
Tanta obviedade junta me fez lembrar, enquanto tomava o meu soro, as legendas das fotos da Folha de S.Paulo e do UOL, que se limitam a explicar o que todos já estão vendo. Na cobertura do recente debate presidencial promovido por ambos, o portal publicou uma foto de Flávio Florido, reproduzida neste post, com a sensacional legenda: “Microfone utilizado por um dos candidatos à Presidência”. Além da obviedade, cabe outro questionamento: será que o microfone teve desempenho tão decisivo no debate para ganhar um retrato especial?
O jornalismo, na verdade, está cheio de coisas óbvias. Cadê a preocupação com os tais fatos relevantes? Político beijando criancinha, andando de metrô e comendo pastel na feira em período eleitoral é a coisa mais óbvia do mundo. O fato relevante é ele fazer tudo isso depois de eleito. Noticiar que uma participante do Big Brother revelou que fará uma lipoaspiração após o programa para poder posar para a Playboy é a coisa mais normal, esperada e sem graça. Fato relevante é ela anunciar que vai fazer um curso de Filosofia.
Como aquela noite de sábado me deixou mal-humorado!
- Ô, meu amigo, não dá para liberar mais soro aí?, questionei o enfermeiro. Do jeito que esse negócio pinga devagar eu vou ficar aqui até amanhã de manhã.
Quer coisa mais óbvia do que um soro que pinga devagar numa noite interminável num pronto-socorro qualquer?