segunda-feira, 25 de abril de 2011

Manual do guerrilheiro da redação


A liberdade de imprensa avançou muito com a democracia, mas a liberdade do jornalista numa empresa de comunicação ainda é desrespeitada. Abaixo, companheiros, um guia de sobrevivência e de como enfrentar o inimigo, também chamado de patrão.

Se publicar algum comentário crítico ao seu próprio jornal no Twitter ou em outras redes, jamais revele sua identidade. Utilize disfarces. Mostrar a cara significa ser demitido.

Se for agitar uma greve por mais liberdade ou melhores salários, evite reuniões pelos corredores da redação ou na máquina de café. Opte pela clandestinidade dos bares.

Para ninguém desconfiar de seu envolvimento com o movimento, diga “sim” aos mimos do patrão, como festinhas de fim de ano. Recusar jabás do sistema é cair na armadilha.

Para ninguém desconfiar que você está verdadeiramente lutando pelos jornalistas, torne-se líder do sindicato da categoria. No sindicato, o patrão não irá vê-lo como uma ameaça.

Nos plantões intermináveis em hospitais e delegacias, dissemine as idéias subversivas a outros jornalistas, mas com cautela. Cuidado com os motoristas fofoqueiros e traíras.

Suporte com dignidade a tortura, como ser obrigado a fazer matérias institucionais só falando bem do jornal, e jamais seja um delator dos demais companheiros do movimento.

Num interrogatório, se o patrão disser que está pegando sua mulher, releve. É terrorismo psicológico. Pense que, mesmo se for verdade, ele é apenas mais um pegando a sua mulher.

Não descarte a ação violenta. Seqüestrar o patrão pode ser uma boa estratégia. Só liberte o desgraçado se ele se comprometer a não mais publicar matéria chapa-branca em favor deste ou daquele governo, a pagar as horas extras, e a trocar a máquina de café da redação por uma mais moderna, com pelo menos dois tipos de capuccino mais chocolate quente.

8 comentários:

Anônimo disse...

Eu sempre me fodo! Isto aí é pra quem tem o diploma. Como eu não tenho, não adianta fazer qualquer movimentação. Terei que escolher a sala de aula mais próxima para poder trabalhar com jornalismo, Infelizmente. Redação só pra quem é formado. (ironia no level 6)

Alagoano disse...

Ah, como eu sei o que é isso de ser censurado no meu próprio Twitter... Se sei.

Thanius disse...

Comentar aqui com meu nome verdadeiro depõe contra mim. Apesar de não estar trabalhando em nenhuma redação e não ter falado (e não falarei) nada contra "o sistema", meu nome está relacionado a esse post. Queria não ter escrito isso. Na verdade ainda não publiquei o comentário. Posso não publicá-lo. Agora é tard...

Luciana Cavalcanti disse...

"Só liberte o desgraçado se ele se comprometer (...)a trocar a máquina de café da redação por uma mais moderna, com pelo menos dois tipos de capuccino mais chocolate quente."

- É a Revolução!!!

Gisele Gutierrez disse...

Viva la revolucion!!!!

Laís disse...

quem dera que tivesse capuccino por aqui...só tem o cafezinho preto mesmo hehehe

Casa de Mãe joana disse...

Faça como eu! Mantenha-se desempregado, assim não terás que suportar as torturas de patrões!

Abraços

Duda Rangel disse...

A luta continua, companheiros. Abraços a todos!