quinta-feira, 29 de agosto de 2013

O jornalismis, segundo Mussum



Sempre dá um branquis na hora de escrever o lidis.

Tá cheiozis de jornalistis querendo ser o novo Bonnis ou a nova Poetis.

Suco de cevadis no botequis deixa os reportis barrigudis.

Jornalistis tem uma vaidadis do caralhis.

Datenis é o reizis do jornalismis marronzis.

Os foquis morrem de medis de perder o deadlinis.

Quando vem o passaralhis, os jornalistis levam um pé no forevis.

O diplomis de jornalistis saiu pra comprar cigarris.

Coletivis bacanis tem filezis ao molho madeiris e muitos jabazis.

Cacildis, o jornalismis é igual a cachacis.


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segunda-feira, 26 de agosto de 2013

Os Outros ou A história das Almas Jornalísticas na redação dos Vivos


Eram quatro as Almas Jornalísticas que perambulavam pela redação habitada pelos Outros, os jornalistas vivos.

A Alma Boêmia era a única que não aceitava a morte. Ficava lá, de um lado pro outro da redação com um cigarro apagado na mão, a pedir fogo aos Outros. Ninguém a via e, mesmo que um repórter com dons mediúnicos a visse, não teria fogo. Não se fumava por ali havia tempos. A Alma Boêmia também se atormentava com a ideia de que poucos bebiam uísque ou cerveja. Vivia-se a ditadura do suco de frutas vermelhas. Sem adição de açúcar.

Havia duas Almas Revisoras, que passavam horas e horas esparramadas em suas poltronas fazendo deboche dos erros de Português dos Outros. Era só alguém deslizar numa concordância ou botar uma vírgula onde não se devia botar uma vírgula para começarem as gargalhadas. Chegavam a engasgar de tanto rir. Ou cair das poltronas.

A quarta alma era a Alma Investigativa, que sonhava encontrar entre os Outros sua alma gêmea. A busca não era fácil, levando-se em consideração que os Outros gostavam muito do tal jornalismo declaratório e dos dossiês customizados. A Alma Investigativa, contudo, não desistia de acreditar na perpetuação da espécie.

Alguns dos Outros ralavam tanto naquela redação que não era incomum ouvi-los dizer, ao fim do dia de trabalho, que estavam mortos. Mas era só uma sensação passageira.

E assim iam-se passando os dias. A Alma Boêmia irritada toda vez que alguém saboreava um sanduíche de peito de peru; as Almas Revisoras zombando dos que, por sua vez, zombavam da língua portuguesa; e a Alma Investigativa apurando um sinal de sua alma gêmea, qualquer sinal, um pontinho luminoso sobre o ombro ou um puta texto investigativo escrito por alguém dos Outros.


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quinta-feira, 22 de agosto de 2013

Duda Rangel Tour em Aracaju e Chapecó


O Duda Rangel Tour 2013 faz, em agosto, mais duas escalas.

A primeira parada será em Aracaju (SE), nesta sexta-feira, dia 23, para o lançamento do livro “A vida de jornalista como ela é” durante o 17º Encontro Sergipano de Comunicação (ENSECOM). O evento é organizado pela Universidade Tiradentes - Unit.

A sessão de autógrafos será após um papo arretado que terei com estudantes e jornalistas de Aracaju, previsto para as 20 horas no auditório da universidade (Bloco D). Conversaremos sobre a vida de jornalista – com seus encantos e desencantos –, os desafios de nossa profissão, o blog Desilusões perdidas e muito mais.

No dia 30 de agosto, também sexta-feira, estarei em Chapecó (SC), para participar da Semana Acadêmica de Jornalismo da Unochapecó. O encontro com alunos e ex-alunos da universidade será às 19 horas, no Salão de Atos, para mais um bate-papo sobre a vida de jornalista e o lançamento do livro.

Nas duas ocasiões, terei mais uma vez o apoio de meus dois personal assessores de imprensa, que adoram uma boca-livre.

