terça-feira, 28 de maio de 2013

Elogio à rua


A rua deveria ser o comprovante de residência de todo jornalista.

A rua tem cheiros, ruídos, cores. Tem histórias.

A rua tem vida que pulsa, tem tragédia, repulsa, tem o cadáver na esquina.

A rua tem prosas. E muita poesia.

A rua tem os risos e os mijos do carnaval. Tem a manifestação unida jamais será vencida. Tem a repressão, a procissão. A rua tem arte, enchente, comício. A rua é um hospício a céu aberto.

A rua, como escreveu o jornalista e rueiro João do Rio, tem uma alma encantadora.


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quinta-feira, 23 de maio de 2013

Aplicativos para jornalistas


Angry Reporters – divertido game no qual um grupo de repórteres com diploma luta contra uma galera que acha que qualquer Zé Ruela pode ser jornalista. Com estilingues, os repórteres arremessam livros de Adorno e McLuhan nos sem-diploma, que usam escudos com a cara do dotô Gilmar Mendes para se defender.

PeopleSearch – aplicativo destinado a encontrar personagens para matérias. É só o jornalista escolher a categoria de que precisa, do tipo “homens casados que traem as mulheres com outros homens casados”, para obter uma lista com os contatos dos seus personagens.

Despertador Express – serviço bastante útil para jornalistas sem acesso a uma máquina de café em pescoções e plantões de fim de semana. A cada 10 minutos, mensagens como “Acorda, mané!” e “Olha o fechamento!”apitam no celular do usuário.

Where´s My Money? – game clássico da Disney em que você precisa ajudar um jornalista a pagar todas as contas do mês com seu salário. São vários os níveis do jogo, como o da negociação de empréstimo com o gerente do banco e o “quem quer ver minha revistinha da Natura este mês?”.

Espada Ninja – um dos aplicativos mais populares, funciona como uma espécie de editor de textos. Você joga lá 50, 60, 70 linhas de sua matéria e escolhe para qual tamanho quer reduzir. O aplicativo não corta o texto pelo pé, nem muda a sua essência. O processo inverso, transformar 10 linhas em 60, ainda não existe no mercado.

Passaralho Maps – para quem nunca sabe quando um passaralho vai chegar, este aplicativo exibe em um mapa o trajeto e a localização aproximada destas aves malditas que sobrevoam as redações, permitindo aos jornalistas traçar uma rota de fuga. Muito utilizado pelo povo da mídia impressa.

WhatsDown – é um sistema de troca de mensagens instantâneas baixo-astrais. Ele permite o envio de todo tipo de lamentação, revolta ou mimimi para os amigos. Já é o aplicativo queridinho de 10 entre 10 jornalistas, apesar de todo mundo reclamar que ele é muito chato.


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segunda-feira, 20 de maio de 2013

15 atitudes bregas de um jornalista


1. Cobrir o Festival de Cinema do Rio de cachecol num puta calor.

2. Abusar do trio breguice: pochete na cintura, caneta de jabá e bloquinho enfiado no bolso de trás da calça.

3. Devorar o almoço da coletiva como se estivesse há uma semana sem comer.

4. Ficar anotando as respostas atrás de entrevistado só para aparecer na TV.

5. Implorar ao assessor de imprensa ingresso vip para o show do Alejandro Sanz.

6. Fazer entrevista por telefone em inglês e voz bem alta só para mostrar aos colegas ao lado que sabe falar o idioma.

7. Apresentar o Oscar no estúdio da TV no Brasil de vestido longo de festa.

8. Fingir intimidade com entrevistado famoso em coletiva para parecer “amiguinho”.

9. Botar uma moldura dourada em uma matéria assinada e pendurar na parede da sala.

10. Ser colunista social de jornal do interior e se achar “a celebridade da cidade”.

11. Ter um imã de geladeira em formato de microfone ou máquina de escrever.

12. Aplaudir final de coletiva de imprensa.

13. Fazer um coraçãozinho com as mãos para o editor quando ele lhe der uma folga.

14. Tirar foto com gente famosa durante a pauta e publicá-la no Facebook.

15. Continuar visitando comunidades do Orkut, tipo “Amo muito o meu diploma de jornalista” ou “Eu odeio plantão de domingo”. E pior: postar comentários.


