sexta-feira, 29 de junho de 2012

Release tosco


É erva daninha. Praga que dá aos montes por aí.

Release tosco quer ficar tão atraente que exagera na maquiagem. Adora um “agregar valor”, um “produto sustentável”. Não vive sem um “case de sucesso”.

Release tosco tem complexo de superioridade. Tem sempre “a mais alta tecnologia”, “o líder de mercado”, “o pioneiro em tudo que é coisa”.

Release tosco não tem foco. Atira para todos os temas. Acha bonito ser longo, interminável. Entupido de nariz-de-cera.

Release tosco caga e anda para a relevância da informação. É meio marqueteiro político. Só mostra o que é de seu interesse.

Release tosco trata o Português como o Hulk trata a bola de futebol. Como gosta de “lançar” carro “novo”, perfume “novo”.

Release tosco é motivo de piada na redação.

Mas o release tosco não nasceu ontem. É malandro. Guerreiro. E sempre acaba encontrando sua alma gêmea, o repórter tosco.

E lá está o release tosco na página do jornal. Do jeitinho que ele veio ao mundo.

segunda-feira, 25 de junho de 2012

Clássicos jornalísticos da Sessão da Tarde que são uma tremenda confusão


Uma redação muito louca

Uma turminha de assessores do barulho

Ninguém segura esse repórter

Curtindo o plantão adoidado

Uma estagiária quase perfeita

Debi e Lóide: dois focas em apuros

Um release da pesada

O Clube das Editoras Desquitadas

Olha quem está apurando

Um dia a pauta cai

Folgas frustradas 5

Loucademia de Jornalismo

quinta-feira, 21 de junho de 2012

Modinha para Daniela


Uma paródia da Gabriela de Caymmi.

Quando eu era modelo
Já não lia quase nada
Hoje eu sou jornalista
Muito linda... e... desinformada.

Eu nasci assim, sem noção assim
Viajando assim no Toddynho assim
Daniela... sempre Daniela.

Quem me contratou pouco se importou
Pelo meu decote se apaixonou
Daniela... sempre Daniela.

Não me leve a mal, não leio jornal
Eu prefiro a Caras, tem figura e tal
Daniela... burra, mas sou bela.

segunda-feira, 18 de junho de 2012

Tudo o que você NUNCA quis saber sobre jornalismo


Por que o pescoção se chama pescoção?

Quem foi o maior rádio-escuta da história do radiojornalismo brasileiro?

Quantos artigos tem o Código de Ética do jornalista?

Para que serve a aula de Teoria da Comunicação?

Por que os fotógrafos ainda usam coletes com tantos bolsos?

Por que a imprensa sensacionalista é conhecida por marrom e não por amarela com bolinhas azuis?

Para que servem os sindicatos de jornalistas?

Quem foi o repórter pioneiro a ser demitido por falar mal de um anunciante?

Qual a origem do termo “jabá”?

O formato berlinense é maior ou menor do que o formato standard?

Qual foi o maior feito de um motorista de carro de reportagem enquanto aguardava o repórter numa pauta?

Qual a verdadeira idade da tartaruga de estimação da Glória Maria?

Quando foi editado o primeiro suplemento agrícola no Brasil?

Quem foi o inventor do release?

sexta-feira, 15 de junho de 2012

Entrevista exclusiva – Sem ser votada, PEC do diploma desabafa: “Tomo antidepressivo”


Em 2011, quando se completaram dois anos do fim da obrigatoriedade do diploma para o exercício da profissão de jornalista, o blog Desilusões perdidas teve uma emocionante conversa com o diploma, que falou de suas dificuldades, da tentativa de suicídio e até da amizade com o também marginalizado diploma de datilografia (releia a entrevista completa aqui). Agora, por ocasião do terceiro aniversário, a entrevista é com a PEC do diploma, que vive a dramática espera para ser votada no Congresso.

PEC, muitos jornalistas diplomados estão botando grande fé na sua aprovação, mas a coisa parece demorada. Dá para acreditar ainda num desfecho rápido para a história?

