segunda-feira, 8 de março de 2010
Um (T)exto (P)ara as (M)ulheres
Ela tinha um filho de dois anos para sustentar, um monte de contas para pagar, um ex-marido que não depositava o dinheiro da pensão. E trabalhava como jornalista. Nos dias de TPM, que eram muitos, ela tinha a certeza de que o pior de toda essa história era ser jornalista, porque, se tivesse uma profissão e um salário decentes, os outros problemas simplesmente não existiriam. Nos dias sem TPM, que eram os outros poucos, sentia-se orgulhosa de ser jornalista, apesar do salário de merda. Amava o que fazia.
Ela sabia que o menino, quando crescesse, teria orgulho da mãe, jornalista dedicada e, principalmente, corajosa, que enfrentava tudo e todos. Era uma mulher que nunca teve medo de se arriscar, inclusive no dia em que transou com o pai do seu filho, bêbado e sem camisinha. Nos dias de TPM, batia um puta arrependimento de seus atos inconseqüentes. Por que eu fui me apaixonar por um safado daqueles? Nos dias sem TPM, não se arrependia de nada. Achava até que o filho, aquela coisa linda, era a cara do pai.
Nos últimos tempos, ela estava bem distante do filho. Trabalhava como uma maluca no jornal e ainda fazia vários frilas fora da redação. O moleque passava mais tempo na creche ou com babás. Nos dias de TPM, sentia-se culpada, detestava ser o tipo de mãe ausente. Chegava a pensar em abandonar o jornalismo nos picos de crise. Nos dias sem TPM, até levou o filho para a pauta. A babá faltou bem na ocasião em que deveria fazer uma matéria na Bolsa de Valores. Naquela tarde, seu filho foi a alegria do pregão.
Ela sabia que o menino, quando crescesse, teria orgulho da mãe, jornalista dedicada e, principalmente, corajosa, que enfrentava tudo e todos. Era uma mulher que nunca teve medo de se arriscar, inclusive no dia em que transou com o pai do seu filho, bêbado e sem camisinha. Nos dias de TPM, batia um puta arrependimento de seus atos inconseqüentes. Por que eu fui me apaixonar por um safado daqueles? Nos dias sem TPM, não se arrependia de nada. Achava até que o filho, aquela coisa linda, era a cara do pai.
Nos últimos tempos, ela estava bem distante do filho. Trabalhava como uma maluca no jornal e ainda fazia vários frilas fora da redação. O moleque passava mais tempo na creche ou com babás. Nos dias de TPM, sentia-se culpada, detestava ser o tipo de mãe ausente. Chegava a pensar em abandonar o jornalismo nos picos de crise. Nos dias sem TPM, até levou o filho para a pauta. A babá faltou bem na ocasião em que deveria fazer uma matéria na Bolsa de Valores. Naquela tarde, seu filho foi a alegria do pregão.
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5 comentários:
- Perspectivas do Mato Grosso disse...
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parece a minha vida,eu,correndo pra cima e pra baixo,carregando minha filha de 3 anos que não pára um só instante,correndo atras da sobrevivência,com um monte de freelancers pra fazer e sem salário fixo...ehhh jornalistas mulheres,uni-vos...e creche?utopia!!
- 8 de março de 2010 às 11:10
- Duda Rangel disse...
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Beatriz, deveriam criar um Dia Internacional da Mulher Jornalista! Com direto a folga! Um abraço
- 14 de março de 2010 às 18:37
- Mariana Serafini disse...
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hsushushsus
sou eu no futuro! - 12 de agosto de 2010 às 11:54
- Taís Machado disse...
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Minha vida descrita em seu texto... apesar de sempre acompanhar o blog e nunca comentar (apenas compartilhar, tuitar) desta vez...
Parabéns, consegue descrever até a jornalista mulher.
E vamos lutar pelo Dia Internacional da Mulher Jornalista!!! - 26 de janeiro de 2012 às 15:35
- Duda Rangel disse...
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Oi, Taís, muito obrigado pelo comentário. Legal saber que rolou uma identificação com o texto. Abraços.
- 31 de janeiro de 2012 às 16:51
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