quarta-feira, 30 de março de 2011

Ser jornalista ou não ser?


O meu pai, claro, acha loucura. Gustavo, jornalista é igual a jogador de futebol. Só meia dúzia se dá bem nessa vida. O resto rala. Tem tanta profissão que dá mais futuro, meu filho, sei lá, presta concurso pra Petrobrás, pro Banco do Brasil. Mas isso não combina comigo. A Julinha, minha namorada, botou na cabeça que eu só quero ser jornalista pra trabalhar na TV, ficar famoso e viver rodeado de mulher. Você pensa que eu sou boba, senhor Gustavo? Pode esquecer essa história. Eu é que não vou aturar futuro marido meu cheio de maria-microfone em cima! Eu tenho pena da mulher do Evaristo Costa, sabia? Comigo, não! Explico pra Julinha que o meu sonho é escrever para impresso, que não vou ficar famoso, mas ela não entende. A minha mãe só reza. Pra tudo que é santo. Gustavinho, a Virgem Santíssima vai iluminar o teu caminho e te ajudar a fazer uma boa escolha. Legal a Virgem estar colaborando, mas isso ainda não resolve o meu dilema. O tal do Gilmar Mendes também não quer que eu faça o curso de jornalismo. Até acabou com o diploma. Ah, quer dizer que qualquer um pode ser jornalista? Claro que não, doutor! Já imaginou a Julinha jornalista, doutor? Ela odeia ler e nunca presta atenção na resposta dos outros. Tem também o cara lá do blog que vi esses dias, o Duda Rangel. Ou a Duda Rangel. Ainda não sei se é homem ou mulher. Vive dizendo que jornalista só se fode e coisa e tal. Parece que tem prazer em me desanimar. O único que me apóia é o Marcão. Tudo bem que ele é interesseiro, mas me apóia. Aí, Guzão, fiquei sabendo que jornalista tem entrada livre em tudo que é festa. Verdade, véio? Estuda esse negócio aí e depois não se esquece dos amigos, hein? Ah, tem também a Leonilde, claro, a faxineira da minha mãe, que dá uma força. Ontem, ela até voltou a tocar no assunto. Ô, seu Gustavo, eu queria que o senhor fosse jornalista só pra mostrar a pouca vergonha que é a saúde de gente pobre. No posto lá do bairro falta de um tudo. Nem pediatra pro Maicon César tem. Sim, a Leonilde! É ela quem está me convencendo a ser jornalista.

segunda-feira, 28 de março de 2011

A Lei de Murphy aplicada ao jornalista


Um post dedicado a você, jornalista azarado deste Brasil:

A pilha do gravador sempre acaba no momento mais importante da entrevista.

O computador dá pau bem no dia em que você esquece de salvar o texto.

Sempre que você estiver superatrasado para a pauta, há grandes chances de uma passeata de professores, ecologistas ou anões fechar o trânsito.

No dia em que você escrever a matéria da sua vida, o editor vai esquecer de assinar o seu nome na matéria.

Quando você, enfim, conseguir marcar uma entrevista exclusiva com o Papa, ele morrerá na véspera, vítima de uma overdose de cogumelo do sol.

É bem na loucura do fechamento que a moça do orfanato liga pedindo a sua participação na “campanha do leite”.

Aquela coletiva com almoço no Fasano rola bem no dia em que você só pode tomar sopinha, porque arrancou um dente do siso.

O celular da fonte sempre dá caixa postal quando você precisa falar com ela com urgência.

A máquina de café sempre quebra na noite do seu pescoção.

Frila extra e bom só rola quando você está atolado de trabalho na redação e não pode aceitá-lo.

Se existe 0,0001% de probabilidade de você esquecer o texto num link de TV, você vai esquecer.

No seu fim de semana de folga, chove.

Quando o Pelé morrer, vai morrer, com certeza, no seu plantão.


Já comprou o livro do Duda Rangel? Conheça a loja aqui, curta, compartilhe. Frete grátis para todo o Brasil.

Curta a página do blog no Facebook aqui.

sexta-feira, 25 de março de 2011

Bar de jornalista


Como hoje é sexta-feira, dia bom para encher a cara com os amigos no bar, decidi republicar este post etílico-jornalístico.

Bar de jornalista não tem frescura.

É boteco, botequim. Simples. Não tem hostess na porta. É só chegar, entrar, sentar. Em cadeiras gastas, bambas, sem charme algum. Sem conforto algum. As mesinhas, unidas, viram mesonas e invadem as calçadas. Não tem regras de etiqueta.

