quarta-feira, 10 de junho de 2009

Em busca do feriado perdido


Hoje sou uma estatística. Sou, mais precisamente, um número e faço parte daquelas pesquisas mensais de desemprego do IBGE ou da Fundação Seade. Tornei-me um indicador econômico, assustadoramente feio, já que estamos em crise. É claro que ser uma estatística não é legal, ainda mais uma estatística ruim, mas tento pensar que tudo na vida tem um lado bom (com exceção do LP do Oswaldo Montenegro, segundo a velha piada). E o lado bom em questão é não ter de trabalhar nos feriadões.

Ah, quantos Natais eu já passei numa redação. Quantos plantões de carnaval. Tem quem goste, é claro, mas eu odiei cobrir certa vez o desfile no sambódromo. Era um foca, louco para estar na praia com os amigos, mas tive de ficar na avenida, entrevistando populares ensandecidos, aquele barulho desgraçado, um cheiro insuportável de mijo na dispersão. Trabalhar no carnaval é um porre. E eu que, quando criança, sonhava em cobrir, algum dia, o concurso A Mais Bela Mulher Casada, no Ilha Porchat.

Nas redações, a definição de quem trabalha e de quem folga nos feriados é uma verdadeira batalha. Escalas e mais escalas, privilégios para uns, reclamações dos outros. Cansei de ouvir e dizer frases do tipo “já fiz plantão no carnaval, meu amigo, nem fodendo que eu vou trabalhar na Páscoa” ou “o problema é teu se você não vê a tua querida mãezinha há cinco anos; eu vou folgar no Natal e ponto final”.

Hoje, todos os dias são feriados para mim, mas o feriado desta semana, de Corpus Christi, será especial, porque terei quatro dias com o Nestor. Estou com a maior saudade daquele cachorro danado. Se o frio continuar, vamos passar todos os dias debaixo do edredom, comendo pipoca e vendo uns filminhos. O Nestor adora uns filminhos.

Aos amigos jornalistas que vão trabalhar no feriadão, muita paciência e a fé de que nenhuma tragédia vai acontecer, ninguém famoso morrerá. Descansarei por vocês!

6 comentários:

Anônimo disse...

Que maldade, Duda... rs :D

Flávia Romanelli disse...

Outra vantagem de migrar para a assessoria de imprensa: não trabalhamos em feriados e finais de semana!

Rosemeri Sirnes disse...

Eu como estou ingressando neste universo, por enquanto não tenho nada a reclamar, mas vou vendo por aqui o que me espera.

Bom feriado a todos!

Erickblog disse...

"Hoje sou uma estatística. Sou, mais precisamente, um número e faço parte daquelas pesquisas mensais de desemprego do IBGE ou da Fundação Seade".
Certamente Duda. Uma estatística que está fora dos percentuais de crescimento das vagas de emprego divulgados pelo governo e repassados, eufóricamente, pelos meios de comunicação. Número que muitas vezes não integra o rol dos "beneficados" pelo seguro desemprego, já que uma parcela considerável da nossa categoria trabalha sem carteira assinada, recebendo apenas uma singela "remuneração".
O que me espanta na questão do trabalho nos finais de semana e feriados é o discurso de alguns coleguinhas que acham isso natural, devido ao compromisso com a notícia. Ou seja: discurso que legitima a exploração da mão-de-obra.

The Ideas of a Vintage Doll disse...

Como se consegue esses privilégios??? Dar pro chefe de redação ajuda??? rs Se ele não fosse tão feio...

Ricardo Muza disse...

Nunca sonhei em cobrir o "A mais bela mulher casada" do Ilha Porchat, mas, no mesmo clube, já cobri "Uma noite nos mares do sul".
Já entrei prá trabalhar num primeiro de janeiro 5h30 da manhã (dizíamos que somente porteiros, putas e guardas-noturnos estariam nos ouvindo, mas, acho que nem esses).
É, plantão pe phoda!