Como hoje tem dia para se comemorar de tudo, por que não um calendário sob medida para os jornalistas? Claro que sem direito a folga, porque já seria pedir demais.
12 de janeiro
Dia da Máquina de Café
30 de fevereiro
Dia do Superaumento de Salário para os Jornalistas
28 de março
Dia do Corretor Ortográfico do Word
1º de abril
Dia da Liberdade de Imprensa
4 de abril
Dia da Carteirada
1º de maio
Dia de Jornalista de Plantão Cobrir Show de Central Sindical
18 de maio
Dia de Combate ao Abuso e à Exploração dos Focas
17 de junho
Dia Nacional de Odiar o Gilmar Mendes
7 de julho
Dia do Filé Mignon ao Molho Madeira
13 de agosto
Dia da Criação da Imprensa Chapa Branca ou Dia do Rabo Preso
19 de agosto
Dia da Luta Contra o Release Tosco
22 de setembro
Dia Mundial Sem Carro de Reportagem
12 de outubro
Dia de Nossa Senhora do Bom Plantão, padroeira dos jornalistas
20 de novembro
Dia da Consciência do Assessor de Imprensa
25 de dezembro
Dia Internacional do Jabá
quinta-feira, 26 de abril de 2012
segunda-feira, 23 de abril de 2012
Exposição “Bloquinhos de jornalista”
O garrancho, 1997 – obra impressionista do repórter mineiro Aristides Gonçalves. O que mais impressiona é que nem ele entende a própria caligrafia. A folha do bloquinho registra entrevista de Gonçalves com promotor de Belo Horizonte, com técnica de escrita “pressa sobre papel”.
A reunião de pauta e o vazio, 2005 – obra sintetiza a angústia e a revolta de um foca (autor desconhecido) que não recebe do pauteiro nenhuma matéria para fazer durante a reunião semanal. Há elementos do dadaísmo e do saco-cheismo nesta obra.
Moça à espera de entrevista, 2007 – obra realista da repórter paulistana Isabelle Tudor revela fragmentos de seu pensamento nas duas horas em que aguardou para falar com o entrevistado. A riqueza dos detalhes da “agenda” é elogiada pelos críticos.
Bilhete de amor, 2010 – Durante coletiva de artista plástico vanguardista, o repórter Valdomiro Seabra tenta seduzir a estagiária de uma publicação concorrente. O bilhete, que passou de mãos em mãos, inclusive pelas mãos do artista – que imaginou se tratar de uma pergunta sobre seu trabalho –, causou grande
polêmica, pelo deboche ao artista e pelo elogio sem pudor ao jabá.
Já comprou o livro do Duda Rangel? Conheça a loja aqui, curta, compartilhe. Frete grátis para todo o Brasil.
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A reunião de pauta e o vazio, 2005 – obra sintetiza a angústia e a revolta de um foca (autor desconhecido) que não recebe do pauteiro nenhuma matéria para fazer durante a reunião semanal. Há elementos do dadaísmo e do saco-cheismo nesta obra.
Moça à espera de entrevista, 2007 – obra realista da repórter paulistana Isabelle Tudor revela fragmentos de seu pensamento nas duas horas em que aguardou para falar com o entrevistado. A riqueza dos detalhes da “agenda” é elogiada pelos críticos.
Bilhete de amor, 2010 – Durante coletiva de artista plástico vanguardista, o repórter Valdomiro Seabra tenta seduzir a estagiária de uma publicação concorrente. O bilhete, que passou de mãos em mãos, inclusive pelas mãos do artista – que imaginou se tratar de uma pergunta sobre seu trabalho –, causou grande
polêmica, pelo deboche ao artista e pelo elogio sem pudor ao jabá.
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sexta-feira, 20 de abril de 2012
Qual editoria mais te seduz?