Bar de jornalista é tosco. De tão feio, vira cult. A decoração não é assinada por designers. Nas paredes, de pintura descascada ou azulejos velhos, pôsteres de peças de teatro e filmes dividem espaço com a tubulação de água aparente e avisos de “Não aceitamos cheque”. Ar-condicionado aqui não entra. Só ventilador. LCD é luxo. TV tem que ser de tubo.

Bar de jornalista tem cardápio escrito com giz em lousas ou em folhas de sulfite plastificadas, remendadas com durex. Não tem garçom de mau humor. Não tem carta de vinho. Tem cerveja. Em garrafa. Tem moscas que sobrevoam as latinhas de Coca-Cola. Tem porção de calabresa, mandioca, provolone. Coisa boa, de entupir artéria.

Bar de jornalista é barulhento. São vozes que se cruzam, que discutem cultura, política, filosofia, sacanagem. Maledicências. Lamentações. Neuroses. Planos para mudar de vida que nunca saem do guardanapo.

Tem mulheres que pegam batata frita com a mão, homens que não têm vergonha de cruzar a perna como o Caetano Veloso. Tem gente feia, bonita, pobre, não tão pobre assim, branca, preta, multicolor. Tem artista. Tem gay. Tem artista gay. Tem intelectual. Tem gente metida a intelectual. Tem cheiro de mijo que vem do banheiro. Tem vida.

Bar de jornalista não tem frescura. Se tiver, desconfie.

quarta-feira, 23 de março de 2011

Bloqueio


O jornalista olha para a tela em branco. A tela em branco parece rir do jornalista.

E nada.

A mente busca idéias novas, as palavras certas.

Os dedos dançam sobre as teclas, mas não as tocam. A respiração acelera. Os lábios se contorcem.

E nada.

Dizem que o branco é a cor da clareza de pensamentos. Balela. A tela em branco dá ainda mais branco. Luz que não traz nenhuma luz.

Dizem que o branco é a cor da paz, da liberdade. Bobagem. A tela em branco oprime, intimida, provoca: “E aí, mané, vai ficar parado com essa cara de cu?”.

Dizem que o branco é a cor da pureza. Tolice. A tela em branco é virgem sacana. Quer um texto bem-dotado.

O jornalista rói as unhas, bufa, se remexe na cadeira.

E nada.

As palavras insistem em deixar o jornalista na mão. Devem estar em greve, reivindicando textos mais criativos.

segunda-feira, 21 de março de 2011

Frases de advertência para chocar jornalistas


O Ministério da Saúde adverte: o Jornalismo é droga e causa dependência.

O Ministério da Cultura adverte: não ler causa sérios danos ao texto do jornalista.

O Ministério da Educação adverte: a faculdade de Jornalismo pode ser prejudicial à formação de bons jornalistas.

O Ministério do Meio Ambiente adverte: releases tóxicos são nocivos à paciência dos pauteiros.

O Ministério da Justiça adverte: trabalhar muito e ganhar mal é uma tremenda injustiça.

O Ministério do Esporte adverte: a vida de jornalista leva ao sedentarismo e ao aumento da barriga.

O Ministério do Turismo adverte: o Jornalismo é a odisséia de Ulisses.

O Ministério da Pesca não adverte porra nenhuma.

O Ministério da Fazenda adverte: o Jornalismo causa impotência financeira.

sexta-feira, 18 de março de 2011

Guinness Book das redações brasileiras


O carioca Robério Madureira é o jornalista que fez o maior número de perguntas em uma única coletiva de imprensa lotada de repórteres: 12. Robério só não foi além em sua façanha, porque foi contido por repórteres enfurecidos, que imobilizaram o falastrão e enfiaram um pano com éter em seu nariz. Robério perdeu o resto da coletiva, desmaiado entre os cabos dos microfones, mas entrou para o Guinness.

O paranaense Teobaldo Chaves é o jornalista que mais tempo trabalhou sem folgas. Em 2002, emendou importantes coberturas, como a Copa do Mundo, a eleição presidencial e a posse de Paulo Coelho na ABL. Foram 120 dias seguidos. Além de ter o nome registrado no livro dos recordes, Teobaldo recebeu do chefe uma quarta-feira livre para descansar e um tapinha nas costas. Ele ainda aguarda o pagamento das horas extras.

O paulista Laércio Maia é o repórter que conseguiu almoçar em menos tempo durante uma pauta. Em 2009, levou 19 segundos para devorar duas coxinhas de frango com molho de pimenta. O recorde anterior era de outro paulista, que, em 2004, demorou 21 segundos para comer três bolachas cream craker com um copo de água. Laércio busca agora uma nova marca: comer um prato de escondidinho de salsicha em apenas 15 segundos.

