segunda-feira, 30 de janeiro de 2012

O jornalismo é como a poesia


O jornalismo e a poesia.
Dor. Lamentação.
Utopia.
A poesia tem paixão,
tem noite maldormida.
Tem corno de plantão.
Quem nunca escreveu versinhos numa tarde de solidão?
E o jornalismo, o que dizer desse cara então?
Tem tudo que a poesia tem.
É caso sem solução.

O jornalismo e a poesia.
Malditos. Marginais.
Vida na periferia.
Em um sebo é lá no fundo,
beeeeem no fuuuuundo...
que fica a poesia.
Mais longe que enciclopédia. Estante de Biologia.
O jornalismo é igualzinho, parece que causa alergia.
Vive sempre em quarentena.
Estranha patologia.

O jornalismo e a poesia.
Inspiração. Beleza.
Magia.
A poesia é urgente,
tem denúncia, apelo.
Tem palavra envolvente.
Quando lida ou cantada fica toda atraente.
Jornalismo é irmão gêmeo, não é nada diferente.
Incomoda e transforma.
Mexe com a alma da gente.

quinta-feira, 26 de janeiro de 2012

50 manias típicas de jornalista


1. Mania de guardar recorte de matéria pra nunca mais ler.

2. Mania de reclamar demais.

3. Mania de passar a madrugada na internet, mesmo depois de um dia intenso de trabalho.

4. Mania de tomar remédio pra dormir.

5. Mania de achar que sabe tudo.

6. Mania de ter opinião sobre tudo.

7. Mania de se sentir perseguido por todos.

8. Mania de querer salvar o mundo.

9. Mania de liberdade.

10. Mania de acreditar que um dia a coisa melhora.

11. Mania de recorrer a velhos clichês na hora de escrever uma matéria.

12. Mania de ajeitar o cabelo um milhão de vezes antes do link.

13. Mania de dar carteirada.

14. Mania de comer e escrever um texto ao mesmo tempo.

15. Mania de deixar o teclado todo cheio de gordura e resto de comida.

16. Mania de querer tudo pra ontem.

17. Mania de fingir riqueza pros vizinhos.

18. Mania de ter um blog.

19. Mania de chegar atrasado às pautas.

20. Mania de tomar café.

21. Mania de escrever um texto enorme e depois ficar cortando pra caber.

22. Mania de ir pra rua e ficar olhando pra tudo e todos, feito cachorro que vive preso em apartamento.

23. Mania de ler 50 vezes o próprio nome estampado na primeira página do jornal.

24. Mania de falar mal dos outros, principalmente de outros jornalistas.

25. Mania de declarar guerra aos assessores de imprensa.

26. Mania de achar que tudo pode render, pelo menos, uma nota.

27. Mania de ficar feliz com qualquer presentinho, feito cachorro carente.

28. Mania de rabiscar umas três frases por página do bloquinho e já pular pra outra.

29. Mania de encher o saco dos amigos na caça de bons personagens.

30. Mania de encher o texto de aspas.

31. Mania de ser DJ nas horas vagas.

32. Mania de ser poeta nas horas vagas.

33. Mania de ser esquisito.

34. Mania de namorar outros jornalistas.

35. Mania de roubar a pauta dos outros.

36. Mania de “produzir” fotos, de orientar personagem, de acabar com a naturalidade.

37. Mania de ser saudosista.

38. Mania de requentar informação.

39. Mania de fazer pergunta óbvia.

40. Mania de se fingir de morto na reunião de pauta pra não pegar roubada do chefe.

41. Mania de pisar no pé do colega na luta pra chegar mais perto do entrevistado.

42. Mania de achar que vai conseguir furos fuçando no Twitter.

43. Mania de desorganização.

44. Mania de parecer envergonhado na hora de tietar entrevistado famoso.

45. Mania de esconder o time de coração quando se é jornalista esportivo.

46. Mania de se sentir mais importante só porque trabalha num jornal grande.

47. Mania de se sentir menos importante só porque trabalha num jornal pequeno.

48. Mania de ir ao bar e passar 76,7% do tempo falando só de jornalismo.

49. Mania de ir ao bar e passar 23,3% do tempo discutindo quem é e quem não é gay na redação.

50. Mania de dizer que não tem manias.


Já comprou o livro do Duda Rangel? Conheça a loja aqui, curta, compartilhe. Frete grátis para todo o Brasil.