Esportes
Vantagens:
1. Ninguém vai te censurar se você trabalhar com um visual todo desleixado.
2. Assistir à final do campeonato sem pagar nada.
3. Poder descolar um autógrafo do Neymar para rifar entre os vizinhos.
Desvantagens:
1. Entrevistar boleiro te deixa burro, muito burro demais.
2. Nunca estar presente no churrasco dos amigos nos fins de semana.
3. Sofrer bullying do pessoal das editorias “mais nobres”.
Política
Vantagens:
1. Ter mais chance de emplacar a manchete do jornal.
2. Ter mais chance de emplacar uma puta matéria de denúncia.
3. Ter mais chance de distinguir verdades e mentiras.
Desvantagens:
1. Ser obrigado a conviver com gente escrota que tem o pudê.
2. Ter que sorrir para o candidato safado que faz o V da vitória no dia da eleição.
3. Sofrer bullying dos interesses políticos do patrão.
Cultura
Vantagens:
1. É a editoria campeã da boca-livre.
2. Ter a oportunidade de entrevistar o Santoro ou a Jolie.
3. Ganhar dinheiro com algo que você poderia fazer por lazer.
Desvantagens:
1. Ser pautado para cobrir o show do Michel Teló.
2. Lidar com o egocentrismo e o mau humor de muito artista.
3. Sofrer bullying do pessoal das outras editorias, que vai sempre te achar um pseudo-intelectual.
Economia
Vantagens:
1. Ter mais noção de finanças pessoais e conseguir viver menos tempo no vermelho.
2. Ter uma rotina menos maluca que à das outras editorias.
3. Um dia ser chamado para ser assessor de uma grande empresa e deixar a miséria da redação.
Desvantagens:
1. Fazer sempre as mesmas matérias chatas sobre inflação, taxa de juros, dólar, bolsa.
2. Ter que ver os comentários da Miriam Leitão na Globo News.
3. Sofrer bullying do pessoal de Esportes, que vai sempre te achar muito almofadinha.
Geral
Vantagens:
1. Viver uma rotina nova a cada dia.
2. Viver na rua.
3. Viver o jornalismo de forma intensa.
Desvantagens:
1. Um avião pode cair a qualquer momento, uma chuva pode alagar a cidade a qualquer momento e esse qualquer momento é bem o momento de você ir para casa.
2. É a editoria campeã de pautas roubadas.
3. Sofrer bullying de todo o jornal, por ser o jornalista que mais rala. E um dos que menos ganham.
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Vantagens:
1. Ninguém vai te censurar se você trabalhar com um visual todo desleixado.
2. Assistir à final do campeonato sem pagar nada.
3. Poder descolar um autógrafo do Neymar para rifar entre os vizinhos.
Desvantagens:
1. Entrevistar boleiro te deixa burro, muito burro demais.
2. Nunca estar presente no churrasco dos amigos nos fins de semana.
3. Sofrer bullying do pessoal das editorias “mais nobres”.
Política
Vantagens:
1. Ter mais chance de emplacar a manchete do jornal.
2. Ter mais chance de emplacar uma puta matéria de denúncia.
3. Ter mais chance de distinguir verdades e mentiras.
Desvantagens:
1. Ser obrigado a conviver com gente escrota que tem o pudê.
2. Ter que sorrir para o candidato safado que faz o V da vitória no dia da eleição.
3. Sofrer bullying dos interesses políticos do patrão.
Cultura
Vantagens:
1. É a editoria campeã da boca-livre.
2. Ter a oportunidade de entrevistar o Santoro ou a Jolie.
3. Ganhar dinheiro com algo que você poderia fazer por lazer.
Desvantagens:
1. Ser pautado para cobrir o show do Michel Teló.
2. Lidar com o egocentrismo e o mau humor de muito artista.
3. Sofrer bullying do pessoal das outras editorias, que vai sempre te achar um pseudo-intelectual.
Economia
Vantagens:
1. Ter mais noção de finanças pessoais e conseguir viver menos tempo no vermelho.
2. Ter uma rotina menos maluca que à das outras editorias.
3. Um dia ser chamado para ser assessor de uma grande empresa e deixar a miséria da redação.
Desvantagens:
1. Fazer sempre as mesmas matérias chatas sobre inflação, taxa de juros, dólar, bolsa.
2. Ter que ver os comentários da Miriam Leitão na Globo News.
3. Sofrer bullying do pessoal de Esportes, que vai sempre te achar muito almofadinha.
Geral
Vantagens:
1. Viver uma rotina nova a cada dia.
2. Viver na rua.
3. Viver o jornalismo de forma intensa.
Desvantagens:
1. Um avião pode cair a qualquer momento, uma chuva pode alagar a cidade a qualquer momento e esse qualquer momento é bem o momento de você ir para casa.
