Meio século depois, é possível encontrar Marcellos aos montes por aí. Como tem jornalista que adora bajular uma atriz famosa ou uma estrela do futebol. Parece que, por um momento, deixam toda a sua insignificância de lado e se tornam importantes. A Via Veneto de Fellini, cheia de celebridades, são hoje as boates badaladas de Rio e São Paulo, o Projac, a porta das igrejas em dia de casamento de gente distinta como o Roberto Justus.
Ser amigo de um famoso pode garantir aos jornalistas algumas facilidades, como entrar em uma festa reservada a poucos ou o acesso a um camarote vip. Já vi repórter esportivo se aproveitar de um suposto bom relacionamento com um jogador de futebol para pedir dinheiro emprestado. Ou para ir a baladas com os boleiros só para impressionar as marias-chuteiras.
Sou um jornalista miserável, sim, do que tipo que aluga DVDs de catálogo, mas mantenho a minha dignidade intacta. Isso significa dizer que jamais precisarei elogiar o “corpinho” da Susana Vieira só para ficar amigo de tal senhora. Deus me livre um dia ser amigo de tal senhora. Sou pobre, mas sou limpinho.