segunda-feira, 19 de abril de 2010

Somos um caso perdido?


Um novo delírio de Duda Rangel: uma tarde qualquer na sede da Associação dos Jornalistas que Amam Demais a Profissão.

Olá, boa tarde a todos. Meu nome é Teodoro Alencar ou Téo Alencar, como eu costumo assinar as minhas matérias. Aliás, adoro assinar matérias. Bem, esta é a minha primeira vez aqui. Foi um pouco difícil tomar coragem para vir. Eu acho que sou viciado em jornalismo. Eu vivo jornalismo 24 horas por dia. Eu almoço e janto jornalismo. É como se tudo ao meu redor fosse notícia quente o tempo todo. Não consigo parar, me desligar. Minha mulher vive reclamando. “Homem de Deus, por que você não nasceu com o vício do Michael Douglas ou do Tiger Woods?”, ela pergunta. Mas não nasci. Às vezes, eu penso em largar tudo, sei lá, abrir uma pousada em Itacaré ou em Búzios, mas não seria feliz. Morro de medo de, sem o jornalismo, ficar louco, começar a comer pilhas, entendem? Desde que eu fiquei conhecendo o trabalho aqui, me interessei. Queria contar a minha história e conhecer histórias semelhantes de outros jornalistas. Penso até, no futuro, em escrever um livro-reportagem sobre tudo isso. Mas prometo que não cito os nomes de vocês. Podem confiar!

Boa tarde, aos que não me conhecem eu sou a Carol Fonseca. Fiz questão de vir aqui hoje porque preciso compartilhar uma coisa bem legal com todos. Faz um mês que eu não escrevo uma matéria jornalística!!! Tô limpa, gente, tô limpa! (Muitos aplausos). Obrigada! Mas foi difícil, porque, além do trabalho, eu sempre pegava um frila aqui, outro ali. Tudo escondido, claro. Meu namorado, que mora comigo e é fiscal da Receita, perguntava o que eu estava fazendo até tarde da noite em frente ao computador. Ele só ficava sossegado depois que eu mentia. Dizia que estava apenas vendo fotos de homens nus na internet. O jornalismo, quero dizer, o jornalismo em excesso quase acabou com o meu relacionamento. E, como eu sempre fui muito intensa e nunca consegui impor limites para mim, tive de abandonar tudo. Foi muito difícil. (Lágrimas). Mas eu estou bem, gente, hoje estou bem. É sério. Meus amigos também me ajudaram muito, pararam de ligar para oferecer frilas. Eu também parei de ler jornal, ver os telejornais. Vocês acreditam que só ontem eu fiquei sabendo que o Ricky Martin saiu do armário?

Olá. Meu nome é Carlos Eduardo, Duda, Duda Rangel. Esta também é a primeira vez que eu visito a associação. Para falar a verdade e sem querer ofender ninguém, eu não acredito muito neste tipo de ajuda, mas eu estava precisando fazer alguma coisa diferente nas minhas tardes. Estar desempregado e não ter uma TV por assinatura é muito cruel. Mas, enfim, já que eu estou aqui, vamos aos fatos. Meu drama é que, mesmo desempregado, eu não consigo buscar outro tipo de trabalho. Um tempo atrás, um amigo tentou me convencer a virar consultor de vendas, vendedor, de uma marca de filtros de água, mas eu não consegui aceitar a idéia. Ele até falou que tinha uma comissão legal. Quase junto com a perda do meu emprego, eu também perdi a minha mulher. A merda, desculpem a palavra, é que eu sempre senti mais falta da redação do que dela. Tudo bem que a separação foi litigiosa, rolou um ódio grande pela “ex” na época, porque ela me trocou por um moleque de 20 anos. Mas, voltando ao jornalismo, acho que é isso: eu amo demais esta profissão. É meio doentio. Pagam mal, você trabalha pra caramba e, ainda assim, eu gosto. Alguém aqui pode me dizer se sou um caso perdido? (Longo silêncio). Tenho cura? (Mais silêncio). Muito obrigado mesmo pela ajuda! Acho melhor eu voltar para casa já para ver a Sônia Abrão!

