quinta-feira, 13 de janeiro de 2011
No princípio era o foca
Ser foca é a libertação da condição de mero estudante de jornalismo. Como é insuportável ser por tantos anos um mero estudante. Agonia demais para quem tem pressa de viver tudo na prática. Já notaram como o foca enche a boca para dizer que é, enfim, jornalista?
Ser foca é não ter ainda experiência. É o menino virgem levado pelo pai ao puteiro. Medo danado de falhar. Mas tão grande quanto o frio na barriga é a vontade de descobrir um mundo novo.
Quando se é foca, não há perrengue que não se possa enfrentar. O foca aceita trabalhar por muito pouco ou de graça e não reclama. Pega pauta roubada e acha o máximo. O foca corre todos os riscos, paga todos os micos.
O foca tudo pode. Sensação de imortalidade da infância.
Ser foca é fazer clipping na madrugada, infográfico, notinha baseada em release, pesquisa para a matéria dos outros. É suplicar por uma pauta decente na reunião semanal, assim como o cachorro suplica um carinho do dono.
Ser foca é jogar paciência enquanto o mundo parece pegar fogo.
Ser foca é ter humildade de ouvir os mais velhos, inclusive o mais derrotado de todos. O jornalista velho de estrada não será, com certeza, nenhum modelo de herói para o foca, mas ensinará atalhos salvadores. Quem precisa de heróis é filme americano. O foca precisa aprender a não se perder no caminho.
Ser foca é ter a incrível capacidade – que vai desaparecendo com o tempo – de respirar fundo diante das dificuldades e dizer...
... Que se foda!
10 comentários:
- Anamélia disse...
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Duda, o pior é que todas essas atribuições que você deu, nem são mais do foca. Tudo começa já no estagiário, que hoje em diafaz tudo que o repóter faz, com a difereça da falta do diploma. 
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13 de janeiro de 2011 às 10:56
  
- Wesley Prado disse...
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Concordo com Anamélia. 
 Daqui a pouco, quem vai pagar o pato são os feras dos cursos de jornalismo, do que jeito que a coisa vai...
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13 de janeiro de 2011 às 11:03
  
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Patrícia Fernandes disse...  
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Concordo. O foca hoje é o próprio estudante de Jornalismo. Quando se forma, o estudante já está bem inserido na profissão. 
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13 de janeiro de 2011 às 11:12
  
- Gisa Carvalho disse...
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Adorei: " Um começo sofrido, assim como também são sofridos o meio e o fim." rsrsrsrs E assim mesmo, nós etudantes, ficamos loucos para dizer "enfim, jornalista!" 
 Namel tá certíssima. Aquilo que ninguém quer fazer, manda o estagiário. Só estagiei uma vez em redação e era de TV. Lá, o povo tinha medo de me deixar fazer as coisas, mas quando o trabalho era muito chato sobrava pra mim.
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13 de janeiro de 2011 às 14:19
  
- Bruna Moraes disse...
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Sou estudante de jornalismo e me considerei foca. Agora mais, porque já me vi na maioria das situações citadas pelo Duda. Post incrivel, parabéns! 
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14 de janeiro de 2011 às 00:30
  
- Unknown disse...
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Amei o texto! Mas confesso que me sentia mais foca quando era estagiária... 
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18 de janeiro de 2011 às 12:46
  
- Guilherme Diogo Rodrigues disse...
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Nossa, você descreveu a minha vida!! 
 E olha que ainda sou um estagiário.
 O vida dura!!
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18 de janeiro de 2011 às 15:53
  
- Duda Rangel disse...
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Se a vida de um jornalista com experiência já não é fácil, o que dizer da de um iniciante? Os focas não me deixam mentir. Valeu pela participação de todos. Abraços. 
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18 de janeiro de 2011 às 16:33
  
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Anônimo disse...  
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nem estudo jornalismo ainda e tenho uma puta vontade de fazê-lo. e, er.. sou uma foca haha 
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21 de janeiro de 2011 às 20:40
  
- Duda Rangel disse...
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Laís, bem-vinda ao mundo do jornalismo. Sucesso. 
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23 de janeiro de 2011 às 23:14
  
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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