2. É a editoria campeã de pautas roubadas.
3. Sofrer bullying de todo o jornal, por ser o jornalista que mais rala. E um dos que menos ganham.
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quarta-feira, 18 de abril de 2012
Amigo de jornalista
Amigo de jornalista costuma ser jornalista. É uma química que rola, sei lá. Mas tem jornalista que prefere amigo de outra profissão. Só pra ficar mais fácil de pedir dinheiro emprestado.
Muitos amigos cruzam o caminho do jornalista ainda na faculdade. Compartilham livros, sonhos, porres. Sobretudo, porres. No busão pro Enecom, amigo é quem vai na poltrona ao lado, gritando se essa porra não virar, olê, olê, olá.
É o amigo quem escuta as lamentações do jornalista no bar. É ele quem pede pro garçom descer mais uma garrafa de cerveja. Rápido, por favor. Só pra fazer aquela dor passar.
Amigo de jornalista é o próprio bar.
Amigo de jornalista é o meu cão, o Nestor. Não porque dizem que o cachorro é o melhor amigo do homem. É que meu cachorro é meio jornalista: tem faro apurado, adora um agradinho e já está acostumado a levar bronca quando faz merda.
Amigo de jornalista é o site da Catho. É o frila que pinta no momento do desespero. É o cheque especial.
Amigo de jornalista é quem indica para um emprego. Aliás, esse aí é um puta amigo!
O bloquinho de anotações é o companheiro de todas as horas. O café, das noites viradas de trabalho. A internet, das noites insones.
Amigo de jornalista é o motorista que voa pras pautas. É o assessor salvador. É o editor que diz que nossa matéria ficou ruim, apesar da ousadia de dizer que nossa matéria ficou ruim.
Amigo de jornalista é quem respeita o nosso trabalho, não manda calar, não manda matar.
É o gravador que não falha. É quem conhece todas as nossas intimidades, os podres, a compulsão por furos.
Amigo de jornalista é o próprio Jornalismo. Porque relação de amizade tem essa coisa de amar, odiar, ficar de mal, fazer as pazes, se distanciar, se reencontrar.
É uma química que rola, sei lá.
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Muitos amigos cruzam o caminho do jornalista ainda na faculdade. Compartilham livros, sonhos, porres. Sobretudo, porres. No busão pro Enecom, amigo é quem vai na poltrona ao lado, gritando se essa porra não virar, olê, olê, olá.
É o amigo quem escuta as lamentações do jornalista no bar. É ele quem pede pro garçom descer mais uma garrafa de cerveja. Rápido, por favor. Só pra fazer aquela dor passar.
Amigo de jornalista é o próprio bar.
Amigo de jornalista é o meu cão, o Nestor. Não porque dizem que o cachorro é o melhor amigo do homem. É que meu cachorro é meio jornalista: tem faro apurado, adora um agradinho e já está acostumado a levar bronca quando faz merda.
Amigo de jornalista é o site da Catho. É o frila que pinta no momento do desespero. É o cheque especial.
Amigo de jornalista é quem indica para um emprego. Aliás, esse aí é um puta amigo!
O bloquinho de anotações é o companheiro de todas as horas. O café, das noites viradas de trabalho. A internet, das noites insones.
Amigo de jornalista é o motorista que voa pras pautas. É o assessor salvador. É o editor que diz que nossa matéria ficou ruim, apesar da ousadia de dizer que nossa matéria ficou ruim.
Amigo de jornalista é quem respeita o nosso trabalho, não manda calar, não manda matar.
É o gravador que não falha. É quem conhece todas as nossas intimidades, os podres, a compulsão por furos.
Amigo de jornalista é o próprio Jornalismo. Porque relação de amizade tem essa coisa de amar, odiar, ficar de mal, fazer as pazes, se distanciar, se reencontrar.
É uma química que rola, sei lá.
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segunda-feira, 16 de abril de 2012
Redação da novela das 6 versus redação de verdade – o jogo dos 7 erros
O blog Desilusões perdidas encontrou sete diferenças básicas entre a redação da fictícia Cena Contemporânea, da novela global “Amor Eterno Amor”, e uma redação de verdade.