O mineiro Juvenal de Oliveira é considerado o maior “Zé Mané” da imprensa brasileira. São registrados 30 anos de sapos engolidos ao longo da carreira. Juvenal já aceitou, por exemplo, ser mandado embora e recontratado como PJ, receber salário com atraso, fazer matéria política chapa-branca a pedido do diretor de Redação, enviar texto para entrevistado aprovar, cobrir show do Latino, do KLB, da Vanusa.

A reunião de pauta mais longa que se tem notícia aconteceu num jornal da Bahia, em 1982: foram 16 horas de muita reflexão acerca do “posicionamento da imprensa enquanto veículo de comunicação social em relação à problemática da divulgação de fatos noticiosos sensacionalistas à sociedade”. A reunião só acabou porque era preciso fechar o jornal. O problema foi que não havia matérias para a edição do dia seguinte. Depois disso, a direção do jornal decidiu que trocaria as redes de balanço por mesa e cadeiras na sala de reunião. Ou não.

A gaúcha Bia Spidermann é a dona do maior lead. Em 1994, precisou de 25 linhas para dar conta daquele negócio de “o que, quem, quando, onde, como e por quê”. Nunca foi batida por outro jornalista, embora existam muitos tentando por aí. A Associação Brasileira dos Jornalistas que Fazem Manuais de Redação a tachou de doente. Há dois anos está internada em uma clínica de reabilitação para repórteres viciados em nariz-de-cera.

quarta-feira, 16 de março de 2011

20 bons motivos para ser jornalista


1. Você poderia ser coisa pior, poderia estar roubando, poderia estar matando.

2. Na faculdade, não rola aquela chatice de Matemática, Física e Química.

3. Você não corre o risco de perder uma grana altíssima na Bolsa de Valores, porque jamais terá condições de juntar uma grana altíssima para investir na Bolsa.

4. Poder almoçar no Fasano vez ou outra sem se preocupar em pagar a conta.

5. Você tem boas chances de não precisar comemorar o aniversário da sua sogra, porque tem boas chances de estar de plantão no dia da festa.

6. Você tem a oportunidade de desenvolver o seu lado criativo: criatividade para conseguir pagar as contas do mês, para conciliar trabalho e casamento.

7. Ter a chance de viver aventuras radicais, como estar num fechamento de jornal diário, sem precisar ser um Indiana Jones.

8. Criar anticorpos para enfrentar certos males, como o trabalho em excesso.

9. No caso dos homens, não precisar fazer a barba todo dia.

10. Contar causos fantásticos sem ficar com fama de pescador.

11. Ser um defensor natural de todo tipo de liberdade.

12. Ajudar a derrubar aquele técnico da seleção brasileira que insiste em escalar o time com três volantes.

13. Na faculdade, você pode se tornar um exímio jogador de truco ou sinuca.

14. Beber pra caralho sem correr o risco de ser malvisto na firma.

15. Ser um pobre sofredor, mas um pobre sofredor com alguns privilégios, como fazer uma entrevista exclusiva com o Pelé.

16. Fazer uma entrevista exclusiva com o Pelé, pegar um autógrafo do Rei, rifá-lo na vizinhança e levantar uma grana.

17. Ter a chance de viajar o mundo inteiro sem gastar nada.

18. Falar mal do novo disco da Preta Gil e ainda ser pago para isso.

19. Não ser refém de uma rotina chata.

20. Desenvolver a capacidade de ter fé: fé que um dia a coisa melhora, fé na Nossa Senhora do Bom Plantão, fé na Mega-Sena acumulada.


Já comprou o livro do Duda Rangel? Conheça a loja aqui, curta, compartilhe. Frete grátis para todo o Brasil.

