Direito trabalhista é uma coisa que todo jornalista já ouviu falar, mas não lembra exatamente o que é. É algo distante, que escapa à memória. É como um velhinho de 90 anos tentando resgatar o significado da palavra “sexo”. Ele só sabe que era bom.
Assim como os velhinhos desaprenderam a trepar, os jornalistas desaprenderam a ter FGTS, 13º salário, férias remuneradas. Vivemos a ditadura da “pessoa jurídica”. FGTS virou um artigo de luxo. E o pior de tudo é que, com um índice de desemprego tão alto, feliz é o jornalista que consegue, ao menos, emitir uma nota fiscal no fim do mês.
Eu só lembro que existe o tal direito trabalhista em tempos de eleição. Ligo a televisão e, no horário eleitoral gratuito, vejo o Campos Machado (ai, credo) e outras figuras nada agradáveis do PTB evocando Getúlio Vargas e todas as conquistas trabalhistas de décadas passadas. “Se você, meu caro eleitor, tem hoje um 13º salário, é graças ao PTB”, explica o Campos Machado. E quem disse, seu desgraçado, que eu tenho 13º salário?
Há redações e agências inteiras dominadas pelas pessoas jurídicas. Se você ainda não é um jornalista PJ, meu amigo, tudo é uma questão de tempo. Uma dica para estes felizardos que ainda têm carteira assinada é jamais pedir um aumento salarial ao chefe. Se o chefe for o dono da empresa, pior ainda. É grande a chance de ele lhe responder: “Eu até posso aumentar o seu salário, mas você terá de emitir nota. Aliás, ótima idéia! Você terá seu aumento merecido e, a partir de agora, trabalhará como PJ. Estes encargos trabalhistas ainda levarão a empresa à falência. Neste país ninguém tem compaixão pelos empresários.”
Então, só lhe restará procurar um contador de sua confiança.
sexta-feira, 23 de outubro de 2009
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