1. A redação da novela tem um ambiente de harmonia e pessoas felizes. Há elegância na decoração e móveis que privilegiam o conforto e o bem-estar dos repórteres. Uma redação de verdade não sabe bem o que é isso.
2. Ninguém fala palavrões na redação da novela. Numa redação de verdade, puta que pariu, como tem gente que fala merda.
3. Não se vê ninguém reclamando do salário na redação da novela. Nem vendendo rifa para levantar uma grana. Na redação de verdade, 80% dos jornalistas resmungam que ganham mal. Outros 20% reclamam que não ganham bem.
4. O editor de Moda da redação da novela não é gay. Ou, pelo menos, não dá pinta.
5. A redação da novela não recebe ligações de assessores de imprensa na hora do fechamento.
6. A redação da novela não pertence ao núcleo pobre. Uma redação de verdade é muito núcleo pobre.
7. A redação da Cena Contemporânea tem o André Gonçalves. A redação de verdade, graças a Deus, não tem.
1. A redação da novela tem um ambiente de harmonia e pessoas felizes. Há elegância na decoração e móveis que privilegiam o conforto e o bem-estar dos repórteres. Uma redação de verdade não sabe bem o que é isso.
2. Ninguém fala palavrões na redação da novela. Numa redação de verdade, puta que pariu, como tem gente que fala merda.
3. Não se vê ninguém reclamando do salário na redação da novela. Nem vendendo rifa para levantar uma grana. Na redação de verdade, 80% dos jornalistas resmungam que ganham mal. Outros 20% reclamam que não ganham bem.
4. O editor de Moda da redação da novela não é gay. Ou, pelo menos, não dá pinta.
5. A redação da novela não recebe ligações de assessores de imprensa na hora do fechamento.
6. A redação da novela não pertence ao núcleo pobre. Uma redação de verdade é muito núcleo pobre.
7. A redação da Cena Contemporânea tem o André Gonçalves. A redação de verdade, graças a Deus, não tem.
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quinta-feira, 12 de abril de 2012
O desafio de escrever 30 linhas quando você só tem informação para uma notinha de 10
Danou-se, você pensa.
A primeira estratégia é negociar.
– Ô, editor, não dá pra dar uma diminuída aí no espaço, não? Sei lá, deixar para umas 10 linhas. É o que eu tenho de informação.
– Não tem jeito. Hoje o noticiário tá fraco. Não tem ciclista atropelado, rico seqüestrado, anúncio de prédio novo. E temos que encher uma página inteira. Se vira.
– Ô, diagramador. Não tem como colocar uma foto e diminuir o texto, sei lá, para umas 10 linhas?
– Já tem duas fotos diagramadas, não viu, não?
Negociações encerradas, você pega de novo o bloquinho de anotações para tentar encontrar alguma informação que passou despercebida. Qualquer detalhe. Qualquer merdinha ajuda nesta hora. Mas nada. Lembra que entrevistou o sujeito no passado, sobre o mesmo tema, mas a notícia não chegou a ser publicada. Requentar o fato pode ser a solução. Abre a gaveta, busca os blocos velhos, investiga, acha as anotações. O quê? Não entende a própria letra. Com o tempo, os garranchos tornaram-se indecifráveis. Você pensa em ir até uma farmácia próxima. Farmacêutico decifra qualquer letra. Mas não há farmácia próxima. O fechamento, sim, se aproxima.
Você senta em frente ao computador. Respira fundo. Decide escrever as 30 linhas. Viaja ao passado, à adolescência, quando era conhecido pela imaginação fértil. Escrevia cartas de amor de três, quatro páginas. Tudo inventado. Porra nenhuma de amor. Mas agora é diferente. Jornalismo é coisa séria. Não é carta de amor da juventude. Ah, sim, há as artimanhas. O que seria de um jornalista sem as artimanhas? Em vez de “disse o promotor”, por que não “foi categórico em sua profunda análise o promotor Sebastião Pontes”? Punhetação jornalística!
E o texto sai. Sempre sai.
Depois de tanto esforço, reze apenas para o editor não surgir com aquele papo de que sua matéria foi, enfim, reduzida para as 10 linhas. Na última hora, sempre pode pintar um anúncio de prédio novo, lazer completo, terraço gourmet, o escambau. Coisa fina.
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A primeira estratégia é negociar.
