segunda-feira, 31 de agosto de 2009

Um assessor de imprensa, muitas contas


Sem emprego em redação, o jovem jornalista vira assessor de imprensa. É contratado por uma agência para "coordenar" o núcleo de Saúde e Bem-Estar. São apenas duas contas - uma sociedade médica na área de urologia e um spa modernex do interior de São Paulo. Está feliz.

Duas semanas depois, assume mais dois clientes, de outros segmentos – um escritório de advocacia e uma agência de turismo. Mas não era para coordenar o núcleo de Saúde? Já não está tão feliz. No fim do primeiro mês, passa a atender também a associação de moradores de uma favela da Brasilândia, na capital (trabalho voluntário da agência). Começa a ficar de saco cheio.

O ritmo é frenético. Escreve vários releases por dia, muitas vezes, sem ter nada interessante para contar. Reuniões chatérrimas com clientes, cobranças do chefe, jantares com jornalistas, entregas de jabá, campanhas de divulgação, eventos, e-mails pra cá, telefonemas pra lá, o maldito follow up. O seu mailing de contatos da imprensa mais parece uma lista de músicas de cantor de churrascaria: tem de tudo. Em dois meses de trabalho, o saco está prestes a explodir.

A vida seria melhor numa redação? Quem disse que assessor tem vida boa, com horário para entrar e sair e folga de fim de semana? Mas o grande problema é quando tanta informação, de variadas fontes, começa a perturbar a mente do jovem jornalista. Ele precisa saber de tudo, da avançada técnica russa de emagrecimento do spa ao novo pacote Índia Maravilhosa da agência de turismo. Está quase ficando louco.

- Por favor, você pode me confirmar quando será o simpósio Urologia e a Saúde do Homem Moderno?, pergunta um jornalista, ao telefone.

- Dia 17.

- Mas dia 17 é domingo. Tem certeza?

- Opa, desculpa, fiz confusão. Domingo é a final do concurso Garota da Laje na Brasilândia. O simpósio é no dia 27.

sexta-feira, 28 de agosto de 2009

A felicidade nas pequenas coisas


Quando eu era jovem, ainda não existia a profissão de participante de reality show. Eu também não tinha o menor jeito para ser jogador de futebol ou líder de banda de rock. Mas havia uma chance de ficar rico e famoso: ser jornalista. Virei um jornalista cheio de nobres ideais, ilusões e quebrei a cara várias vezes, como já relatei num dos primeiros posts, “As desilusões perdidas”. Tornei-me apenas um pobre anônimo. E corno.

Ontem, eu li um pouco mais sobre o Michael Jackson, um cara que conquistou dinheiro e fama. Mas tinha uma vida de merda. Sim, uma vida de merda, porque é assim que se define a existência de alguém que suplica todos os dias a um médico a aplicação de anestésicos fortíssimos. É muito triste ter de viver sedado para não sentir as dores do corpo e da mente. E eu aqui reclamando de ter me tornado apenas um pobre anônimo. E corno.

Comecei a perceber quanta coisa boa eu vivi na minha carreira de jornalista, mesmo sem ganhar dinheiro e fama. O tesão do jovem Duda ao ver sua primeira matéria assinada não tem preço. A primeira matéria assinada na capa do jornal então me garantiu orgasmos múltiplos. Era delicioso conquistar, após meses, uma entrevista com alguém que não queria falar com jornalistas, mas que acabava falando comigo só para eu parar de encher o saco.

Como eu ficava feliz ao ver um caderno especial feito com tanto carinho e por tanto tempo enfim impresso nas minhas mãos. Como eu ficava feliz ao ouvir a estagiária gostosa dizer que a minha matéria do domingo estava ótima, quando eu achava que estava apenas boa. Como eu ficava feliz ao ter um fim de semana de folga depois de duas semanas trabalhando sem descanso. Como eu ficava feliz ao ganhar um jabá, mesmo que fosse um vinho barato para celebrar o Natal.

quarta-feira, 26 de agosto de 2009

Televisão verdade


Ao ver o global Profissão Repórter da semana passada, sobre a vida em presídios, me lembrei do Documento Especial, jornalístico que ganhou fama a partir de 1989 na TV Manchete. O programa abordava, com irreverência carioca e de forma bem crua, temas polêmicos, como violência, sexo, drogas, sexo, religião e... sexo. Tinha uma edição tosca, mas foi um caso de sucesso de jornalismo investigativo. A apresentação era de Roberto Maya (foto), conhecido também por suas atuações em clássicos do cinema erótico nacional.

