segunda-feira, 28 de fevereiro de 2011

Frases clássicas sobre jornalismo


“Ser assessor de imprensa vale a pena quando a grana não é pequena” (Fernando Pessoa)

“Tinha uma pauta no meio do caminho” (Carlos Drummond de Andrade)

“Os preguiçosos que me perdoem, mas checar informação é fundamental” (Vinícius de Moraes)

“Há mais coisas entre os donos de jornal e os políticos do que sonha a nossa vã filosofia” (William Shakespeare)

“Pauta que nasce torta nunca se endireita” (Compadre Washington)

“Eduquem os focas e não será preciso castigar os leitores” (Pitágoras)

“Deadline é fogo que arde sem se ver” (Luís de Camões)

“A folga é uma das principais representações de prazer do jornalista” (Sigmund Freud)

“Penso no salário, logo desisto” (René Descartes)

“Ai, que penúria” (Narcisa Tamborindeguy)

“Viver é a coisa mais rara do mundo. A maioria dos jornalistas apenas trabalha” (Oscar Wilde)

“Dê uma chance aos estagiários” (John Lennon)

“Ser jornalista e não ser louco é uma contradição genética” (Che Guevara)

“Fodeu” (Jornalista desconhecido)

“Enquanto eu tiver perguntas e não houver respostas, eu não consigo terminar esta maldita matéria” (Clarice Lispector)

sexta-feira, 25 de fevereiro de 2011

Decálogo do bom jornalista


I. Tenha dúvidas. Quem consulta um dicionário não escreve “exceção” com SS. Verifique a informação com cuidado antes de publicá-la. Quem acha que sabe tudo só faz merda.

II. Por mais que o tempo seja escasso, isso não é desculpa para se acomodar. Corra atrás de histórias curiosas, personagens novos. Fuja dos clichês, das perguntas óbvias.

III. Seja bem-informado, o que não significa ser metido a intelectual. Cultura geral (a útil e a inútil) é essencial. Leia sobre geopolítica e sobre as rainhas de bateria do carnaval.

IV. Não deixe uma matéria importante morrer. Tenha sempre um desfibrilador jornalístico por perto. Desenterre fatos, faça uma exumação de denúncias que caíram no esquecimento.

V. Resista à tentação de viver apenas para ganhar matérias de capa e prêmios Esso. No fim, vamos todos acabar no mesmo lugar: a fila do seguro-desemprego.

VI. Esqueça essa bobagem de quarto poder. Quando o jornalista se acha muito acima do bem e do mal, perde o contato com a realidade. Saia da bolha e vá para a rua.

VII. Não deixe o medo te bloquear. Arrisque, siga seu faro, pergunte, insista, erre, acerte, mude, não tenha complexo de inferioridade. Nossa profissão não permite remorsos futuros.

VIII. Não confie em tudo o que você escuta de uma fonte. Você pode ser usado como repórter transmissor do vírus do boato. Quando o “furo” é grande, o bom jornalista desconfia.

IX. Viva cada dia de sua carreira jornalística como se fosse o último. Até porque, com tantos cortes de emprego nas redações, ele pode ser o último mesmo.

X. Não acredite 100% em decálogos ou qualquer tipo de cagação de regras, principalmente se criados por jornalistas desempregados e com muito álcool no sangue.

quarta-feira, 23 de fevereiro de 2011

Marchinhas jornalísticas de carnaval


Me dá um frila aí (versão de Me dá um dinheiro aí)

Ei, você aí, me dá um frila aí
Me dá um frila aí
Ei, você aí, me dá um frila aí
Me dá um frila aí.

Não vai dar?
Não vai dar, não?
Vou te ligar e ir à redação
Te enlouquecer de tanto insistir
Me dá, me dá, me dá (oi)
Me dá um frila aí.


A audiência do jornal (versão de A pipa do vovô)

A audiência do jornal não sobe mais
A audiência do jornal não sobe mais
Apesar de explorar só desgraça
O jornal já perdeu o seu gás.

Ele tentou uma chacinazinha
O Ibope não deu nenhuma subidinha
Ele tentou mais uma enchentezinha
O Ibope não deu nenhuma subidinha.


Passaralho (versão de Saca-rolha)

Cabeças vão rolar
Um pé na bunda eu não quero é levar
É o passa-passa-passa-passa-passaralho
Vamos saber quem vai sobrar!


Imprensa não é livre (versão de Cachaça não é água)

Você pensa que a imprensa é livre?
Imprensa não é livre, não.
Ser livre é falar verdades
Sem medo de uma demissão.