Em breve, divulgarei a nova data do encontro no Rio de Janeiro. Caso sua faculdade se interesse por uma palestra e um personal lançamento do livro, é só pedir em dudarangel2009@gmail.com.

Lembro que a venda do livro segue também pela loja no Facebook aqui, com frete grátis para todo o Brasil e a possibilidade de o comprador pedir uma dedicatória.

Obrigado e até mais!


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segunda-feira, 19 de agosto de 2013

Os signos e os jornalistas


O jornalista de Áries é corajoso e impulsivo. Sobe morro não pacificado de boa. “Me dá logo essa porra de colete”, ordena ao próprio chefe. Louco por adrenalina, é perfeito para programas de esportes radicais. Só não peça a um ariano cobrir a escolha de um novo papa ou show acústico do Marcelo Camelo. Porque ele vai ter o impulso de te mandar à merda.

O jornalista de Touro é tão tranquilo, tão tranqüilo, que nem se importa se tranquilo tem ou não tem trema. Se você quiser, ele bota; se não, ele tira. Tem o perfil ideal para os longos plantões. Costuma ser teimoso. Se o entrevistado protestar “mas eu não disse isso que você anotou aí”, o taurino será firme: “disse, sim, senhor”. Mas se o entrevistado quiser, ele tira.

O jornalista de Gêmeos é o melhor dos repórteres investigativos. Adora botar o nariz onde não é chamado. E a orelha e o resto do corpo. Tem uma espécie de comichão ou quentura quando cheira notícia boa no ar. Também costuma investigar as intimidades dos próprios colegas de redação e espalhar os detalhes mais sórdidos por aí. Entre um café e outro.

O jornalista de Câncer, um fofo, trata todo mundo com delicadeza, até o assessor de imprensa que pede para ler a matéria antes da publicação. Romântico, tende a se apaixonar pela fonte, mesmo fonte casada. É o jornalista mais indicado para qualquer função. Só não pise em seu calo, porque ele é capaz de mandar você, delicadamente, tomar naquele lugar.

O jornalista de Leão nasceu para ser o editor, o diretor de redação, o repórter especial-mor. O leonino não é pouca merda, não. Se trabalhar numa assessoria de comunicação, vai querer ser o executivo-mor das contas-mor. Sua personalidade forte tem um charme-mor que seduz focas e estagiários. Emana uma luz jornalística própria, uma luz, tipo assim, mor.

O jornalista de Virgem é o profissional ideal para consertar o texto dos outros. Adora frases como “essa vírgula aqui não existe” ou “tira aquela crase ali antes do verbo”. Grandes revisores, quando estes ainda existiam na face da Terra, foram virginianos. Perfeccionista, ele se autoflagela quando faz alguma merda, chegando a reler manuais inteiros de redação.

O jornalista de Libra, apesar de viver sempre em dúvida se desiste ou não da profissão, curte muito ser jornalista. Desfilar por coletivas ou flutuar por coquetéis de lançamento de qualquer coisa é com ele mesmo. Refinado, o libriano a-do-ra as áreas de cultura e moda. Imparcial, tem grande dificuldade em trabalhar nas grandes revistas semanais do Brasil.

Não existe meio-termo para o jornalista de Escorpião. Ou vai fundo numa apuração ou recusa a pauta. Essa coisa de dar uma aliviada aqui, pegar leve ali não rola. É apaixonado pelo jornalismo a ponto de ficar excitado com uma grande reportagem. Avesso a mimimis, quase não reclama e, por quase não reclamar, quase sempre fica sem assunto no bar.

Amante da liberdade, o jornalista de Sagitário é o que mais sofre com a vida nada livre do jornalista. Alguns são tão aventureiros que chegam a criar seus próprios blogs. Apreciador das línguas estrangeiras (e outras línguas também), ele tem tudo para ser correspondente internacional. É o típico jornalista que, quando criança, sonha cobrir uma guerra.