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quinta-feira, 16 de maio de 2013

Breve análise sobre o entrevistado neurótico


O entrevistado neurótico fica naquela de querer saber quando a matéria será publicada. Vai sair amanhã, né? Como você não sabe? É que eu já avisei minha família inteira que vai sair amanhã. Quebra esse galho, vai. Mas você não é o repórter? Tá, e quem manda? Sei, e qual o nome do editor?

O entrevistado neurótico caga de medo das próprias declarações. Faz o seguinte: não coloca isso, não. Escreve que a empresa vai resolver o problema em 3 meses. Não, 3 meses, não. Bota 6 meses. Isso. Quer dizer, não sei. Melhor: tira esse negócio de vai resolver. Põe assim: a empresa espera resolver. Não, peraí, deixa eu pensar.

O entrevistado neurótico vive desconfiado do repórter. Você não vai gravar a entrevista? O outro jornalista que falou comigo gravou. Entendi. Mas como você consegue entender essa letra? Parece letra de médico. Consegue mesmo? Olha lá o que você vai escrever, hein? Jornalista adora distorcer o que a gente fala.

O entrevistado neurótico exige que a foto dele saia na primeira página do jornal. Eu prefiro aquela do soquinho no queixo. Ficou ótima! A minha foto vai sair colorida, né? Como assim, você não sabe se vai sair a foto? Não brinca. É o editor que decide isso também? Cacete, repórter não manda porra nenhuma, hein?


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segunda-feira, 13 de maio de 2013

Por que um ser humano aparentemente normal decide ser jornalista?


Porque ele nunca foi bom nessa coisa de álgebra, geometria plana, progressões aritméticas.

Porque ele acredita em cartomante, no Guia do Estudante, em teste vocacional.

Porque Deus estava de folga quando ele decidiu prestar o vestibular.

Porque o anjo da guarda estava de ressaca no dia da prova.

Porque a tia Maria, professora de Redação, disse que ele levava jeito pra escrever.

Porque ele deve ter feito alguma merda grande na vida passada e agora voltou jornalista para pagar a dívida.

Porque ele cresceu ouvindo notícia na rádio e sempre soube que era aquilo que queria pra vida.

Porque todo mundo tem um defeito.

Porque vocação para a pobreza é uma coisa genética em muitas famílias.

Porque ser aparentemente normal é muito chato. O bom é parecer meio maluco.


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quinta-feira, 9 de maio de 2013

10 coisas que toda mãe de jornalista deveria saber


Esse jeito meio estranho do seu filho é normal. Jornalista é um povo esquisito. Não é o caso de a senhora começar a rezar ou procurar um psiquiatra. Ao menos, por enquanto.

Sim, blog não é emprego e não dá dinheiro, mas não há mal algum em deixar sua filha ter um blog. Praticar a nobre arte de escrever é sempre louvável.

O filho da vizinha que é advogado não é melhor do que o seu filho por mais que a desgraçada da vizinha tente te convencer disso.

Não é por sacanagem que sua filha não estará presente no almoço do Dia das Mães. Tem um negócio no nosso ramo chamado plantão e geralmente cai em datas festivas.

Não é por sacanagem que ela também não vai lhe dar um presente decente no Dia das Mães. É falta de grana mesmo. Mas olha: este porta-retratos de segunda mão até que é bonito, hein?

Seu filho ficará feliz se a senhora disser que assistiu à reportagem dele e que ficou tudo maravilhoso. Vale mentir. Ah, a senhora não sabe mentir? Ok, peça então ajuda ao filho da vizinha, o advogado.

