quarta-feira, 12 de maio de 2010

Guia de sobrevivência para repórteres em situações de saia-justa


1) Quando você esquecer o nome de um entrevistado, chame-o pelo cargo, como deputado ou professor. Se o cara não tiver cargo algum, mande um “senhor” mesmo. É melhor do que chutar qualquer nome. Se arriscar e errar, peça perdão pela confusão. Se tentar de novo e errar de novo, acabe a pauta rapidinho para não fazer mais cagada.

2) Se você chegar todo suado a uma entrevista, com gigantescas pizzas no sovaco, após enfrentar um trânsito caótico no carro do jornal que mais parecia um forno de microondas, permaneça por alguns minutos em um ambiente com ar-condicionado para se secar. Reze para o seu desodorante Rexona não estar vencido.

3) Se na hora de apertar a tecla “REC”, você perceber que o gravador está sem pilha, guarde-o rapidamente e disfarce. Se o entrevistado perceber que a porra do gravador está sem a porra da pilha, ponha a culpa pelo descuido no rapaz que cuida dos recursos audiovisuais da redação.

4) Se uma fonte lhe acusar, em público, de alguma cafajestada jornalística, adote a tática da negação, muito utilizada por Paulo Maluf: “Você distorceu o que eu disse; Eu nego”, “Você é um caluniador; Eu nego”, "Você é um mentiroso; Eu nego”. Fale com firmeza. Gaguejar é um sinal de fraqueza e autocondenação.

5) Se você for um repórter de TV e, numa entrada ao vivo, um entrevistado começar a fazer gracinhas e falar palavrões no microfone, mantenha a sobriedade, corte a conversa e chame o apresentador no estúdio. Fora do ar, controle-se para não encher o desgraçado de porrada.

6) Se você fizer piadinhas em frente ao seu cinegrafista – sem perceber que ele está com a câmera ligada – e o cara colocar as imagens no YouTube só para te sacanear, aprenda que este é um dos grandes micos dos tempos modernos. Quando encontrá-lo desprevenido na redação, encha o desgraçado de porrada.

7) Quando você cair de pára-quedas numa pauta, de última hora, não entre em pânico. Tente fazer uma pesquisa rápida no Google ou se informar com alguém que entenda do assunto no local da entrevista. A pior coisa é ficar falando abobrinhas ou não abrir a boca enquanto a fonte faz o seu monólogo.

8) Se num jantar chique, tipo boca-livre-baba-ovo-de-bacana, você ficar indeciso sobre qual talher usar primeiro, olhe para a pessoa mais rica e sofisticada da mesa e copie suas ações. Nunca olhe para outro jornalista e, muito menos, para o motorista do jornal que entrou de bicão, que também estarão perdidaços.

9) Se no meio de uma coletiva importante, daquelas que você não pode perder nada, bater uma puta diarréia (o maldito filé mignon ao molho madeira não caiu bem), tente segurar o rojão o quanto puder. O suor frio é normal. A dor estomacal que sobe pelo peito também. Se sentir que irá perder o controle da situação, evacue do local imediatamente.

10) Se você estiver entrevistando um importante presidente de multinacional e o teu celular começar a tocar com a música Dança da Manivela, há duas saídas. A primeira é se desculpar e dizer que pegou por engano o telefone da faxineira; a segunda é fingir que o som não vem do teu celular e perguntar, surpreso: “Tá rolando alguma micareta por perto?”.

18 comentários:

Unknown disse...

Duda este post mudou meu dia! hahahahaha Estou rindo até agora! Muito bom!

Cunha disse...

dança da manivelaaaa...
hehehe

Bangalô Cult disse...

Duda, nada como começar o dia na redação de sorriso estampado no rosto.
O segredo? Basta ler suas postagens antes da labuta.
Abçs

Suyene

Lara disse...

Por isso que eu gosto tanto desse blog...só me faz rir o tempo inteiro

N disse...

kkkkkkkkkkkk

encontrei este blog a pouco tempo e virei fã! parabéns! mto legal mesmo!

Cecilia disse...

Não falei? :) :)

BeL Albuquerque disse...

PARABÉNS pelo belíssimo trabalho!

Izabela de BH
twitter/alebaze

Júlia Ourique disse...

Incrível que a minha professora de Teoria falou exatamente sobre as saia justa e como fugir delas na última aula rsrs adorei! quanto mais dicas melhor

Laís disse...

pow....desenterrou a dança da manivela hehehe...agora o q gruda é o rebolation :/
muito legal este post duda, hilário :D

Duda Rangel disse...

Vida de repórter sem uma saia-justa de vez em quando não tem graça. É o tempero da pauta! Abraços.

Anônimo disse...

Essa do repórter chegar suado e procurar um ar-condicionado é ótima. Para quem precisa fazer entrevistas com deslocamentos a pé, isso é bem comum. E o pior é chegar na hora de falar com a fonte, depois de ter tentado marcar trezentas vezes e o gravador estar sem pilhas. É pra se enforcar.

Viviane Oliveira disse...

Perfeito este post Duda... Assim como os outros... Ou seja, dar porrada é sempre uma boa opção...rs
Bjs

Lívia Inácio disse...

Ai ai ai!

hauahauahuahauahau

Dança da manivela é ótima!

Guilherme disse...

Minha saia justa foi com a Preta Gil, pauta completamente de última hora, que o editor implorou pra eu fazer para ver se o assessor da preta parava de ligar. Googleei rápido, mas mesmo assim Preta me gongou, pq eu pensava que ela era baiana. "Você tá morando no Rio, né?", "Sou nascida e criada no Rio, meu amor...". Ops! hehe

Laís Fernanda Borges disse...

eu já consegui a proeza de sair pra uma pauta sem a fita e só dar falta dela qs no destino, qnd o cinegrafista perguntou por ela.....essa foi horrível..........

Gesli disse...

O melhor post de todos! hahahaha

Duda Rangel disse...

Gostei de depoimentos tão sinceros. Valeu. Abraços.

anderson disse...

Dança da manivela é foda hahahahahaha