Uns amigos mais abastados, que têm TV por assinatura em casa, me disseram que o Documento Especial é reapresentado, há algum tempo, no Canal Brasil. Vasculhei no YouTube e encontrei algumas pérolas, como o episódio “Os pobres vão à praia”, considerado pelo antigo diretor do programa, Nelson Hoineff, o mais significativo de todos. A reportagem mostra um grupo de pessoas do subúrbio carioca barbarizando nas praias da zona sul. São cenas de baixaria total. Hoje em dia na TV, algo semelhante só nas sessões do Senado.

Em outro episódio, “Profissão: prostituto”, o programa apresentou, pela primeira vez na televisão, a Noite dos Leopardos, show de strip-tease masculino na Galeria Alaska, reduto gay do Rio. Revelou também como jovens desempregados e sem rumo na vida (talvez algum jornalista estivesse por lá) decidem vender o corpo para conseguir uns trocados.

Chamado de “televisão verdade”, o Documento Especial era uma espécie de reality show da TV brasileira de 20 anos atrás. Com uma vantagem: sem Kleber Bambam e Diego Alemão. Um prato cheio para quem gosta de jornalismo e do lado B da vida.

segunda-feira, 24 de agosto de 2009

Campanha Jornalista Esperança


Para doar um frila avulso, sem atraso no dia do pagamento, ligue 0500-2009-501.

Para doar um emprego na modalidade pessoa jurídica (sem aquela bobagem de direitos trabalhistas), ligue 0500-2009-502.

Para doar um super-mega-hiper emprego com carteira assinada, ligue 0500-2009-503.

A doação é depositada diretamente na conta do Duda Rangel.

Sua participação é muito importante!

sexta-feira, 21 de agosto de 2009

Confissões de um jornalista


Estava na igreja para se confessar. Junqueira era um repórter de Política, usava terno e gravata, o cabelo e a barba bem aparados e óculos, com ar de seriedade. Nem parecia jornalista. Era um homem de princípios, que tinha medo de queimar no inferno.

– Padre, fiz uma matéria que acabou com a reputação de um homem. Só porque ele é contrário ao partido apoiado pelo jornal em que trabalho. Não concordei, mas fui obrigado pelo meu chefe.

– Engolimos sapos para manter o emprego, meu filho. Você só cumpriu ordens e sente culpa por isso. Reze dez ave-marias.

– Padre, tem uma outra coisa. Numa recente viagem de trabalho, todos os meus colegas falsificaram umas notas fiscais para ter um reembolso melhor. Eu não podia furar com eles. Colocamos tudo na conta do táxi. Ganho um salário de fome, sem hora extra...

– A vida está dura, meu filho. Reze mais dez ave-marias.

– Obrigado, padre, me sinto mais aliviado agora.

– Vá com Deus, meu filho. Mas não se esqueça de pagar sua contribuição para a manutenção da igreja, que anda meio atrasada.

Com todas as contas acertadas, Junqueira seguiu para a redação, onde teria um dia de muito trabalho. Encontraria também a estagiária do caderno de Economia, uma daquelas jovens ambiciosas que adoram homens de terno e gravata. Casado, o repórter sentia-se culpado pela idéia de ceder às provocações da garota, que o estava deixando maluco. Será que queimaria mesmo no inferno? Bem que o padre alertou: a vida está dura.

quarta-feira, 19 de agosto de 2009

A arte jornalística de viajar de graça


Em meio ao perrengue cotidiano, o jornalista busca apegar-se às pequenas coisas boas da profissão. Uma delas é, sem dúvida, viajar de graça. Quem resiste a uma viagem feita a convite de uma empresa aérea, de uma rede de hotéis ou de um festival de cinema? O jornalista espera pela viagem com a ansiedade que uma criança pobre espera pela merenda na escola ou um preso espera pela visita íntima. É uma questão de saciar a fome.