Ô, produtor (versão de Allah-lá-ô)

Ô, produtor, ô ô ô ô ô ô
Tu demorô, ô ô ô ô ô ô
Pra agendar a entrevista que me falta
A rival foi mais esperta
E furou a nossa pauta.


Nenhum riso (versão de Máscara negra)

Nenhum riso, ó, nem alegria
Mais de dez palhaços de plantão
Todo mundo festejando o carnaval na avenida
E a gente na redação.


Salário do Zezé (versão de Cabeleira do Zezé)

Olha o salário do Zezé!
Será que ele é?!
Será que ele é?! (jor-na-lis-ta)
Olha o salário do Zezé!
Será que ele é?!
Será que ele é?!

Será que ele ganha o piso?
Será que ele é muito ralé?
Parece repórter de rádio
Mas isso eu não sei se ele é.

Melhora o salário dele! (pã pã)
Melhora o salário dele! (pã pã)

Melhora o salário dele! (pã pã)
Melhora o salário dele!


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segunda-feira, 21 de fevereiro de 2011

Eufemismos jornalísticos


A redução de custos é uma realidade em várias empresas de comunicação. = Esqueça, você não vai ganhar aumento este ano.

O jornal está passando por uma reorganização de seu ativo humano. = O jornal está demitindo um monte de jornalista.

Eu gostaria muito, senhor editor, que alguma providência mais drástica fosse tomada contra o seu repórter, que publicou uma notícia equivocada a nosso respeito. = Eu quero que você mande embora o merda do repórter que falou mal da gente.

O doutor está impossibilitado de atender a imprensa neste momento. = Não deu para entender ainda que o doutor não quer dar entrevista?

Por causa das chuvas e dos desmoronamentos, vamos precisar de um reforço em nossa equipe neste fim de semana. = Você acaba de perder a sua folga de fim de semana.

Não quero só números. Vamos dar atenção ao lado humano da tragédia. = Vamos explorar a desgraça humana ao máximo.

A direção do jornal pediu para adotarmos uma linha mais light com o governo para evitarmos desgastes desnecessários. = A direção do jornal pediu para adotarmos uma linha mais light com o governo para não perdermos os anúncios das estatais.

A expressão “situação meia complicada” não é correta e precisa ser evitada, ok? Mais atenção! = Porra, ainda não aprendeu a escrever este Português correto?

Oi, querida, pode ligar mais tarde, por gentileza? É que estamos no meio do processo de finalização da edição. Obrigado. = Que assessora chata você é, hein? Ligou bem na hora do fechamento!

O filme ficou muito aquém das expectativas da crítica e do virtuosismo de seu diretor. = O filme é muito ruim.

O jornalismo é uma profissão apaixonante! = Você nunca vai ficar rico como jornalista!

sexta-feira, 18 de fevereiro de 2011

10 dicas para uma boa cobertura de carnaval


1. Seja na avenida, num baile de salão ou atrás de um trio elétrico, tente fugir das perguntas óbvias quando for entrevistar um folião. Pelo amor de Deus, nada de “muita emoção?” ou “curtindo o carnaval?” ou ainda “e essa energia tem hora pra acabar?”.

2. Evite os personagens manjados, como o gari que samba feliz; o rapaz que sofre para empurrar o carro alegórico, mas faz isso pelo amor à escola de samba; ou a tiazinha gorda na arquibancada do sambódromo que não perde o pique apesar da chuva.

3. Entrevistar um carnavalesco não é missão fácil. Para se ter uma dimensão da encrenca, esse povo tem o ego maior do que o de nós, jornalistas. Seja cauteloso nas perguntas para não magoá-lo e correr o risco de presenciar um dos maiores pitis de sua vida.

4. Se for entrevistar (sub)celebridades em bailes, na concentração ou em camarotes de cervejaria, cheque o nome da pessoa antes de entrar ao vivo na TV. E fale apenas com gente interessante. Não caia naquela lorota dos “projetos artísticos sigilosos”.

5. Não se revolte se esbarrar numa Carla Perez trabalhando como repórter ao seu lado. Pensamentos ruins, como “nosso diploma não vale nada mesmo” ou “poderia ter gastado a grana da faculdade numa lipo”, vão atrapalhar a sua concentração.

6. É fundamental ter cuidados com a voz. Fazer perguntas gritando, em meio ao barulho, deixa qualquer um rouco. Neste caso, não é considerada prática antiética levar a boca para bem perto da orelha do entrevistado. Mas sem enfiar a língua, ok?