Naquele Congresso, você bem sabe, meu caro Duda, o povo não gosta muito de trabalhar. Aí, fica difícil ser votada. Assim como os jornalistas, eu também estou numa expectativa grande, mas o que eu posso fazer? Agora tem também essa CPI do Cachoeira, depois vem eleição, e é bem capaz que eu caia no esquecimento.

Você sente apoio total dos jornalistas?

Em alguns momentos, me sinto desprestigiada por parte deles. Tem uns aí que nem sabem que eu existo. Outros nem sabem o que é uma PEC. É mole? Vou te falar: esse povo do jornalismo quer ter direito a um monte de coisa, mas é lerdo. Pouca iniciativa, sabe?

O que pretende fazer de sua vida após a aprovação, caso ela realmente ocorra?

Vou descansar um pouco, porque essa coisa de ficar parada, ociosa, também cansa. Sei lá, de repente vou badalar em algum cruzeiro. Meu sonho é ver o Roberto Carlos no navio.

Sei que você tem uma relação bastante próxima com o diploma. É verdade que ele recusou um convite para participar de A Fazenda 5?

Houve, sim, um convite da TV Record que ele recusou, por não se considerar uma subcelebridade. O diploma acredita ter ainda um protagonismo. O que o deixa triste são as mentiras publicadas por aí. Pela própria imprensa, o mais lamentável. Chegaram a escrever que o diploma estava gravando uma ponta num filme pornô.

A amizade entre ele e o diploma de datilografia acabou mesmo?

Este é outro absurdo que disseram. A relação deles está maravilhosa. E mais: outros diplomas marginalizados, como o diploma do curso de leitura dinâmica e o diploma de médico brasileiro formado na Bolívia, também fazem parte do grupo agora. Aquilo virou uma grande família.

Para encerrar: como você lida com a demora em ser votada?

Gosto muito de ficar acessando o site do Senado para saber se vou entrar na pauta de votação ou não. Muito doido isso. Sou ansiosa desde a infância. Minha mãe queria me levar ao psicólogo, mas meu pai achava bobagem. Essa nossa PECzinha ainda vai crescer com problema na cabeça, ela dizia pro meu pai. Agora, para segurar a barra só com remédio mesmo. Tomo antidepressivo todos os dias. Às vezes, uns florais.

terça-feira, 12 de junho de 2012

Por que jornalistas namoram jornalistas?


No Dia dos Namorados, um post para relembrar.

Porque eles freqüentam sempre as mesmas redações, os mesmos bares de jornalista, festas de jornalista, eventos para jornalista.

Porque pobreza atrai pobreza.

Porque só um jornalista entende as neuras do outro.

Porque só um jornalista suporta o papo de jornalista do outro.

Porque é doce a ilusão de, um dia, se tornar o novo casal 20 do Jornal Nacional.

Porque um não pode rir da desgraça do outro.

Porque o namorado(a) anterior era publicitário(a) e descobriu-se, assim, que tem coisa pior que jornalista neste mundo.

Porque jornalistas são metidos mesmo e querem cruzar apenas entre si para perpetuar a pureza da espécie.

Porque o amor é cego e surdo e estúpido, nunca ouviu isso, não?

Porque, como os dois ralam pra cacete e vivem fazendo plantão, o risco de um cornear o outro é bem menor.

Porque, como os dois ralam pra cacete e vivem fazendo plantão, o risco de um ter que conviver com a família do outro é bem menor.

Porque algum(a) ex de outra profissão deve ter jogado uma praga daquelas bem fortes, do tipo vocês jornalistas se merecem, manja?

Porque essa coisa de ser meio anti-herói e esquisito tem um charme que só outro jornalista é capaz de perceber e deixar-se seduzir.