– Ô, editor, não dá pra dar uma diminuída aí no espaço, não? Sei lá, deixar para umas 10 linhas. É o que eu tenho de informação.
– Não tem jeito. Hoje o noticiário tá fraco. Não tem ciclista atropelado, rico seqüestrado, anúncio de prédio novo. E temos que encher uma página inteira. Se vira.
– Ô, diagramador. Não tem como colocar uma foto e diminuir o texto, sei lá, para umas 10 linhas?
– Já tem duas fotos diagramadas, não viu, não?
Negociações encerradas, você pega de novo o bloquinho de anotações para tentar encontrar alguma informação que passou despercebida. Qualquer detalhe. Qualquer merdinha ajuda nesta hora. Mas nada. Lembra que entrevistou o sujeito no passado, sobre o mesmo tema, mas a notícia não chegou a ser publicada. Requentar o fato pode ser a solução. Abre a gaveta, busca os blocos velhos, investiga, acha as anotações. O quê? Não entende a própria letra. Com o tempo, os garranchos tornaram-se indecifráveis. Você pensa em ir até uma farmácia próxima. Farmacêutico decifra qualquer letra. Mas não há farmácia próxima. O fechamento, sim, se aproxima.
Você senta em frente ao computador. Respira fundo. Decide escrever as 30 linhas. Viaja ao passado, à adolescência, quando era conhecido pela imaginação fértil. Escrevia cartas de amor de três, quatro páginas. Tudo inventado. Porra nenhuma de amor. Mas agora é diferente. Jornalismo é coisa séria. Não é carta de amor da juventude. Ah, sim, há as artimanhas. O que seria de um jornalista sem as artimanhas? Em vez de “disse o promotor”, por que não “foi categórico em sua profunda análise o promotor Sebastião Pontes”? Punhetação jornalística!
E o texto sai. Sempre sai.
Depois de tanto esforço, reze apenas para o editor não surgir com aquele papo de que sua matéria foi, enfim, reduzida para as 10 linhas. Na última hora, sempre pode pintar um anúncio de prédio novo, lazer completo, terraço gourmet, o escambau. Coisa fina.
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terça-feira, 10 de abril de 2012
Tetê Camargo, jornalista cultural
O nome de pia é Teotônio Camargo, mas, cá entre nós, isso não é nome de jornalista cultural.
Ficou Tetê Camargo. E ponto.
Tetê acha que entende de Cinema. De Teatro. Moda. Acha que entende de Artes Plásticas. Enfim, Tetê se acha.
Tetê diz ser contra todos os modismos, mas não abre mão do All Star verde, da echarpe de lã e dos óculos com aros gigantes. Porque ouviu dizer que estão na moda.
Tetê vive um tipo de dependência de palavras como idiossincrasia, emblemático, visceral.
Tetê não vê a hora de cobrir o Festival de Cinema de Cannes, só que o máximo que conseguiu até hoje foi acompanhar o Festival Comunitário de Curtas do Capão Redondo.
Tetê suporta blablablá de artista plástico pseudovanguardista apenas para filar um carpaccio de salmão no vernissage.
Tetê é fã do Herchcovitch. Assumido. Cruza as pernas como o Caetano Veloso na primeira fila da SPFW, mas vira macho se algum engraçadinho diz que em Cultura só tem viado.
Tetê sonha ser dramaturgo e ator. Fez até oficina com o Zé Celso. Só que não tem talento pra coisa. O jeito é virar crítico teatral.
Ficou Tetê Camargo. E ponto.
Tetê acha que entende de Cinema. De Teatro. Moda. Acha que entende de Artes Plásticas. Enfim, Tetê se acha.
Tetê diz ser contra todos os modismos, mas não abre mão do All Star verde, da echarpe de lã e dos óculos com aros gigantes. Porque ouviu dizer que estão na moda.
Tetê vive um tipo de dependência de palavras como idiossincrasia, emblemático, visceral.
Tetê não vê a hora de cobrir o Festival de Cinema de Cannes, só que o máximo que conseguiu até hoje foi acompanhar o Festival Comunitário de Curtas do Capão Redondo.
Tetê suporta blablablá de artista plástico pseudovanguardista apenas para filar um carpaccio de salmão no vernissage.