Nos meus tempos de redação, o pessoal do caderno de Turismo distribuía, com freqüência, viagens para repórteres de outras editorias. Já que não existia um plano de carreira, viajar era, ao menos, uma forma de recompensar os jornalistas pela ralação do dia-a-dia. Rolava uma disputa pelos melhores roteiros. Viajar era bom; para um lugar legal, melhor ainda.

Lembro-me até hoje do meu primeiro convite de viagem. O responsável pelo caderno de Turismo me chamou para um café. O grande momento havia chegado. Era foca e, nessa condição, não dava para contar com um destino maravilhoso, mas, como sonhar nunca custou nada, me imaginei em uma praia paradisíaca do Nordeste, num hotel bacana.

- Duda, teu editor te indicou para uma viagem pelo jornal. Você vai passar um fim de semana na Baixada Santista, mais precisamente em São Vicente, e escrever uma matéria sobre a cidade. Garoto de sorte, hein?

Minha sorte foi ter chovido o fim de semana todo, o que me deixou preso no hotel. Viajar para São Vicente era resgatar as férias de minha infância classe média. Era lá que eu passava as noites me divertindo num carrinho de bate-bate e comendo quindim. A barraca do doce ficava em frente à “biquinha”, uma fonte de água que é a grande atração turística da cidade.

A minha primeira viagem a convite de alguém rendeu muita frustração e apenas uma notinha para o caderno de Turismo. Sobre o quê? Sobre a revitalização da “biquinha”.

segunda-feira, 17 de agosto de 2009

A inveja é uma merda


Os amigos, inseparáveis nos tempos do colégio, tomam rumos distintos quando chegam à faculdade. O mais descolado vai estudar jornalismo; o mais nerd, engenharia. O primeiro troca as aulas sobre a Escola de Frankfurt e outras teorias pela cervejada, o truco e o baseado. Vive rodeado de meninas. O segundo dedica noites de sábado a estudar fórmulas e cálculos. O primeiro não perde a oportunidade de sacanear o segundo.

– Que vida chata você tem, hein? Não tem mulher naquela sua faculdade? Só macho? Devia ter estudado jornalismo.

O tempo passa e os velhos amigos estão formados. Num reencontro da turma do colégio, o jovem jornalista lamenta que ganha um salário de merda. Rala, rala e ganha um salário de merda. O jovem engenheiro, trainee numa multinacional, revela que recebe um valor quatro vezes maior. E mais: passará um ano na Suécia, sede da empresa, fazendo um curso de especialização que lhe garantirá uma ascensão ainda mais rápida.

– E o melhor são as minhas colegas de curso, todas mulheres, engenheiras suecas, umas loiras bem gostosas. Ai, que vida chata!

O jovem jornalista busca então uma saída estratégica. Pela direita.

A recém-concluída pesquisa deste blog – O que mais faz sofrer um jovem jornalista em seu emprego? – apontou como vitoriosa a alternativa “Ver o amigo engenheiro ganhar um puta salário como trainne numa multinacional”, com 38% dos votos.

A próxima pesquisa quer saber qual o trabalho de maior risco a que pode estar exposto um jornalista. Quem assusta mais: um terrorista árabe, um deputado ou o Ricardão? Votem!

PS: Ainda em relação ao fato de o jornalista ganhar mal em início de carreira, apenas uma ressalva: com o tempo, as coisas mudam. E ele passará a ganhar muito mal.

sexta-feira, 14 de agosto de 2009

Toddynho


A modelo e apresentadora da RedeTV! Daniela Albuquerque, que acumula a função de mulher do dono da emissora, descobriu sua vocação para o jornalismo de forma inusitada, como revelou, certa vez, à revista Veja. “Eu estava tomando Toddynho no café-da-manhã. Na embalagem, tinha um negócio que explicava as profissões na linguagem de uma criança. O da minha caixinha era sobre jornalismo. Li e falei: ‘Caramba. É isso que tenho de fazer’. Tem tudo a ver com ser modelo”.