Curta a página do blog no Facebook aqui.

segunda-feira, 23 de janeiro de 2012

O jornalismo, de A a Z


Alienante, anárquico, apaixonante.
Bisbilhoteiro, boêmio, biscateiro.
Corajoso, canalha, curioso.
Desconfiado, dateniano, desassossegado.
Egocêntrico, efêmero, excêntrico.
Futriqueiro, figuraça, fuleiro.
Glorioso, googlemaníaco, guloso.
Humano, hediondo, hamletiano.
Inquieto, insone, indiscreto.
Justiceiro, jeitosinho, jornaleiro.
Luciferino, libertário, libertino.
Matinal, mambembe, marginal.
Narcótico, nervosinho, neurótico.
Orgiástico, orgânico, orgástico.
Persistente, provocador, paudurecente.
Querente, quixotesco, quente.
Revolucionário, ranzinza, reacionário.
Sonhador, sobrevivente, sedutor.
Tendencioso, transparente, teimoso.
Unido, urgente, ungido.
Viajante, vaidoso, viciante.
Xerocador, xereta, xavecador.
Zombeteiro, zumbi, zen-dinheiro.

sexta-feira, 20 de janeiro de 2012

O insólito caso da piriguete com nome cheio de consoante


(Checar a grafia do nome da piriguete).

Puta que pariu! Foi só acordar, abrir o jornal e entrar em pânico. A observação ainda estava lá. Publicada. Terceira linha do quinto parágrafo. Mico-mor da minha carreira!

É o que dá fazer na pressa, não revisar o texto. E o editor que deixou passar? Putz, eu sempre tão cuidadoso.

A piriguete é uma das personagens da matéria, uma estudante. Protesto na Paulista pelo direito de ouvir música no iPod durante as aulas. Ela chamava a atenção. A única de microssaia e salto alto. Mas tinha um nome difícil, daqueles cheios de consoante, sabe? Tipo islandês, russo, sei lá.

Nos portais de informação da internet, a gente faz merda, vai lá e corrige. Impresso é diferente. Não tem como abortar informação indesejada. Impresso não tem pílula do dia seguinte.

A chefia gosta de mim, não devo perder o emprego, mas a vergonha tortura. Meu nome lá. Assinado. Vão me dizer que amanhã a vergonha passa, a gente esquece, a vida segue. Só que o hoje é uma eternidade.

Daqui a pouco chego à redação. Já estou até vendo: a galera rindo, sacaneando. Vou ganhar apelido novo: Paulo Piriguete. O Pê Pê. Vou entrar para os anais da imprensa. Virar piada em show do Maurício Menezes.

Será que alguém vai me reconhecer na rua, apontar aquele dedo que diz “ó lá o cara que escreveu piriguete no jornal”? Tormento. Sou o próprio Raskolnikov. Ras-kol-ni-kov. Porra, escrevi certo?

Medo de acessar a web. E-mails aos montes? Uma mensagem indignada da piriguete? E se eu parar nas redes sociais? Nos TTs mundiais? A cagada do repórter viralizada!

Nunca mais deixo este tipo de observação nos textos. E o principal: não entrevisto mais gente com nome difícil. Com nome cheio de consoante. Tipo islandês, russo, sei lá. E imaginar que no protesto tinha um monte de menina com cara de Maria da Graça. Rita de Cássia. Simples. Assim.

quarta-feira, 18 de janeiro de 2012

Previsões para os jornalistas em 2012


Mãe Dinah

- A PEC do Diploma vinga em 2012?
- Quem?
- O diploma de jornalista. Ele volta em 2012?
- Vejo um ano de renascimento para o diproma.
- E isso na prática quer dizer o quê?
- Quer dizer que o diproma saiu pra comprar cigarro, mas volta em 2012, craro que volta.


Pai Reginaldo de Ogum

- O ano de 2012 será bom para os jornalistas?
- Será um ano de muita fartura.
- Vai ter aumento decente de salário?
- Não, fartura de trabalho. O fim do mundo vai render muita pauta.
- Porra, é o fim do mundo mesmo!
- Mas vejo aqui gente que vai adorar essa desgraceira toda, como aquele moço, o Datena.


Clara Zen

- O que os jornalistas podem esperar de 2012?
- 2012 vai ser foda.
- Mas de novo?
- Estamos falando de uma foda no sentido literal. 2012 será o ano da Lua, que rege a fertilidade. Ano de jornalista fazer filho!
- Opa, vai rolar sexo em 2012! Finalmente uma previsão boa.
- A Lua, meu querido, detesta essa coisa só de plantão.

segunda-feira, 16 de janeiro de 2012

Novos provérbios jornalísticos


De detetive, masoquista e louco, todo jornalista tem um pouco.

É ralando que se aprende.

A bom entrevistador meia palavra não basta.

Nunca diga “desse release não beberei”.

É melhor suprimir do que acrescentar.

Escreveu, não leu, barriga comeu.

Um repórter não demitido trabalha por dois.

Um dia é do pauteiro, o outro do assessor.

É melhor não cutucar o anunciante com denúncia curta.

Quem não tem fato caça com boato.

Foca mole em pauta dura tanto bate a cabeça que o prazo fura.

Repórter pilhado tem medo de pauta fria.

Quem ri por último vai rir, com certeza, do desgraçado do Gilmar Mendes.

Antes só do que mal-assessorado.

Filho de jornalista, pobrezinho é.

Errar é danielalbuquerquiano.

Leia também: Provérbios jornalísticos