Tetê é fã do Herchcovitch. Assumido. Cruza as pernas como o Caetano Veloso na primeira fila da SPFW, mas vira macho se algum engraçadinho diz que em Cultura só tem viado.
Tetê sonha ser dramaturgo e ator. Fez até oficina com o Zé Celso. Só que não tem talento pra coisa. O jeito é virar crítico teatral.
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quinta-feira, 5 de abril de 2012
A arte de ser jornalista
Ser jornalista é uma arte.
Mas arte daquelas que a gente faz quando é criança.
Travessura.
É isso: ser jornalista é fazer travessura.
Mamãe fica maluca com a gente.
Bota de castigo.
Mas fazer arte é gostoso. A gente quebra regras, se diverte.
O jornalista também quebra regras, também se diverte.
E vive de castigo.
Papai do Céu, não me leve a mal, mas nunca fui um bom menino.
Bons meninos, tadinhos, não viram jornalista.
(Duda Rangel)
Dia 7 de abril é Dia do Jornalista.
Parabéns, meus amigos. E muitas travessuras.
Mas arte daquelas que a gente faz quando é criança.
Travessura.
É isso: ser jornalista é fazer travessura.
Mamãe fica maluca com a gente.
Bota de castigo.
Mas fazer arte é gostoso. A gente quebra regras, se diverte.
O jornalista também quebra regras, também se diverte.
E vive de castigo.
Papai do Céu, não me leve a mal, mas nunca fui um bom menino.
Bons meninos, tadinhos, não viram jornalista.
(Duda Rangel)
Dia 7 de abril é Dia do Jornalista.
Parabéns, meus amigos. E muitas travessuras.
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segunda-feira, 2 de abril de 2012
Teste: sua relação com o Jornalismo está quente?
Responda às perguntas abaixo e descubra a temperatura de seu amor pela profissão. O resultado está no final do teste.
1) Com que freqüência você faz uma matéria com prazer?
A) 4 vezes por semana.
B) A cada 15 dias.
C) Há muito tempo não sei o que é isso.
2) Ultimamente, você tem variado o local de suas reportagens?
A) Sim. Adoro reportagens em lugares públicos.
B) Vez ou outra faço um povo-fala na rua.
C) Não. Fico só na redação, sempre na mesma mesa.
3) Ao escrever um texto, você:
A) Investe nas preliminares, pensando com carinho num texto criativo.
B) Faz o arroz com feijão de sempre.
C) Não vê a hora de acabar a matéria para ficar livre desta obrigação.
4) Você se considera um jornalista romântico?
A) Sim, valorizo um bom jantar boca-livre à luz de velas.
B) Não sou muito, mas acho meigo receber um presentinho-surpresa de um assessor.
C) Quem consegue ser romântico recebendo o salário que eu recebo?
5) Qual assunto domina suas conversas na mesa do bar?
A) Adoro contar minhas grandes reportagens, elogiar a função social do Jornalismo.
B) Evito falar só do meu trabalho, porque este papinho já está me deixando de porre.
C) Reclamo do editor, da falta de folga, das pautas furadas.
6) Quando lê o blog Desilusões perdidas, você:
A) Acha a vida de jornalista trágica, mas engraçada.
B) Acha a vida de jornalista mais trágica do que engraçada.
C) Não acha a menor graça nessa trágica vida de jornalista.
7) Você costuma provocar ciúmes no Jornalismo?
A) Nunca. Acho essa coisa muito adolescente.
B) Às vezes ameaço começar uma faculdade de Direito.
C) Claro, vivo dizendo que a carreira de funcionário público está dando em cima de mim.
8) Quando percebe que alguém sem diploma está flertando com o Jornalismo, você:
A) Desce a porrada, afinal não aceita dividir seu amor com forasteiros.
B) Fica na dúvida se deve tirar satisfações com a pessoa.
C) Não faz nada. O Jornalismo que se defenda sozinho.
9) Você se incomoda em trabalhar 14 horas por dia?
A) Não. Adoro viver abraçadinho com o Jornalismo.
B) Às vezes. Podia ter mais tempo para sair com a minha família.
C) Muito. Esse Jornalismo é grudento e possessivo.
10) Você já broxou com o Jornalismo?
A) Jamais, tenho tesão por essa vida dura.