7. Prepare-se para todo tipo de adversidade – chuva, sol, altos decibéis de música sem parar, cheiro insuportável de mijo nas ruas, cantadas de baixo nível e, claro, piadinhas como “aí, jornalista, trabalhando no carnaval! Se fodeu, hein?”.

8. No dia da apuração do bloco especial, é conveniente trabalhar com protetores de cabeça e maxilar (como os de pugilistas). Apuração é sempre aquela briga e tumulto de repórteres querendo falar com o presidente da escola campeã ou rebaixada.

9. Se você odeia samba ou axé, cobrir o carnaval ouvindo rock no MP3 player é uma ótima dica. Só não esqueça de tirar os fones do ouvido na hora de uma entrevista. Uma desintoxicação pós-festa (não ouvir Ivete Sangalo durante a quaresma) também é uma boa.

10. Se você é casado e terá de trabalhar os quatro dias, nada de ficar ligando pra casa a todo o momento pra saber se sua mulher ou seu marido está se comportando. Relaxe! E por que não prestar atenção naquela diabinha safada ou no bombeiro musculoso? Afinal é carnaval.

quarta-feira, 16 de fevereiro de 2011

Os melhores (ou piores) aforismos de @duda_rangel no Twitter (parte 2)


O #jornalismo é meio como a mãe: só o jornalista – assim como só o próprio filho – pode falar mal. Os outros, jamais.

Eu odeio editor preguiçoso que, para ajustar a matéria ao espaço da página, corta o conteúdo pelo pé, deixando o texto dos repórteres totalm

A revolução dos jornalistas: liberté, égalité et jabacoulé.

#BBB Ariadna revela que já ganhou dinheiro como prostituta. Lucival: "Sorte sua. E eu que não ganho nada como jornalista?".

Tão famosa quanto a Virada Cultural e a Esportiva é a Virada Jornalística: o trabalho começa na sexta e só acaba no sábado.

E o jornalismo meramente declaratório vê nascer uma nova espécie de repórter: o setorista de Twitter.

Caso Tiririca deixa sindicato em alerta: vai que resolvem exigir que os jornalistas também saibam ler e escrever.

O #publicitário é o cara que se acha "o fodão". O #jornalista é o que tem certeza que é.

O que seria dos jornalistas culturais se proibissem o uso dos adjetivos “visceral” e “emblemático”?

Há basicamente dois tipos de jornalistas: os que ganham mal e os que não ganham bem.

O Tiririca conseguiu em poucas semanas o que muitos jornalistas não conseguem em quatro anos: aprender a escrever.

Jornalista que se preza é devotado às mais nobres questões etílicas. E às questões éticas também.

Se o rapaz do Censo do IBGE perguntar o que, quem, quando, onde, como e por quê, pode apostar que é jornalista desempregado.

Leia também: Os melhores (ou piores) aforismos de Duda Rangel no Twitter (parte 1)

segunda-feira, 14 de fevereiro de 2011

O "jornalista" segundo o novo dicionário de Duda Rangel


Jornalistas. m+f+gls 1 Profissional da comunicação que, quando não está desempregado, trabalha na imprensa. 2 Pessoa que rala pra cacete, ganha mal, mas é apaixonada pelo que faz; o mesmo que artista mambembe; louco. 3 O arauto da verdade e da mentira também. 4 Aquele que adora uma desgraça ou notícia ruim; urubu. 5 (Psicologia) Sujeito vaidoso, com ego muito grande. 6 (depreciativo) Jornaleiro; fofoqueiro; sem-diploma; reporterzinho; escrevinhador. 7 (Sociologia) Indivíduo com grande dificuldade de interação social e familiar, em função do trabalho árduo. 8 (jurídico) Aquele que foi condenado à maluquice perpétua, sem direito a habeas-corpus. 9 (antigo) Profissional que saía às ruas para apurar informações. 10 J. especialista: Aquele que acha que entende muita coisa de um único assunto; J. generalista: Aquele que não entende porra nenhuma de diversos assuntos. 11 (Folclore) Alma boêmia que vaga em noites de lua cheia, nova, minguante, crescente ou mesmo em noites sem lua por bares de reputação duvidosa.

sexta-feira, 11 de fevereiro de 2011

O que os jornalistas fazem no fim de noite


O redator de Geral encontra os amigos no bar – mesmo nos dias em que deixa a redação bem tarde – e, com um copo de chope, brinda a sobrevivência a mais um dia de trabalho.