Se sua filha não quer prestar concurso público como a senhora tanto sonha, não force a barra. Sim, eu sei que é para o futuro dela. Sim, eu sei que a senhora só quer o bem dela. Sim, minha senhora, eu sei. Porra, eu não falei pra senhora não forçar a barra?

Essa coisa de ele passar o dia (e a noite) em frente ao computador também é normal. Mas é o caso de mandá-lo a um ortopedista com urgência, porque a coluna dele já deve estar toda ferrada.

Essa coisa de sua filha ficar horas sem comer não é greve de fome por uma grande causa. É falta de tempo. Deixe sempre uma maçã perto da bolsa dela. Ela vai te achar a melhor mãe do mundo.

A gente não escolhe as paixões dos nossos filhos. Se eles amam o jornalismo, só resta apoiá-los, por mais que o Banco do Brasil dê mais futuro. Eles vão te achar a melhor mãe do mundo e de todas as galáxias de todos os tempos.


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terça-feira, 7 de maio de 2013

Extratos do diário de Bruna Jornalistinha



“Foi a maior pauta que encarei na vida. Confesso que estava assustada. Mas depois relaxei e a coisa rolou de uma forma bem gostosa. Entrevistar cinco fontes quase ao mesmo tempo não é trabalho para amadoras. Mas eu dei conta. Sempre dou.”

“Adorei o entrevistado de hoje. Homem sério, discreto. Foi direto às respostas. Gosto de homens práticos. E ele não ficou com aquela de ler a matéria antes da publicação. Odeio os caras que ficam pedindo isso. Eles precisam ter mais respeito, limites.”

“Alguns assessores sabem como fazer uma repórter feliz. E a palavra mágica é variar. Foi o caso do moço de hoje. Ninguém aguenta mais press kit com caneta de brinde. O assessor me presenteou com um smartphone. Que tudo. Tento manter o lance do profissionalismo, mas este cara me levou à loucura.”

“Sempre que saio para uma pauta com um fotógrafo, sento no banco de trás do carro. O fotógrafo vai ao lado do motorista, todo-todo, mudando a porra da estação do rádio, bração para fora da janela clicando a bunda das moças na rua. Mas hoje inverti as posições. Avisei pra ele querido, tua vez de ir no banco de trás. E ele topou. Foi uma experiência excitante.”

“Sou contra beijo na boca, mas hoje não resisti. Era muita felicidade para uma jornalista só e o beijo foi uma forma de expressar gratidão. Meu editor disse que eu seria, enfim, contratada, CLT, férias, aquela caralhada toda de benefício. E ainda me deu um aumento de salário. Lindo, né? Espero que a esposa dele não fique sabendo de nada.”


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quinta-feira, 2 de maio de 2013

Sem jeito pra coisa


Sabe o repórter que na coletiva faz uma pergunta que acabou de ser feita por outro repórter? É o Alfredinho. Sabe o repórter que coloca o lead da matéria no último parágrafo? É o Alfredinho. Sabe o repórter desinformado que só lê o caderno de Esportes? Não, não é o Alfredinho. O Alfredinho nem o caderno de Esportes lê.

Alfredinho não leva furo da concorrência. Leva rombo da concorrência. Alfredinho é o jornalista que chega a um velório e pergunta pra família do morto se está tudo bem. É o jornalista que escreve Fiat Uno no campo “Veículo” do formulário de credenciamento. O texto do Alfredinho é tão ruim que nem pra enrolar banana na feira serve.

Alfredinho entrevista perfil fake de celebridade no Twitter e acha que está conseguindo uma puta exclusiva. É o repórter que esquece o celular ligado nas entrevistas reais. Quando o dotô Gilmar Mendes decidiu pelo fim do diploma de jornalista, o diploma do Alfredinho deu um suspiro de alívio.

Alfredinho não sabe reclamar do salário! Não sabe reclamar da pauta ruim que sempre sobra pra ele na reunião de pauta! Alfredinho não leva jeito pra nada. Nem pra reclamar.


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