O Meia Hora me trouxe lembranças do finado Notícias Populares, ou simplesmente NP, que circulava em São Paulo. Era aquele que bastava torcer para sair sangue. Na seção policial, não faltavam imagens de cadáveres destroçados. Havia notícias pitorescas. As moçoilas seminuas que embelezavam suas páginas eram, na maioria, trabalhadoras da Rua Augusta. Como eu apreciava a apimentada cobertura do Carnaval! E não posso me esquecer de mencionar o curioso caso do bebê-diabo de São Bernardo. Sempre fui um admirador do lado B da vida!
Gostava também da coluna de Voltaire de Souza, com seus dramalhões humanos que quase sempre terminavam em desgraça. Talvez um cruel retrato do cotidiano de alguns leitores. O NP era célebre por seus textos cheios de gírias e manchetes impagáveis, ótimas sacadas de criativos jornalistas. Pérolas como “Bicha põe rosquinha no seguro” e “Broxa torra o pênis na tomada”. Havia ainda as promoções, do tipo “Compre um presentão para a mulher da sua vida. Mas não esqueça a lembrancinha de sua esposa”.
Certa vez, em sua capa, o NP estampou uma foto de Joana Prado, a então famosa Feiticeira, apenas de véu, brincos e salto alto. A genitália desnuda estava coberta por uma das mãos, onde se lia uma instigante chamada: “Veja a chana na página 5”. Curioso, voei para o destino indicado. Lá, encontrei uma entrevista com Chana, a goleira da seleção brasileira de handebol. Mijei de tanto rir, apesar da frustração. Se eu quisesse ver a Feiticeira por completo teria de ir a uma daquelas bancas vagabundas do centrão, verdadeiros sebos da libertinagem, que vendem Playboys antigas com páginas coladas.