segunda-feira, 14 de março de 2011

dessintonia fina


o fotógrafo senta no banco da frente do carro o repórter se ajeita na parte de trás o motorista pergunta onde é a pauta o fotógrafo abre a boca de sono o repórter explica o caminho da pauta o motorista começa a correr o fotógrafo sorri o repórter pede cuidado pro motorista o motorista não respeita as leis de trânsito o fotógrafo acende o cigarro o repórter não gosta de cigarro o motorista reclama da fumaça o fotógrafo reclama do trânsito o repórter manda o fotógrafo apagar o cigarro o fotógrafo chama o repórter de viado o motorista começa a fazer fofocas da redação o repórter gosta das fofocas da redação o motorista diz que a maria da fotografia dá pro joão da diagramação o fotógrafo não gosta de saber que a maria da fotografia dá pro joão da diagramação o repórter pergunta se a maria da fotografia não dá pro leal da geral o fotógrafo apaga o cigarro o motorista responde que o leal da geral pega a lia da economia o fotógrafo não gosta das fofocas da redação o motorista liga o rádio o motorista gosta de pagode o fotógrafo gosta de blues o repórter não gosta de pagode nem de blues o fotógrafo desliga o rádio o repórter pede pro motorista ligar o ar-condicionado o fotógrafo não gosta de ar-condicionado o motorista levanta os vidros escuros o fotógrafo não gosta dos vidros escuros o repórter manda o fotógrafo pra merda o fotógrafo abaixa os vidros escuros o motorista desliga o ar-condicionado o fotógrafo gosta de flagrar as cenas da cidade o motorista gosta de flagrar o vaivém das moças o repórter reclama do calor o motorista reclama da falta do pagode o fotógrafo reclama da falta do cigarro o motorista pergunta se a pauta é rápida o repórter diz que a pauta não é rápida o motorista diz que vai aproveitar para visitar uma amiga o repórter diz que o motorista não vai visitar porra nenhuma de amiga o fotógrafo lembra que vai ter almoço na pauta o motorista pede então pro repórter pra ficar no almoço o repórter não gosta que o motorista fique no almoço o fotógrafo diz que uma boca a mais não vai fazer diferença o repórter promete falar com o assessor sobre o almoço do motorista o motorista fica todo satisfeito o motorista gosta de boca-livre o fotógrafo também gosta de boca-livre o repórter gosta de boca-livre mais do que o motorista e o fotógrafo juntos

sexta-feira, 11 de março de 2011

Repórter que é repórter


Repórter que é repórter é um curioso.

Observa, desconfia, questiona, pesquisa, investiga, apura, vasculha, sonda, estuda, fuça, persegue, bisbilhota, sabatina, faz lucubrações. Abelhudices.

Repórter que é repórter tem coragem de ir pra Líbia, Egito, Afeganistão. Repórter que é repórter tem boas fontes. Tem sorte.

Repórter que é repórter faz malabarismos pra sobreviver. É artista de circo, respeitável leitor. Doma entrevistados ferozes. Tira leads da cartola. Anda na corda bamba do emprego. Repórter que é repórter é o palhaço que ri de si mesmo.

Repórter que é repórter sabe que não muda o país. Repórter muda de país. Vira correspondente ou vai se reciclar em Londres. Repórter adora se reciclar em Londres. Repórter que é repórter sabe que não salva o mundo. Repórter salva, no máximo e quando não esquece, o texto que está escrevendo.

Repórter que é repórter tem o olhar apurado. É o menino que espia o banho da prima pelo buraco da fechadura.

Tem o ouvido apurado. É o vira-lata que levanta a orelha a qualquer zunzunzum.

Tem o olfato e o tato apurados. Mete o nariz onde não é chamado. As mãos, os braços, as pernas. Mete o corpo inteiro.

Tem o paladar apurado. Assessor, jamais ouse servir a um repórter coxão duro como se fosse filé mignon ao molho madeira numa coletiva de imprensa!

Repórter que é repórter tem um sexto sentido do caralho.


Já comprou o livro do Duda Rangel? Conheça a loja aqui, curta, compartilhe. Frete grátis para todo o Brasil.

Curta a página do blog no Facebook aqui.

quarta-feira, 9 de março de 2011

Receita para um programa sensacionalista


Ingredientes

1 apresentador egocêntrico e indignado com o mundo
10 minutos de deslizamento de terra com barraco soterrado
1 link de helicóptero com acidente de motoboy
1 menina violentada e esquartejada pelo padrasto bem picadinha
6 minutos de ex-BBB que cobra pensão de jogador de futebol
Uma pitada de suposto crime passional
Chamadas de texto na tela e músicas de fundo fortes (nada light)
Inverdades a gosto

Modo de preparo

Junte todos os ingredientes em uma reunião de pauta algumas horas antes de o programa ir ao ar. Reserve a menina esquartejada para o fim. No primeiro bloco, aqueça a audiência em fogo médio com o deslizamento de terra e o barraco soterrado. Sofrimento de gente pobre e críticas indignadas do apresentador às autoridades dão um sabor especial. No segundo bloco, adicione o link de helicóptero com um acidente bem fresco de motoboy na Marginal do Tietê (de preferência com o corpo ainda se contorcendo na pista) e uma pitada de suposto crime passional para dar mais consistência. No terceiro bloco, acrescente o caso da ex-BBB que cobra a pensão do jogador de futebol. No quarto e último bloco, salpique os pedaços da menina violentada e esquartejada pelo padrasto que estavam reservados. Misture mais um pouco de indignação do apresentador. Tempere o programa o tempo todo com chamadas de texto na tela e músicas de fundo fortes. Se ainda assim o programa ficar insosso ou a audiência esfriar, espalhe algumas inverdades, servindo-as imediatamente.

