sexta-feira, 27 de novembro de 2009

As mulheres que não comi


Todo homem gosta de revelar para os outros homens as mulheres que já comeu, mesmo que as tenha comido apenas na imaginação. Se o homem for jornalista, um natural contador de histórias (e de vantagens), as chances de tais aventuras íntimas se tornarem de domínio público aumentam. Quase todo jornalista do sexo masculino é ou já foi um grande comedor.

Lembro-me de um amigo que, certa vez, numa rodinha de homens na redação, gabava-se, eufórico, de ter acabado de transar com uma atriz internacional. Uma moça da Ucrânia lindíssima que viera ao Brasil para um festival de cinema. Entrevistou-a e, depois, foi visitá-la em seu hotel. Não parava de falar nela. Estava insuportável. “Ukraine girls really knock me out, they leave the west behind”, cantarolava pela redação, evocando os Beatles. “Duda, o que são essas mulheres do Leste europeu, meu amigo? Sensacionais!”

Embora eu seja um jornalista autêntico, contador de histórias (e de vantagens), sou pobre de aventuras sexuais. Minhas trepadas mais memoráveis são as que não aconteceram.

A empresária criminosa

Estava com uma história quentíssima nas mãos. Uma empresária bem-sucedida, gostosa e com fama de sedutora estava envolvida em um grande esquema de sonegação fiscal. E eu tinha provas. Encontrei-me com ela num café. Queria ouvir sua versão antes de publicar a matéria. Ela, então, me propôs uma noite de sexo selvagem em troca de meu silêncio. Eu disse que não me venderia por uma noite de sexo. Ela aumentou a oferta: um fim de semana de sexo selvagem em sua mansão de Angra dos Reis. Por alguns segundos, imaginei-me com ela numa banheira de hidromassagem, bebericando um champanhe francês. “Sinto muito. Sou um jornalista ético e com princípios. E, além disso, sou casado e fiel”, respondi. Publiquei a história, que gerou algum barulho. O Ministério Público e a polícia decidiram investigar a empresária, mas o caso foi arquivado pouco depois por conta de “provas insuficientes”. Aprendi que nem todos os homens recusam um sexo selvagem em Angra.

A nova estagiária

O dia em que a nova estagiária chegou à redação foi de grande tumulto, inclusive em meu coração. Logo me apaixonei pelo seu jeito meigo e por sua bunda. Naquela época, eu tinha uma namorada, mas não dava muita importância para essa coisa de fidelidade. Em pouco tempo, ficamos amigos. Eu ainda era foca, talvez dois anos mais velho do que ela, mas falava como se fosse o jornalista mais experiente do pedaço. Mas eu era um pouco imaturo e contava piadas estúpidas, como “o que é um ponto amarelo no alto de um prédio?”. Acho que ela só ria para não me deixar sem graça. Um dia a convidei para ir ao cinema e ela aceitou. Mas não apareceu e nem me deu explicações. Descobri depois que, naquela noite, ela havia ido a um restaurante chique com o editor-executivo do jornal, um homem que falava de vinhos e viagens internacionais, jamais sobre fandangos suicidas.

A jornalista gringa

Quando meu casamento acabou, estava decidido a comer todas as mulheres do mundo. A desforra. Numa coletiva de imprensa, conheci uma jornalista gringa que estava em São Paulo fazendo um documentário sobre a cidade para uma TV de seu país. Tinha um Inglês sofrível, mas era bastante interessante. “De onde você é?”, perguntei. “Da República Checa. Venho de longe. Leste europeu”, ela respondeu. Meu Deus, lembrei-me na hora do meu amigo! “Duda, as mulheres do Leste europeu são sensacionais!” Ela precisava de um guia para lhe apresentar a cidade e eu logo me dispus a desempenhar este papel. Ela adorou. Para impressionar, aluguei um carro com ar-condicionado e fiz um empréstimo no banco para financiar jantares e outros programas bacanas. Contei piadas mais inteligentes (nada de fandangos) e num segundo idioma. Ela ria, estava feliz. Eu ainda mais. Porra, vou comer uma mina do Leste europeu, pensava. Até que ela disparou: “Você é muito divertido. Minha namorada iria adorar você”. E me contou detalhes de sua vida sexual. Era 100% lésbica, não curtia um pinto de jeito nenhum! E eu levei alguns meses para acabar com as minhas dívidas.

7 comentários:

The Ideas of a Vintage Doll disse...

Nenhuma mulher vale a pena, meu amor.

Ro Florêncio disse...

...as mais memoráveis sempre serão as que não aconteceram!! rs

Guilherme Bandeira disse...

Olá!

Conheça o verdadeiro "Fandangos Suicida"...rs.

www.fandangossuicida.com.br

Guilherme Bandeira

goette disse...

O Duda é uma figura, agora que contou das suas melhores transas podia relatar a sua melhor reportagem e divulgar como ficou famoso. rs

Anônimo disse...

Minha piada predileta é a do ponto que foi barrado no baile dos asteriscos.

Adoro ouvir que, na verdade, o ponto é um asterisco que passou gel pra ir à festa.

Ouço mil vezes e dou risada em todas elas. Isso me faz pensar que eu também iria rir com a piada do fandangos suicida.

Não sei o que isso significa, mas não deve ser um bom sinal.

Duda Rangel disse...

Oi, Eliana. E se for um bom sinal?
Beijos.

Carlos Araujo disse...

Veja outra lista de mulheres não comidas no livro "As Mulheres que Não Comi", de P. G. Hellots. Eu li a versão digital da Amazon.
Muito bom!