quarta-feira, 16 de junho de 2010

Diploma de jornalista: aniversário de morte


No dia 17 de junho de 2009, ou seja, há um ano, o então presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Gilmar Mendes, com os mais nobres objetivos democráticos e gastronômicos, decidiu acabar com a obrigatoriedade do diploma para o exercício da profissão de jornalista. Lembro que, naquela noite, foi muito difícil suportar a dor da perda.

A primeira reação que muitos seres humanos têm em relação à morte – neste caso a morte do diploma – é a negação. Quando soube da notícia, não acreditei, achei que fosse pegadinha. Só podia ser, afinal quem poderia fazer, de forma séria, a comparação entre um jornalista e um cozinheiro? “Esse Gilmar Mendes é mesmo um fanfarrão”, pensei, na solidão de meu lar. Mas logo um amigo me telefonou e confirmou a morte. Não era brincadeira, não havia câmeras escondidas em meu apê.

“Esse Gilmar Mendes é mesmo um filho-da-puta”, pensei, novamente na solidão de meu lar, tão logo meu amigo desligou o telefone. Esta é a segunda reação à morte: a raiva. A exemplo de muita gente, tive vontade de ir até Brasília e invadir o STF com uma arma na mão. “Anos dedicados a uma faculdade de Jornalismo e agora, meritíssimo senhor Gilmar Mendes, descubro que meu diploma vale tanto quanto a minha vizinha do apê ao lado. Ou seja, nada. É isso que o senhor tem para me dizer?” E, depois, apertaria o gatilho.

Mas, assim como a negação, a raiva também passou e cheguei à terceira e última fase: a aceitação da morte. Claro que posso sobreviver sem o diploma. Já perdi tanta coisa nessa vida e sobrevivi. Só nos últimos tempos perdi minha mulher para um office-boy, meu emprego e a convivência diária com o Nestor. E não morri. Jornalistas estão mais acostumados a perdas do que a ganhos. E mais: jornalistas estão acostumados a sobreviver. Um ano após a morte do diploma, acho que cumpri meu luto. E aquela história de querer virar cozinheiro sem diploma e abrir um restaurante era tudo bobagem. Birra pura.

10 comentários:

Thays disse...

Duda, você é uma incógnita na minha vida. haha
Por favor, revele essa sua identidade. Mostre o ser que está escondido por tras do blog e twitter! Quando quiser me contar, estarei a disposição.
A propósito, também quero ser amiga de e-mail: thayspettrs@hotmail.com

Bacio!

Thays disse...

escrevi errado. é thayspetters@hotmail.com O CORRETO!

FilipeFerrão disse...

Acompanho teu blog é foda o que um "senhor" formado em direito pode fazer com a gente. Um ano se passou e ainda sofro com essa perda, mas com esperança de reavermos nosso diploma...mesmo depois de um ano, tenho uma vontade de tar um tapa na beiça desse boçal!!!
Mto bom teu blog!!!

Laís disse...

como o tempo passa...
a "maravilhosa" notícia saiu qnd eu tava no ultimo periodo da facul e prestes a colar grau. imagina minha felicidade....
pra piorar, naquele tempo eu entrei no olho de um furacão pq eu passei pra um concurso público e nao consegui tomar posse porque não tinha pego o dito diploma...entrei na justiça e um colega espirito de porco disse que eu queria assumir uma vaga de jornalisma com o diploma de publicidade (minha outra graduação).
Se eu não achasse importante a formação acadêmica, não teria passado cinco anos da minha vida naquela universidade (tive que trancar um período)...Aí vem o dignissimo gilmar dizer que meu diploma não vale nada e meu esforço foi em vão. Essa dor, além de perder um emprego federal e ainda, mesmo somente aparecendo minhas iniciais, ser apontada injustamente como oportunista :/

Ainda bem que a tempestade para mim passou e passei pra um lugar onde ganho mais e tenho menos horas de trabalho :)

E o diploma ainda continua tendo seu valor no mercado sim, mesmo que o "imaculado" supremo diga o contrário.

Júlia Ourique disse...

Olhando o comentario da Thays.. puxa Dudéti tu tem twitter! que legal, adoro seguir os outros, twittar que é bão nada, enfim... todo mundo pensou em mudar de profissao qndo o diploma caiu por terra (relembrando as frases de pastores: "que o demonio caia por terra! aleluia!). Eu pensei em voltar a ser bailarina, em voltar a ser professora, em entrar na facul de psicologia ou gastronomia, até que parei de fogo, e estou no 1º periodo de Jornalismo *olhos brilhantes*

Afonso Verner -------------- Diandra Nunes -------------- Eduardo Godoy ------------- Jean Marcel Ferreira ------- Luana Stadler --------------- disse...

Como diriam nossos sábios "amigos" de um grupo musical de gosto controverso:

"Você não vale nada mas eu gosto de você" (Calcinha Preta sobre o diploma de Jornalismo)

Abraço Duda!

Duda Rangel disse...

Thays, sou realmente uma grande incógnita, inclusive para mim, acredite. Se quiser escrever, meu e-mail é dudarangel2008@gmail.com
Bitter, estou realmente no Twitter (@duda_rangel), tentando sobreviver neste mundo tecnológico.
Filipe, Laís, Eduardo, obrigado pelas participações. E vamos que vamos.
Beijos e abraços a todos, Duda.

Dina disse...

Até hoje, tenho pesadelos com esse dia, Duda. Que ficam mais nebulosos quando enxergo a vida à frente. Só faltou uma questão ao teu post: haverá vida após a morte?

Duda Rangel disse...

Dina, no caso da morte do diploma, há vida, sim. Existe até pauta após a morte. Veja isso (http://migre.me/Qae6)
Beijo do Duda

Alexandre disse...

Pelo que se lê no site da FENAJ eles mesmos não exigem nem o primário completo de seus redatores. Saiba mais aqui: http://domaugostodamateria.wordpress.com