Rendimento

Pelo menos 6 pontos no Ibope.

sexta-feira, 4 de março de 2011

Pequenas histórias de carnaval


Um post jornalístico-carnavalesco para relembrar.

História 1: Baile gay, 4 horas da manhã, jornalista de TV batalha entrevista no meio do salão com uma foliã (ou folião) ao som de “Cabeleira do Zezé” em altíssimos decibéis.

- Tá curtindo o baile?
- Não entendi. (voz de traveco bem afetada)
- Tá curtindo o baile? (quase gritando)
- Se eu tô curtindo o baile?
- Isso. Carnaval tá muito quente?
- Loucura!
- E qual o seu nome, querida?
- Milão.
- Miltão?
- Milão, moro em Milão.
- Não, perguntei qual o seu nome!
- Ah, o meu nome?
- Sim!
- Sharon Cristina. (voz ainda mais afetada)
- Primeira vez?
- A primeira vez? Foi com 15 anos, com o Jairo, meu primo.


História 2: Sambódromo, 7 horas da manhã, intervalo da transmissão da TV, narrador conversa com o produtor.

- Pelo amor de Deus, mais um café bem forte! Rápido!
- Calma, ainda faltam duas escolas de samba...


História 3: Camarote na avenida, 3 horas da manhã, jornalista de TV aborda atriz ao vivo.

- Primeira vez que você acompanha os desfiles?
- Não, não, já é a décima vez.
- Curtiu a Portela? É sua escola de coração, né?
- Querido, sou Mangueira desde criança.
- E a novela na Globo, como está?
- (Risos debochados) Gente, tô na Record há um ano!


História 4: Praça da Apoteose, Quarta-feira de Cinzas, fim da apuração, repórter, em meio a outros 32 jornalistas, tenta entrevistar o presidente da escola campeã.

- Uma palavrinha, presidente... Presidente?... Emoção?... Calma aí, gente, sem empurrar! Mão na bunda, não, mão na bunda, não...

Leia também: Marchinhas jornalísticas de carnaval e
10 dicas para uma boa cobertura de carnaval

quarta-feira, 2 de março de 2011

20 cagadas imperdoáveis de um assessor de imprensa


1. Exigir que o jornalista deixe seu assessorado ler e aprovar a matéria antes da publicação.

2. Ligar várias vezes para a redação para saber quando a matéria vai sair.

3. Confundir o mailing do Maxpress com uma metralhadora de uso exclusivo de um cego.

4. Prometer uma mesma pauta exclusiva a três jornais diferentes.

5. Ser mais chato do que vendedor da Telefônica ao fazer um follow-up (release não é Detecta, nem Speedy).

6. Desconhecer a rotina de uma redação e ligar bem na hora do fechamento, na hora da reunião de pauta ou na hora em que o pauteiro está tentando seduzir a estagiária.

7. Achar que o assessor é um mero distribuidor de releases; não entender nada de estratégia e planejamento.

8. Ser refém da maldita centimetragem.

9. Mostrar desconhecimento do negócio de seu assessorado quando questionado por um jornalista.

10. Confundir “cultivar relacionamentos” com “puxar o saco”.

11. Acreditar quando o dono da agência disser que lá você terá a qualidade de vida que não tinha na redação.

12. Vender uma pauta sobre os negócios ambientalmente responsáveis de seu cliente a uma revista de Jardinagem.

13. Servir filé mignon ao molho madeira na coletiva de imprensa de lançamento de um restaurante vegetariano.

14. Enviar uma imagem em baixíssima resolução quando o repórter pedir uma com, pelo menos, 300 dpi.

15. Ficar falando um monte de merda (mais do que o assessorado) ao acompanhar uma entrevista.

16. Convocar uma coletiva apenas para dizer que sua cliente, uma ex-BBB, mudou a tintura do cabelo.

17. Presentear o repórter com um vírus, que estava num release bem promíscuo anexado ao e-mail.

18. Agendar uma entrevista com o jornalista e esquecer de avisar o assessorado.

19. Escrever um release bem tosco (longo, chato, sem foco, cheio de erros de português), digno de virar piada na redação.

20. Tentar convencer o jornalista de que o peixe que você está querendo vender é um delicioso filé de salmão quando não passa de uma pescadinha safada (e congelada).

Leia também: 30 cagadas imperdoáveis de um jornalista