A repórter de TV, após acompanhar o Big Brother no Multishow, toma umas três xícaras de café forte e começa a escrever o texto que deve entregar no dia seguinte cedinho à editora.

O diagramador liga o computador assim que chega em casa – passou o dia inteiro na frente de outro – e fica fuçando o Facebook alheio, postando no Twitter, curtindo sacanagem.

O foca fica trancado no quarto, deitado na cama, Kafka aberto no peito, olhando pro teto e pensando que já é hora de alugar um apê, mesmo minúsculo, e deixar a casa dos pais.

O redator de Internacional janta com a mulher e os filhos, vê um pedaço do jogo na TV, dá uma transadinha bem meia-boca e prova que existem, sim, jornalistas com vida normal.

A moça do Arquivo, sempre sem sono, assiste a filmes dublados na TV aberta – queria ter dinheiro para pagar um Telecine – e se irrita com o vira-lata do vizinho que late sem parar.

A estagiária dá papinha pro filho, limpa a bunda de merda do filho, se esforça pra lembrar cantigas de ninar pro filho e reflete: “por que dei praquele editor casado sem camisinha?”.

A fotógrafa vai a um inferninho, entra em transe com o mix de música eletrônica e vodca, e esquece que não recebe um aumento de salário há exatos dois anos, três meses e 17 dias.

Duda lembra que precisa escrever um texto para postar no blog na manhã seguinte e que ainda não produziu porra nenhuma. No passado, entraria em pânico, mas agora está relaxado. Um cronista famoso disse certa vez que “o deadline apertado é a melhor inspiração”. Começa a imaginar então o que o redator de Geral boêmio, o foca oprimido, a moça do Arquivo insone estariam fazendo naquele momento.

quarta-feira, 9 de fevereiro de 2011

Fiscais


Há quem acredite que o jornalista, por ter a cabeça mais aberta, trata algumas questões com naturalidade. Bobagem. A homossexualidade, por exemplo, ainda é um tema tabu. Na mesa do bar, quando não estão falando da matéria do dia, filosofando ou reclamando do salário, muitos jornalistas costumam discutir a orientação sexual dos colegas. Dos que não estão presentes, claro.

Raphael: E aquele jornalista novo de música, hein? Bichona total.

Daniela: Ai, Rapha, nada a ver! Só porque ele é do Caderno de Cultura?

Raphael: Dani, é óbvio que ele é viado. Não é tão exagerado quanto o cara lá que cobre teatro, mas é viado. Vocês não viram as roupas justinhas? E aquele All Star vermelho?

Bruno: Peraí, eu também uso roupa justa e não sou gay!

Luís: Ah, Bruno, você eu também não sei, não... (risos)

Raphael: Gente, não é só a roupa. Vocês não leram o texto dele sobre a Lady Gaga? Numa parte lá, o cara usou a palavra “divina”. É ou não é viado?

Daniela: Me disseram que ele é sensível. Só isso. É tão raro ver homem sensível hoje que todo mundo já pensa que é gay.

(O garçom chega com a porção de batata frita)

Luís: Preciso contar uma coisa pra vocês: dia desses lá no café, eu ouvi um papo dele com aquela amiga dele do Roteiro Cultural, a esquisita, sabem?

Raphael: E aí, Luís? Aproveita e passa o sal.

Luís: (passando o sal) Ele dizia à esquisita que estava “amando horrores” a biografia do Ricky Martin. Na boa, isso depõe muito contra o cara.

Bruno: Porra, depõe mesmo, Luís. Se ele não é gay, já foi em alguma encarnação passada.

(Risos gerais)

Daniela: Agora, gente, sem maldade, aquela amiga dele do Roteiro Cultural cola um velcro forte, hein? Putz, meu, certeza!

São raros os jornalistas que não comentam a sexualidade alheia. Lembro-me de um editor que, toda vez que era perguntado sobre a chance de fulano ou sicrano ser gay, tinha uma resposta pronta. E cruel. “Eu que vou saber? Não sou fiscal de cu”.