Leia também: “Paixões proibidas”

21 comentários:

Renan Silva disse...

hahahahaa... Muito bom... É incrível como uma profissão pode ser tão viciante. Parabéns.

Unknown disse...

hahahahaha Duda você é demais. Você está mesmo nessa situação? Acho que também sou viciada na profissão, mas que triste essa história de ser trocado por um 'moleque'.

Gláu disse...

Cabe mais uma aí nessa associação? Mas só se não precisar pagar, porque eu também estou desempregada...

Renato Souza disse...

Cara, você me diverte. Assusta de vez em quando, mas me diverte.

É verdade que penso demais em jornalismo. Que já tentei procurar outra coisa pra fazer. Tenho alguns amigos que atuam na área de vendas e outros com ADM, já tentaram me levar pra lá. Dizem que ganham bem. Mas que trabalham muito.

Prefiro ganhar mal. Trabalhar pouco e não ficar maluco.

Ou não, rs.

Talita Cruz disse...

Putz, eu ri demais Duda...uhauhahu

Cara, eu já desisti de me curar desse vicío. Pode ser que um dia ele acabe comigo, mas é mais forte do que eu...rsrs.

Laís Fernanda disse...

Não seria ruim fundar a igreja dos jornalistas possuídos, onde poderia ter sessoes de descarrego para jornalistas possuídos pela profissão obsessora e ladra de almas. Se resolveria dois problemas: ajudaríamos colegas e nos ajudaríamos financeiramente :)

Camila disse...

Duda, esse blog é ótimo. Sou recém-formada e me conforta saber que essas agruras da profissão são comuns, e não somente minhas. Não pare.

Claudia Varella disse...

Duda, as suas postagens são divertidíssimas, criativas e muito bem humoradas. Já que está desempregado, você precisa agora ganhar dinheiro com este seu blog. Mas, será que dá dinheiro?

Parabéns pelos textos brilhantes e hilários.

Fernanda Oliveira disse...

Me identifico cada vez mais com os seus textos!!!
Como futura jornalista, não consigo me imaginar fazendo outra coisa...
Será que sou um caso perdido?! rs

abraços, Duda!!
sucessos pra ti...

Wander Veroni Maia disse...

Opa! Muito bom esse texto. Me enquadro nos viciados em jornalismo. Sou daqueles que amam o que faz e que não seriam felizes no mundo se fizessem outra coisa, senão o jornalismo. Mais do que viciados, somos felizes...bom, pelo menos eu sou...rs.

Abraço,

http://cafecomnoticias.blogspot.com

Duda Rangel disse...

Derla, este foi mais um de meus delírios.
Gláu, seja bem-vinda à associação.
Laís, prometo pensar com carinho nesse negócio da igreja.
Claudia, o blog não me dá dinheiro, mas com ele libero minhas angústias, sem precisar pagar terapia.
Renan, Renato, Talita, Camila, Fernanda e Wander, obrigado por todas as manifestações. O jornalismo é, sem dúvida, viciante.
Abraços!

Camilla Lima disse...

Duda... meu muso inspirador!

Anônimo disse...

dá hora.

Andresa disse...

Olá Duda
Também sou uma viciada em jornalismo, mas meu caso é grave. ainda não acabei a faculdade.
Gosto muito do seu blog!
Parabéns

Duda Rangel disse...

Oi, Camilla, sempre gentil!
Anônimo, é isso aí, mano.
Andresa, curta bastante este vício.
Abraços.

Andréia Lemos disse...

Duda vc é o cara!!!
Bom demais seu blog..
Parabéns ri demais!!!

Luíza Fregapani disse...

Taí é um vício difícil de largar...nem café bate isso!

Carol Fonsêca disse...

kkkkkkkkkkkk, Carol Fonsêca? É comigo? kkkkkkkkkkk Texto MUITO bom!
Como sempre :)

Duda Rangel disse...

Valeu, meninas. Beijos.

Fabíola Abess disse...

Que tal abrir um espaço para anunciantes. Boa sorte Duda. Vai longe!!

Duda Rangel disse...

Vou pensar no caso, Fabíola. Beijos.