B) Ontem dei uma desanimada, mas juro que isso nunca tinha acontecido comigo antes.
C) Só funciono com estimulantes, como um café bem forte.
RESULTADOS
Se a maior parte de suas respostas foi a letra “C”: Quando percebemos que escrever uma matéria é tão prazeroso quanto transar com uma boneca ou um boneco inflável, é hora de admitir que o casamento acabou. Busque uma nova paixão.
Se a maior parte de suas respostas foi a letra “B”: Você precisa apimentar sua relação com o Jornalismo. A coisa tá morna demais. Que tal uma aventura, como fazer uma reportagem especial na rua? Não desista, ainda dá tempo de salvar este amor.
Se a maior parte de suas respostas foi a letra “A”: Sua relação com o Jornalismo está quentíssima. É tanto fogo que você é capaz de fazer quatro matérias num só dia. Sem tirar. E, melhor, sem reclamar. Quer prova de amor maior que esta?
1) Com que freqüência você faz uma matéria com prazer?
A) 4 vezes por semana.
B) A cada 15 dias.
C) Há muito tempo não sei o que é isso.
2) Ultimamente, você tem variado o local de suas reportagens?
A) Sim. Adoro reportagens em lugares públicos.
B) Vez ou outra faço um povo-fala na rua.
C) Não. Fico só na redação, sempre na mesma mesa.
3) Ao escrever um texto, você:
A) Investe nas preliminares, pensando com carinho num texto criativo.
B) Faz o arroz com feijão de sempre.
C) Não vê a hora de acabar a matéria para ficar livre desta obrigação.
4) Você se considera um jornalista romântico?
A) Sim, valorizo um bom jantar boca-livre à luz de velas.
B) Não sou muito, mas acho meigo receber um presentinho-surpresa de um assessor.
C) Quem consegue ser romântico recebendo o salário que eu recebo?
5) Qual assunto domina suas conversas na mesa do bar?
A) Adoro contar minhas grandes reportagens, elogiar a função social do Jornalismo.
B) Evito falar só do meu trabalho, porque este papinho já está me deixando de porre.
C) Reclamo do editor, da falta de folga, das pautas furadas.
6) Quando lê o blog Desilusões perdidas, você:
A) Acha a vida de jornalista trágica, mas engraçada.
B) Acha a vida de jornalista mais trágica do que engraçada.
C) Não acha a menor graça nessa trágica vida de jornalista.
7) Você costuma provocar ciúmes no Jornalismo?
A) Nunca. Acho essa coisa muito adolescente.
B) Às vezes ameaço começar uma faculdade de Direito.
C) Claro, vivo dizendo que a carreira de funcionário público está dando em cima de mim.
8) Quando percebe que alguém sem diploma está flertando com o Jornalismo, você:
A) Desce a porrada, afinal não aceita dividir seu amor com forasteiros.
B) Fica na dúvida se deve tirar satisfações com a pessoa.
C) Não faz nada. O Jornalismo que se defenda sozinho.
9) Você se incomoda em trabalhar 14 horas por dia?
A) Não. Adoro viver abraçadinho com o Jornalismo.
B) Às vezes. Podia ter mais tempo para sair com a minha família.
C) Muito. Esse Jornalismo é grudento e possessivo.
10) Você já broxou com o Jornalismo?
A) Jamais, tenho tesão por essa vida dura.
B) Ontem dei uma desanimada, mas juro que isso nunca tinha acontecido comigo antes.
C) Só funciono com estimulantes, como um café bem forte.
RESULTADOS
Se a maior parte de suas respostas foi a letra “C”: Quando percebemos que escrever uma matéria é tão prazeroso quanto transar com uma boneca ou um boneco inflável, é hora de admitir que o casamento acabou. Busque uma nova paixão.
Se a maior parte de suas respostas foi a letra “B”: Você precisa apimentar sua relação com o Jornalismo. A coisa tá morna demais. Que tal uma aventura, como fazer uma reportagem especial na rua? Não desista, ainda dá tempo de salvar este amor.
Se a maior parte de suas respostas foi a letra “A”: Sua relação com o Jornalismo está quentíssima. É tanto fogo que você é capaz de fazer quatro matérias num só dia. Sem tirar. E, melhor, sem reclamar. Quer prova de amor maior que esta?
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