segunda-feira, 7 de fevereiro de 2011

30 cagadas imperdoáveis de um jornalista


1. Perceber que o gravador está sem pilhas só na hora de ligá-lo.
2. Não ter caneta ao começar uma entrevista.
3. Esquecer o nome do entrevistado (mas se o entrevistado for um ex-BBB, a cagada é perdoável).
4. Escrever um texto cheio de clichês.
5. Colocar uma maldita vírgula entre o sujeito e o verbo.
6. Falar “a nível de” e achar o máximo.
7. Fazer perguntas sem nexo a um entrevistado por desconhecimento do assunto.
8. Chegar atrasado e todo suado a uma pauta importante.
9. Falar palavrões num link de TV acreditando estar fora do ar.
10. Editar a matéria de um repórter e assinar com o nome de outro.
11. “Matar” um personagem vivo por erro de apuração.
12. Cometer uma barriga com base em informação de um perfil fake do Twitter.
13. Confundir boato com fato.
14. Esquecer na redação a credencial para um evento importante.
15. Tornar-se assessor de imprensa mesmo odiando ser assessor de imprensa.
16. Narrar um gol do XV de Piracicaba como se fosse do XV de Jaú (e vice-versa).
17. Continuar fazendo frilas para uma editora que sempre dá o cano na hora de pagar.
18. Não dar ouvidos ao pai quando ele perguntar “você tem certeza que quer estudar mesmo jornalismo?”.
19. Publicar legenda esquecendo de deletar o texto de advertência “checar o nome do careca da foto”.
20. Chegar a uma pauta num velório e perguntar para a família do morto se está tudo bem.
21. Entrar no ar com a boca cheia de biscoitos, principalmente se for na TV Globo.
22. Estender a mão para cumprimentar um entrevistado cego.
23. Perder 50 linhas de um texto que não foi salvo depois de um tilt do computador, a poucos minutos do fechamento.
24. Dar em cima da estagiária gostosa que é amante do diretor de redação.
25. Dar para a fonte achando que só por causa disso terá informação privilegiada.
26. Se empanturrar de comer numa coletiva já estando com uma prévia indisposição estomacal (cagada literal).
27. Esquecer de ouvir o outro lado, mesmo que o outro lado seja o do doutor Paulo Maluf.
28. Levar a(o) namorada(o) para uma pauta roubada num sábado à noite.
29. Interromper uma entrevista porque o seu celular tocou (se o toque for um axé, cagada duplamente imperdoável).
30. Não entender a própria letra no bloquinho de anotações.


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sexta-feira, 4 de fevereiro de 2011

O texto jornalístico


Seria bom, né não, se texto sem clareza fosse crime sem perdão?

Seria bom, não vê, cagar pra essa coisa de o que, quem, quando, onde, como e por quê?

Seria bom, não imagina, se os manuais sufocantes não fossem nossa sina?

Seria bom, não crê, exorcizar a escrita de todo tipo de clichê?

Seria bom, não acha, se o uso da crase não causasse tanta desgraça?

Seria bom, não diga, se as muletas não se intrometessem pra dar liga?

Seria bom, não pensa, achar a cura pro nariz-de-cera, essa doença?

Seria bom, não é, se não cortassem nosso texto pelo pé?

quarta-feira, 2 de fevereiro de 2011

A matéria da sua vida


A repórter buscou ajuda até de Mãe Samantha, a cartomante. Não queria saber nada de futuros namorados, das coisas do coração. Só perguntava sobre a tal grande reportagem da sua vida. Qual seria? Quando seria?

Jornalista não nasceu só para cobrir o buraco na rua.

O jornalista persegue a matéria da sua vida assim como os Cavaleiros da Távola Redonda buscavam o Santo Graal. É o nosso cálice sagrado. Perfeição, prestígio, ascensão.

Há quem nunca consiga encontrar a matéria da sua vida. Sensação de morrer virgem.

A matéria da sua vida é diferenciada. Impactante. Dá notoriedade ao jornalista. Muitas vezes, é apenas fama passageira. Em outros casos, pode abrir portas, janelas, horizontes.

A matéria da sua vida pode ser uma denúncia de derrubar presidente. Ou o chefão da Polícia. Ou o padre pedófilo. Pode ser uma entrevista exclusiva, com o Fidel, ou com o serial killer da zona sul foragido há meses.

A busca pela matéria da sua vida exige reuniões de pauta mentais. Uma viagem interna. Longas reflexões, grandes sacadas. Exige também bom relacionamento com delegados, promotores, políticos e outras fontes influentes. As nada influentes são ainda melhores, como o tiozinho que faz a limpeza no Congresso e conhece histórias que ninguém conhece.

Tem gente que faz de tudo pela matéria da sua vida. Até consultar uma cartomante.

Mãe Samantha segurou as mãos suadas da repórter e, antes de decretar o destino da moça, pigarreou. A grande reportagem da sua vida, minha filha, ainda vai demorar um pouco. Você vai ter que ter paciência. Mas eu vejo um loiro alto e bonito em seu caminho. Serve?