Fiquei puto rsrs

Camilla Gonçalves disse...

Dou boas risadas por aqui... rs! Parabéns.

Duda Rangel disse...

É, Jhon, essas coisas acontecem nas melhores redações.
Alice e Camilla, valeu pelas palavras.
Abraços.

Soraya Leite disse...

Duda, seu blog é altamente viciante. Não consigo sai daqui por nada. Sempre estou a procura de mais um post, e mais outro, e mais outro...
Já estou no estágio do "aviãozinho", repassando suas ideias pelo Face. Pababéns pelo humor cruel, real, criativo e muito, muito gostoso. Já pesnou em lançar um livro de crônicas jornalísticas? Quem sabe não dá dinheiro? Sucesso.

Soraya Leite disse...

Trabalhei como revisora durante 14 anos e, não raro, enfrentei a fúria de jornalistas ciumentos com a cria. Mas também não gosto quando dão pitacos no meu texto, principalmente quando os benditos pitacos são de malas intitulados de "chefe", fingindo que entendem do assunto, e que nem jornalistas são.

Duda Rangel disse...

Oi, Soraya, muito obrigado pela mensagem, pelo carinho, por compartilhar tua história. O livro vai sair em breve, assim espero, mas não me iludo com grana, não. O que vier será bem-vindo. Abração.

Renato Ferr disse...

"O editor é o mais vil dos cobiçadores de texto alheio, de amor alheio. Ricardão maldito."

ah, como quero elas longe de mim...