Decisões conscientes como esta me fazem acreditar num futuro promissor para a imprensa brasileira.

quarta-feira, 12 de agosto de 2009

Paixões proibidas


Quando eu tinha uns 15 anos, costumava passar os dias quentes de verão dentro de casa, ouvindo o meu LP dos Smiths. Meu pai, com medo de ver o filho se tornar um garoto muito introspectivo, talvez com alguma tendência suicida, resolveu dar um conselho.

- Filho, você precisa sair mais de casa. Por que não vai a um puteiro?

Aceitei o conselho. Achava que a visita ao local seria desastrosa, mas curti a experiência. A menina, só um pouco mais velha do que eu, tinha olhos e lábios lindos, era inteligente, gostava de conversar. Voltei para casa e fui falar com meu pai. Estava encantado pela moça, queria levá-la ao cinema no dia seguinte.

- Porra, meu filho, ficar apaixonado por puta não dá.

Não a levei ao cinema no dia seguinte. Nunca mais a vi.

Lembrei essa história muitos anos depois, quando fui tomar uma cerveja com um velho amigo da faculdade de jornalismo, que há tempos havia mudado de ramo e se tornado um pequeno empresário de sucesso. Contei a ele sobre meu desemprego, e ele quis me convencer a trabalhar como representante comercial (vendedor) de um purificador de água que a empresa dele fabrica. Um fixo todo mês, comissões, chance de ascensão.

Expliquei que, apesar de estar sem emprego, tenho me virado bem com meus frilas. Disse ainda que não consigo fazer outra coisa além de ser jornalista, que amo esta profissão.

- Porra, Duda, ser apaixonado pela profissão de jornalista não dá.

segunda-feira, 10 de agosto de 2009

Eu quero ser correspondente em Roma


Na semana passada, estava assistindo ao Jornal Nacional quando entra uma matéria sobre um certo caos na Venezuela. As imagens, com o off do repórter, mostravam um grupo armado, supostamente pró-Chávez, invadindo uma emissora de televisão em Caracas. Jogaram gás lacrimogêneo, causaram a maior muvuca. Então, vem a passagem do repórter, o correspondente para a América Latina, se não me engano. O cara estava onde? Em Buenos Aires! Sim, a milhares de quilômetros de distância, no outro extremo do continente.

É claro que não dá para pagar a viagem de uma equipe para a Venezuela só para cobrir uma “invasãozinha boba”, mas, aqui entre nós, cobrir da Argentina é muito esquisito também.

Às vezes, eu acho que vida de correspondente internacional está muito fácil hoje em dia. O bicho pega na Faixa de Gaza ou no Paquistão e a cobertura é feita tranqüilamente de Londres ou de Nova York. Tudo na maior paz. E, naturalmente, com a ajuda da Reuters e da internet. O repórter faz aquela passagem básica em frente a algum cartão postal da cidade e já está livre para pegar um cineminha ou um teatro.

Mas a coisa mais bizarra do mundo dos correspondentes internacionais é, sem dúvida, a loira da Globo que fica em Roma, mais precisamente a “setorista do Papa”. Esse é o emprego que eu pedi a Deus. Ah, se o Cara fosse meu amigo e rolasse um Q.I.. Morar numa puta cidade legal e ter uma rotina mais do que light. Eu só me lembro de a loira ter ralado um pouquinho quando o último Papa morreu e o novo assumiu. Passadas a agitação e aquela história da fumaça, ela deve ter respirado aliviada. Tudo voltou ao normal, um bom restaurante, um bom vinho...

sexta-feira, 7 de agosto de 2009

Fantasmas


Antes de entrar para a grande imprensa, mais precisamente em hard news, sentia um frio na barriga só de pensar no tal calhau. Ficava imaginando o que aconteceria comigo se um dia eu não entregasse uma matéria a tempo para o fechamento e, em seu lugar, entrasse um anúncio publicitário. Seria chicoteado em plena redação pelo meu atraso, sob o olhar de sadismo de meus colegas? Demitido por justa causa? Teria meu mísero salário reduzido pela metade?

O fantasma do calhau foi para o início de minha carreira de jornalista o mesmo que o monstro embaixo da cama e a loira do banheiro foram para a minha infância. No caso da loira do banheiro, eu até torcia para ela aparecer de vez em quando, coisa que nunca aconteceu.