O jornalista de Capricórnio jamais perde um texto por se esquecer de salvá-lo. Também não perde a hora da entrevista e muito menos o deadline. São os capricornianos que ficam na redação enchendo o saco com o “dez minutos pro fechamento”, “cinco minutos pro fechamento”. Metódico, é o único jornalista capaz de organizar as finanças de jornalista.

O jornalista de Aquário tem uma visão tão grande de futuro que, para ele, o jornalismo impresso já morreu. Lê muito em tablets. Nos tempos da máquina de escrever, ele já concebia algo como um Wikileaks. Entre as moças do tempo, 93% são aquarianas, justamente por conseguirem saber se vai chover ou fazer sol no fim de semana antes de todo mundo.

O jornalista de Peixes tem uma imaginação tão fértil que, para ele, uma reportagem verídica pode se transformar num puta conto de ficção. É muito requisitado para trabalhar como analista econômico ou redator do horóscopo por esta grande capacidade inventiva. Sensível e com medo de se machucar, ele evita, todo fim de mês, olhar o próprio contracheque.


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terça-feira, 13 de agosto de 2013

Fantásticos pacotes turísticos para jornalistas


A Magia das Marginais Engarrafadas – em um roteiro à margem dos Rios Tietê e Pinheiros – fascinantes esgotos a céu aberto –, repórteres de trânsito observam brigas entre motoristas, arrastões e acidentes com motoboys. Opção de voo panorâmico com o comandante Hamilton.

Favelas Misteriosas – desvende os segredos das vielas de comunidades não pacificadas do Complexo da Maré, no Rio de Janeiro, em emocionantes coberturas da guerra entre traficantes e policiais. Favela tour a bordo de um caveirão do Bope.

Carteiradas dos Sonhos – com um programa todo guiado pela blogueira da Capricho, jornalistas interesseiros podem entrar nas baladas mais encantadoras da noite paulistana. Esquema all inclusive, com direito a olhadela na festa, furada de fila e preconceito contra seguranças e hostess inconvenientes.

Maravilhas dos Plantões – descubra o lado exótico de destinos como a sala de imprensa de hospitais de rico, os fóruns de Justiça ou a porta da casa do governador Sérgio Cabral. Os passeios não têm hora para acabar e reservam muitas surpresas aos jornalistas.

As Incríveis Rondas Policiais – um tour de madrugada por distritos policiais de São Paulo promete tirar o fôlego dos visitantes. Conheça as belezas arquitetônicas do 45º DP da Vila Brasilândia e do 70º DP de Sapopemba. Guias bilíngues (português/policialês) acompanham os repórteres mais novos nas entrevistas com os delegados de plantão.

Máquina de Café Clássica – considerado Patrimônio Histórico das Redações, este famoso ponto de peregrinação atrai jornalistas morrendo de sono, os fofoqueiros, os apaixonados, e os sonhadores que, ao depositarem uma moeda na máquina e saborearem um cremoso cappuccino, acreditam que terão uma puta ideia original para o lead de suas matérias.


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quinta-feira, 8 de agosto de 2013

10 passos para o jornalista superar suas crises de vaidade


É recomendável o jornalista adotar alguns mantras para serem utilizados durante uma crise pesada de vaidade, como “sou jornalista, mas não sou foda” ou “quem tem o meu saldo bancário não pode se achar Deus”. Quando o estrelismo se apoderar de você, respire fundo e repita o mantra umas cem ou duzentas vezes. Até a crise passar.

A advertência “não mexe no meu texto” é igual a dizer “não bota a mãe no meio” das brigas de infância. Calma, não somos mais crianças, e alguém mexer no seu texto não precisa virar um conflito. Ok, tem muita gente que mexe no texto alheio só para estragar, mas também evoluímos com boas críticas e sugestões.

Procure, ao máximo, evitar o desejo de ser um novo Arnaldo Jabor. Você pode se machucar. Esta vaidade exacerbada só deve ser praticada por profissionais.

