sexta-feira, 11 de junho de 2010

As matérias mais manjadas de Copa do Mundo


Os cadernos de Esporte dos jornais ou os programas do gênero na TV são uma espécie de Série B ou Segunda Divisão do Jornalismo. Estão bem longe do status do Primeiro Caderno de um jornal, que fala, principalmente, de Política. Mas na Copa do Mundo a coisa muda. O Caderno de Esportes torna-se o mais importante, ganha mais páginas, mais anunciantes.

Repórteres de outras editorias são chamados para uma força-tarefa. Colunistas que não entendem porra nenhuma de futebol aventuram-se a discorrer sobre esquemas táticos. Na TV, os jornalistas esportivos sofrem um choque de elegância e trocam as camisas pólo pela roupa chique. Ficam bonitos, mas não escondem o desconforto com o terno e a gravata.

Preencher tantas páginas dos jornais e tanto espaço na TV apenas com matérias de futebol seria uma grande chatice, então sobram “enfoques diferenciados”. O que falta é criatividade. Confira as matérias mais manjadas de Copa do Mundo, que você com certeza já viu em Mundiais passados e está vendo na edição sul-africana.


Jogadores de búzios, tarólogos, videntes e enganadores em geral apontam quem vai ganhar a Copa. Como cada um indica uma seleção diferente fica difícil saber em quem acreditar.

As torcedoras elegem os jogadores mais gatos do Mundial. Destaque para os que têm as coxas mais grossas e os cabelos mais estilosos. Retranca especial com os atletas italianos.

Os profissionais que não podem assistir aos jogos do Brasil porque estão trabalhando, como policiais, médicos, os caras da empresa de energia elétrica e, claro, vários estagiários.

As insuportáveis matérias sobre os colecionadores de figurinhas dos jogadores da Copa, com o ainda mais insuportável enfoque dos “adultos que viram crianças”.

Gente que não curte futebol. As pessoas que, enquanto está todo mundo enchendo a cara e torcendo pelo Brasil, assistem a um ciclo de filmes poloneses ou visitam um museu vazio.

O comércio de todo tipo de artigo ligado à seleção do Brasil, de bandeirinhas e roupinhas para cachorro a camisinhas falantes que, uma vez vestidas, dizem “pentacampeão”.

Flashes por todo o País de locais públicos com a aglomeração de torcedores durante o jogo do Brasil. Gente de peruca, segurando imagens de santos e, claro, várias gostosas.

Jogadores brasileiros de outras Copas palpitam e falam merda à vontade. Artistas, políticos e outras personalidades não ficam atrás e também palpitam e falam merda à vontade.

Torcedores supersticiosos ensinam mandingas que ajudarão o Brasil a ganhar a Copa, como aquele Zé Mané que assiste a todos os jogos com a mesma cueca verde-amarela fedorenta.

5 comentários:

André HP disse...

Sempre tem uma pancada de videntes pra adivinhar a seleção que ganha a copa. Vamos nacionalizar os videntes e torcer pra eles?

Torcedoras elegendo os mais "lindos" da copa. Vamos fazer um movimento pra mostrar o sexy antebraço dos jogadores de xadrez.

Aos senhores de 30 a 50 anos de idade que colecionam figurinhas da copa, vamos colecionar as calcinhas das mulheres deles.

Abraço!

Laís disse...

nessa época, utilizo a filosofia da boiada...vou para a farra, mas não sou a pessoa mais apaixonada por futebol. porém, nessa copa, minha cerva vai ter q ficar pra depois, pq vou estar trabalhando...

Duda Rangel disse...

André, sempre inspiradíssimo, meu amigo. Adorei a coleção de calcinhas.
Laís, Copa do Mundo é isso mesmo, pretexto para encher a cara de cerveja. :)
Abraços do Duda

Danilo Vital disse...

liMandou bem, o texto cita todos os clichês que sempre aparecem em época de Copa do Mundo.

Falta criatividade. Mas qual é a solução?

A Copa do Mundo, as aglomerações de torcedores, as eleições de jogadores bonitos e as superstições não são simplesmente deixadas de lado se não houver uma solução para isso.

Essa só vai aparecer se estiver pessoal preparado e destacado para uma cobertura in loco. E isso custa caro. E o jornalismo não pode custar caro.

Mandou muito bem, mas não apontou uma solução.

Abraço

Duda Rangel disse...

Danilo, a solução é ter criatividade, uma mínima vontade de fugir da mesmice. Este é um problema de todas as áreas de cobertura do jornalismo. Concordo com você que ter jornalistas preparados custa caro e isso é, sim, um obstáculo, mas vejo também uma certa acomodação de todas as partes, de quem produz notícia e de quem consome. Fica todo mundo feliz com a notícia requentada. Abraços e obrigado pela mensagem.