Descobri, com o tempo, que anúncio publicitário é até bom. Garante a sobrevivência das empresas de comunicação e, por tabela, a dos jornalistas. O problema para nós, escribas, é quando o espaço dos anúncios começa a invadir o do editorial. Quantas vezes cheguei à redação e vi minha matéria de 50 linhas ser reduzida a uma de 20. Como bem filosofou Beaverbrook, antigo barão da imprensa: “Jornalismo é tudo aquilo que consigo enfiar entre um anúncio e outro”.

Assim como na redação, o departamento comercial dos jornais deve ter o seu “calhau”. Imagino o chefe da área gritando para seus subordinados: “Quem não conseguir fechar sua cota de anúncios até as 14 horas vai se dar mal. Os editores terão de colocar alguma matéria no lugar”. Pobres vendedores de anúncios. Eles também padecem com seus fantasmas.

quarta-feira, 5 de agosto de 2009

A carteirada


Tempos atrás, numa bilheteria de cinema, encontro Pedro, antigo colega de redação. Está ansioso para assistir a Vicky Cristina Barcelona, de Woody Allen. Disseram a ele que, no filme, Scarlett Johansson e Penélope Cruz se beijam na boca. Pedro saca do bolso uma carteirinha de estudante para pagar meia-entrada.

- Voltou pra escola, Pedrão?

- A coisa tá feia, rapaz. Esta eu mesmo fiz. Se perguntam alguma coisa, invento que faço o curso de História da Arte Barroca na Casa do Saber.

Pedro admite que até pagaria o valor total da entrada pela cena lésbico-erótica entre as atrizes. Diz também que se excita ao ver a Penélope falando espanhol.

Mas não pode pagar.

- Tô desempregado, Duda. E neste mês cai o último cheque do meu tratamento dentário.

E ri o riso dos desgraçados.

Pedro me faz lembrar de meus tempos de repórter, quando usava o crachá do jornal ou a carteirinha da Fenaj para invadir eventos culturais, esportivos, festas de bacana. Jornalista adora uma carteirada. É o seu momento de glória, de sentir que está levando algum tipo de vantagem na vida.

- Duda, se quiser, faço uma pra você. Só me manda uma foto e cinco Reais para a plastificação. Preciso estrear o novo Photoshop que comprei na Santa Efigênia.

Me despeço de Pedro e entro na sala do cinema, para ver um outro filme. Sentado no escuro, lá no fundão, penso em sua proposta de uma carteira de estudante falsa e na Penélope beijando a Scarlett. Uma dúvida também me intriga: quem será que faz um curso de História da Arte Barroca?

segunda-feira, 3 de agosto de 2009

Eu tô no Twitter


Depois que a minha mulher me trocou por um legítimo representante da geração Y, daqueles que passam o dia todo ouvindo música num iPod ou em redes sociais na web, cheguei à conclusão de que precisava aderir às novas mídias. Essa coisa de ser um legítimo representante dos tempos da máquina de escrever não estava dando mais certo. A primeira ação foi criar um blog, o Desilusões perdidas, que já celebrou seis meses no ar. Depois, entrei no Orkut e, agora, faço parte do mundo do Twitter (http://twitter.com/duda_rangel).

O jovem Duda, que na faculdade diagramava jornais toscamente, com um lápis e uma régua na mão e um trocadilho infame com a palavra paica (do Inglês, “pica”) na cabeça, nunca imaginou que um dia tudo seria digital. Chegou a era do template, que deixa as coisas mais fáceis. Assim é a vida.

O Twitter foi feito para gente econômica com as palavras – o que é bom, muitas vezes –, e para gente preguiçosa – o meu caso. E, como sou preguiçoso além da conta, já aviso que não vou ficar postando a cada cinco minutos uma mensagem sobre o que estou fazendo. Tentarei ainda evitar tweets que revelem momentos de grande intimidade, como “estou no banheiro; faltou papel higiênico; cadê meu diploma de jornalista?”.

O blog Desilusões perdidas seguirá firme e forte no ar, uma prova clara de que, a cada dia, estou ligado mais e mais à “convergência de mídias”. Aliás, puta expressão mala!