O crachá pendurado no pescoço tem para o jornalista a mesma significação que o falo tem pra neguinho machista, já explicou Freud. Ou Lacan, sei lá, um desses malucos aí. Bom você começar a refletir a respeito.

O abuso de expressões do tipo “como antecipou a Folha com exclusividade” é a prova de que a vaidade pode causar danos cruéis à saúde mental de um jornalista ou a um veículo de comunicação. Coisa mais decadente esta autopromoção. É de bom-tom evitá-la.

A vaidade do “eu acho que sei tudo” é uma das mais comuns a atacar os jornalistas. É emocionante ver um jornalista pesquisando, fuçando um dicionário, aprendendo.

Outro ótimo exercício para controlar a vaidade é ficar uma semana inteira, incluindo sábados, domingos e feriados, sem postar uma foto sua com um entrevistado famoso no Facebook.

Glamour é ter um trabalho digno, com um salário digno. Entendeu? Ok? Podemos passar para o próximo tópico?

Todo jornalista já ouviu em algum momento de sua vida o blá-blá-blá de que a imprensa é o quarto poder. E muitos insistem em acreditar nisso. Nós, jornalistas, temos, sim, o poder de lutar por um mundo melhor e mais justo e, para isso ser possível, não podemos nos sentir melhores, nem piores, que ninguém.

Humildade, aliás, é essencial em todos os momentos da vida de um jornalista. Grande merda se você é blogueira da Capricho.


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terça-feira, 6 de agosto de 2013

Crônica de um jornalista bipolar


Agora estou feliz. A matéria rendeu, repercutiu, incomodou muita gente. Agora estou triste. Um vazio enorme na alma do tamanho do vazio desta página que vou ter que preencher sozinho com sei lá quantos textos. Agora estou feliz. Edição fechada. Hora de descer para o bar e rir e rir e rir de todas as merdas do dia. Agora estou triste. A reportagem que eu fiz com tanta dedicação caiu. Agora estou feliz. Finalmente pingou meu salário na conta. Agora estou triste. Porra, mas já acabou o salário? Agora estou feliz. O cara topou falar comigo, só comigo. Agora estou triste. O cara não soltou nada de interessante, cara chato, vaselina. Agora estou feliz. Pintaram uns frilas bons. Agora estou triste. Essa coisa de a gente estar sempre buscando ser feliz me deixa meio triste, sabe? Agora estou feliz. Além de sorrir para mim, a assessora de imprensa bonitinha elogiou a minha matéria. E eu aposto que ela nem leu. Agora estou triste. Ainda não me pagaram os tais frilas bons. Agora estou feliz. Manchete do jornal, porra! Tô pensando seriamente em não desistir mais do jornalismo. Agora estou triste. Novo corte. Mais 20 amigos sem emprego. Será que não é a hora de eu, sei lá, virar hippie? Agora estou feliz. O cara que desviava o dinheiro da merenda das criancinhas que eu denunciei foi preso. Ih, se fodeu. Agora estou triste. A assessora bonitinha tem namorado. Ih, me fodi. Agora estou feliz. Com um mês de atraso, pagaram os frilas, que, pensando bem, nem eram tão bons assim. Agora estou na dúvida se eu fico triste ou feliz. Agora estou triste. Por que jornalista é sempre cheio de dúvida? Agora estou feliz. Porque a dúvida nos faz pensar, buscar uma saída. Agora estou triste. O computador travou. Agora estou feliz. A assessora de imprensa bonitinha me contou que deu um pé no namorado e tá tristinha por não ter companhia para ver no cinema um filme que ela ama muito. Agora estou triste. Não me sobrou um puto para assistir ao filme que ela ama muito. Vai acabar namoro bem no fim do mês? Agora estou quase cortando os pulsos, mas a assessora bonitinha me liga e diz que descolou dois ingressos com outro assessor. Agora eu fico feliz pra caralho.


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