quinta-feira, 9 de julho de 2009

Minhas primeiras ilusões


No segundo ano de faculdade, cansado das aulinhas teóricas, decidi arranjar um estágio. Era a hora de começar a aprender alguma coisa de jornalismo, mesmo ganhando mal. Para minha frustração, as primeiras experiências passaram bem longe de uma redação. O que consegui, garimpando anúncios no mural da faculdade, foram roubadas em assessoria de imprensa.

– Como gestor de Media Analysis, você aprenderá a ter uma visão global do impacto da comunicação nos negócios de nossos clientes – prometeu meu primeiro empregador.

Descobri, na prática, que deveria clipar notícias em jornais e revistas e contar os centímetros das matérias. Começava a trabalhar às 3 da manhã, para que os relatórios estivessem prontos na mesa dos clientes quatro horas depois. Me sentia como Chaplin apertando parafusos em Tempos Modernos. No segundo estágio, conquistei o nobre cargo de consultor de Follow up, numa outra agência. Tinha a missão de importunar os jornalistas por telefone, como vendedor de releases. Por isso, pago meus pecados até hoje, agüentando operadores de telemarketing, principalmente os da Telefônica.

Meses depois, com a ajuda de um amigo, fui indicado para uma grande emissora de rádio. Enfim, meu primeiro estágio em redação. Qual seria a vaga? Fiquei sonhando com o dia-a-dia de trabalho. As reportagens, as locuções. Minha voz ficaria famosa. Aguardei, com ansiedade, o dia da minha entrevista com o empregador.

– Prazer, Duda, tenho certeza que você vai adorar sua rotina de rádio-escuta.

9 comentários:

Rosemeri Sirnes disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Rosemeri Sirnes disse...

Demais!!! Seu relato foi ótimo! Costumo dizer a alguns amigos "vou fazer um curso de fotografia. Se tudo der errado vou ser fotógrafa de casamento...rs". As ilusões mato como as baratas(rs)

Unknown disse...

Rádio-escuta é o cargo mais chato que uma redação pode ter. E nos tempos de internet, em que os sites são atualizados a cada minuto, esse cargo tornou-se extremamente desnecessário.

Pabline Felix disse...

Hehehe! Muito bom, como sempre!
Eu bem poderia, mas não vou contribuir com estes causos porque a internet é rastreada aqui no meu estágio...

Derlita! disse...

kkk aiai meu primeiro estágio foi fazendo clipping tbm e eu entrava as 5h00... Ô vida sufrida!

Sem Censura disse...

Fantástico relato, mais fantástico ainda o blog.

Só conheci hoje, mas já prometo me tornar um clicador fiel do Desilusões Perdidas.

Meu primeiro estágio no jornalismo ainda está por vir... mal posso esperar...

Duda Rangel disse...

Queridos amigos,
Obrigado pelas mensagens. Vocês me motivam muito a continuar escrevendo. Beijos e abraços do Duda.

Daniela T. L. disse...

No segundo ano de faculdade também procurei estágio, no entanto, dentro da faculdade. Fiz online, tv (um mês só) e Rádio (por dois anos). Foi muito boa a experiência, mas...minha decepção foi sair para o verdadeiro mercado de trabalho e descobrir que não tinha vaga no meu Estado. Outra decepção foi achar que entregando meus currículos no RH dos Jornais eu conseguiria, por mérito, um emprego (não precisava ganhar muito no começo). Mas na verdade, percebi meus amigos arrumando um trabalho porque tinham contatos dentro das redações, pessoas que simplesmente, por serem amigas, os colocavam dentro da empresa.
Mesmo assim, não desisti. Acredito que um dia, continuo mandando currículo e estou trabalhando como voluntária em um jornal. Foi o jeito que eu encontrei de, pelo menos, não perder a prática. Abraços!!!

Ewerton Martins disse...

Por essas e outras na assessoria é que mexi meus pauzinhos no trabalho e migrei para... a comunicação corporativa. Rs.