Porque jornalista é um bicho burro mesmo. Com tanto engenheiro rico e empresária bem-sucedida por aí, vai escolher logo outro jornalista? Faça-me o favor.

quarta-feira, 6 de junho de 2012

O que vi da vida de jornalista


Duda Rangel dá um depoimento corajoso, revelador e, claro, sensacionalista pra cacete.

O começo
Eu estava no trem e vi um cara lendo um jornal de cabeça pra baixo. Eu me interessei por aquilo. Ele percebeu meu interesse e perguntou: quantos anos você tem? Eu disse 12. Ele avançou: você não pensa em ser jornalista? Eu respondi sim, não, talvez, não sabia se meus pais concordariam. O homem afirmou que meu olhar atento para o jornal revelava minha paixão pela profissão, que aquilo era um sinal. E eu respondi: só achei engraçado o senhor ler o jornal de cabeça pra baixo. Ele ficou sem graça. À noite, abordei com meu pai a coisa de um dia ser jornalista. Lembro bem a resposta do velho: a pobreza está no DNA de nossa família, filho. Vai fundo, seja jornalista.

Os amores
Nunca fui muito namoradeiro e hoje eu me arrependo. Eu podia ter aproveitado mais, mas quem consegue namorar fazendo plantão quase todo fim de semana, pescoção até as três da manhã?

A luta
Eu consigo me colocar no lugar dos focas. No início da minha carreira, eu fui abusado e sei o que um foca sente. Esta é a razão da minha luta. Primeiro, foi um editor de Geral que me mandava cobrir de três a cinco matérias por dia. Na rua, por telefone. E ai de mim se atrasasse o fechamento. Outro editor, de Cultura, me mandava cobrir show de dupla sertaneja, grupo de pagode. E foi assim durante muitos anos. Eu me sentia sujo. E o mais triste é que muitos destes abusos acontecem dentro da própria redação.

O preço da fama
Fama? Pergunta isso pro Bonner! Tá de sacanagem comigo?

Michael Jackson
Essa história é muito louca. Um dia fui chamado pelo empresário dele para uma visita ao seu rancho, na Terra do Nunca. Eu encontrei o Michael chupando um pirulito. O pirulito era tão grande que ele precisou tirar o nariz para não atrapalhar. Jantamos e ele então fez a proposta. Queria um assessor de imprensa no Brasil que batalhasse uma participação dele no programa da Luciana Gimenez. Eu estava emocionado, ele era meu ídolo, mas a coisa de ser assessor de imprensa era muito doida. Respondi que não. Ele não gostou da recusa, deu piti, me atirou o nariz com toda força. Ainda bem que eu sempre fui ágil nos reflexos.

segunda-feira, 4 de junho de 2012

Arraiá da redação


Cantigas juninas para relembrar.

Cai, cai, textão
(versão de Cai, cai, balão)

Cai, cai, textão! Cai, cai, textão!
Adeus informação
Não vai dar! Não vai dar! Não vai dar!
Um anúncio tem que entrar.


Liga à pauteira
(versão de Pula a fogueira)

Liga à pauteira, Iaiá
Escreve à pauteira, Ioiô
Cuidado para não se ferrar
Olha que a pauteira não gosta de assessor.


Pedro, Antônio e o furo bão
(versão de Pedro, Antônio e João)

Um furo pra lá de bão
Antônio ia publicar
Mas Pedro roubou a pauta
Na hora do Antônio apurar.


O Ibope vai subindo
(versão de Um balão vai subindo ou Sonho de papel)

Ibope vai subindo
Com um crime à-toa
O nível caindo
Desgraça da boa
Mundo-cão, mundo-cão
Acende a audiência
Da televisão.


Isto é lá pra engenheiro
(versão de Isto é lá com Santo Antônio)

Eu pedi com emoção
Ao chefe de redação
Um emprego bem maneiro
O chefe disse que não
O chefe disse que não
Isto é lá pra engenheiro.

Eu pedi com emoção
Ao chefe de redação
Um emprego bem maneiro
Bem maneiro, bem maneiro (pã pã pã pã)
Isto é lá pra engenheiro.