quarta-feira, 12 de agosto de 2009

Paixões proibidas


Quando eu tinha uns 15 anos, costumava passar os dias quentes de verão dentro de casa, ouvindo o meu LP dos Smiths. Meu pai, com medo de ver o filho se tornar um garoto muito introspectivo, talvez com alguma tendência suicida, resolveu dar um conselho.

- Filho, você precisa sair mais de casa. Por que não vai a um puteiro?

Aceitei o conselho. Achava que a visita ao local seria desastrosa, mas curti a experiência. A menina, só um pouco mais velha do que eu, tinha olhos e lábios lindos, era inteligente, gostava de conversar. Voltei para casa e fui falar com meu pai. Estava encantado pela moça, queria levá-la ao cinema no dia seguinte.

- Porra, meu filho, ficar apaixonado por puta não dá.

Não a levei ao cinema no dia seguinte. Nunca mais a vi.

Lembrei essa história muitos anos depois, quando fui tomar uma cerveja com um velho amigo da faculdade de jornalismo, que há tempos havia mudado de ramo e se tornado um pequeno empresário de sucesso. Contei a ele sobre meu desemprego, e ele quis me convencer a trabalhar como representante comercial (vendedor) de um purificador de água que a empresa dele fabrica. Um fixo todo mês, comissões, chance de ascensão.

Expliquei que, apesar de estar sem emprego, tenho me virado bem com meus frilas. Disse ainda que não consigo fazer outra coisa além de ser jornalista, que amo esta profissão.

- Porra, Duda, ser apaixonado pela profissão de jornalista não dá.

13 comentários:

Érico San Juan disse...

Por que você não monta um jornal? Pode ser de bairro mesmo... :))

Erickblog disse...

Amor bandido Duda. Cuidado com aquela máxima da mulher de malandro...

Ewerton Martins disse...

Primeiro, meus parabéns por falar à luz do dia sobre suas andanças pelos puteiros à luz da noite. Segundo, minhas provocações: O que será mais ingrato, ser apaixonado por uma meretrícula ou pelo periodismo? Fiquei na dúvida...

Giovana disse...

Ontem comentei com uma amiga jornalista que a gente, mesmo que queira mudar de atividade, sequer consegue se imaginar fazendo outra coisa. Não sabemos fazer outra coisa. Não queremos saber fazer outra coisa.

Gleyci Pamplona disse...

Ahhhhhhh as paixões...
qual é a pior paixão?ou a melhor?
a Puta ou o jornalismo?
Beijosss

Vê Guimarães disse...

Olha cheguei aqui agora, ainda não deu tempo de ler tudo, mas eu sou como vc (não me apaixonei pela puta rsrs), mas sou apaixonada pela minha profissão tb (sou assistente social) e não consigo fazer outra coisa, já me ofereceram empregos em outra área, mas é muito dificil. Seja sim apaixonado pela sua profissão, afinal você escolheu né1
Beijos e parabéns pelo blog.

Fernando Rocha disse...

Após ler este post, lembrei que há poucos dias, enquanto apreciava a "bela discussão" realizada por meio do jornalismo das emissoras Globo e Record, dizia á minha esposa que os jornalistas de ambas as emissoras se prostituíam ao tratar de um asunto tão irrelevante em pleno horário nobre.
É um apena que o símile da prostituta pra eles seja diferente do que é pra ti.
Também ouvi muito Smiths na adolescência.
www.neuroticoautonomo.zip.net

Duda Rangel disse...

É realmente uma questão muito cruel, meus amigos: o que é melhor (ou pior), a paixão pela puta ou pelo jornalismo? rs...E pelas mensagens, vejo que não sou o único apaixonado aqui.
Érico, acho que, se eu montar um jornal, os anunciantes não vão querer associar a imagem à minha pessoa...rs
Vê, bem-vinda ao blog.
Fernando, o universo das minhas putas é realmente mais romântico.
Abraços e beijos a todos

The Ideas of a Vintage Doll disse...

Tô pra te contar que preferia a puta...

Juliana Badu disse...

ksksksks
Apartir dessa conclusão..
Acho que deveria ter levado a puta no cinema...

Unknown disse...

Será que todo deprimido vira jornalista?
No meu caso foi...

Unknown disse...

kkkkkk E puta é coisa que gosto muito. rsrsrs
"Pra gosta de puta mais que ´so pai"

Diego Mascate disse...

Massa demais o texto!
Pensei que você ia falar sobre o "acessoria de imprensa", enquanto prostituição jornalística... rs