terça-feira, 12 de novembro de 2013

O Rei do Camarote agregou valor ao jornalismo


Quando o jornalista da Vejinha que entrevistou o Rei do Camarote resolveu dar mil explicações para provar que sua reportagem era, sim, verídica, pensei: “fodeu de vez”.

Um repórter suplicando “acredite em mim, meu amor, e não no batom que estão inventando para a minha cueca” é algo muito mais sério do que simplesmente saber se Alexander de Almeida é um boçal real ou um boçal fake.

Ok, assim como a minha ex-mulher, a imprensa nunca foi 100% honesta, mas ao menos parecia honesta. Parece que nem parecer ela parece mais.

Apesar do meu “fodeu de vez” e do quê de desalento do início deste texto, a discussão toda que rolou em torno da verdade ou não da história foi ótima.

Se antes a grande imprensa era a dona de uma verdade absoluta, hoje a pluralidade de informações, contrainformações, subversões e opiniões deixou tudo muito relativo.

E tudo muito maluco também. E a bagunça que virou a circulação da informação nos obriga a pensar e questionar cada vez mais.

O que é verdade, afinal? E o que não é? Em quem confiar?

O jornalista sempre teve o dever de ser um sujeito desconfiado. Agora esta missão é de todo mundo que consome informação.

É claro que muito leitor acostumado à passividade vai achar que desconfiar dá um trabalhão danado, que ainda é melhor uma verdade mastigada. Tenho mesmo que me importar com cuecas e seus batons?

Mas outros tantos vão despertar. E este despertar é urgente.

Mesmo sem querer, a Vejinha, o repórter cheio de explicações e seu rei boçal (real ou não) ajudaram a agregar valor ao jornalismo.


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terça-feira, 5 de novembro de 2013

10 dicas para o caso de você se apaixonar por um entrevistado bonitão


Sendo bonitão, definitivamente este cara não é jornalista, o que é ótimo. Enfim, um homem decente na sua vida. De repente, o cara pode até ter o corpo sarado, a conta bancária sarada. Já pensou? Faça de tudo para conquistá-lo.

Elogie a voz dele, as frases claricelispectorianas dele, as ideias originais dele e, pelo amor de Deus, nada de corrigir um eventual deslize dele no Português. Se o homem é bonitão, deixe-o falar “a nível de” à vontade.

Ao fim da entrevista, sonde se é possível ligar para o celular dele a qualquer hora do dia para checar uma coisinha ou outra. Diga que cuidado com a informação é a chave do bom jornalismo. E, claro, resolva ter uma dúvida no sábado à noite.

Jornalistas odeiam deixar o entrevistado ler a matéria antes de publicada, mas, neste caso, abra uma exceção. Nada de mandar o texto por e-mail. Que tal marcar um jantar romântico pra saber se ele gostou do lead? Só tome cuidado pra não pagar a conta, hein?

Mostre ao entrevistado que você entende muito do assunto dele. Isso vai impressioná-lo. Eu até tentei pensar em outras formas de um jornalista impressionar o entrevistado e, sinceramente, não achei mais nada legal. Vamos estudar o assunto então?

Se além de entrevistá-lo você for fazer fotos dele, contenha-se. Jamais peça para ele abrir a camisa e exibir o peitoral. Não parece, mas jornalismo é, sim, uma coisa séria.

Se ele for o entrevistado tipo fonte cheia de informação boa, além de resolver o lado do seu coração, você ainda passará a descolar umas manchetes ótimas. Ele dá um furo pra você e você... não, não vou fazer esta piadinha tosca e clichê.

Evite entrar numa nóia de dilemas morais, tipo é ético eu dar para o entrevistado? Dê para o cara primeiro, fume um cigarrinho de boa e, só depois, vá pesquisar no Código de Ética dos Jornalistas se existe algum tipo de impedimento para o caso.

Se você sentir que o entrevistado também se interessou por você, faça de tudo para que nenhuma outra repórter da redação queira entrevistá-lo. Proteção é tudo. Se pauta bosta já tem gente roubando, imagine só homem bonito.

Antes de se declarar para o entrevistado, certifique-se de que ele não é casado. De roubada nesta vida já basta o seu contracheque.


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terça-feira, 29 de outubro de 2013

Redação Royal


O povo começou a ser resgatado ainda era madrugada.

Tinha gente com olheiras de quem vara a noite escrevendo matéria. Gente que era só o bagaço de tanto preencher sozinha duas ou mais páginas por dia.

Os ativistas arrombaram a porta principal e logo perceberam que lá dentro havia dezenas de profissionais trabalhando em condição análoga à de um jornalista escravo.

Estavam lá havia meses. Sem salário decente, sem equipamentos decentes, sem papel higiênico. Faltava decência até para cagar.

Suspeitas de maus-tratos foram confirmadas. Um estagiário, por exemplo, era obrigado a ler e ouvir todas as colunas do Jabor.

Também eram feitos experimentos. Quanto tempo o organismo de um jornalista suporta ficar sem comer? Hein? Tudo pela ciência.

Parte da opinião pública ficou sensibilizada com o caso dos jornalistas resgatados. Tão bonitinhos, principalmente o estagiário que lia o Jabor. Outros acharam que os ativistas deveriam é se preocupar com coisas mais importantes. Tanto vira-lata abandonado por aí na rua e ninguém faz nada.

A Redação Royal foi lacrada. Provisoriamente.

Os black blocs ameaçaram quebrar geral. O patrão, temendo o próprio deadline, ligou para o secretário, que falou com o governador, que liberou a turma do Choque.

A boa notícia é que os jornalistas resgatados podem ser adotados por redações de todo o Brasil. São pessoas legais, que curtem o que fazem e só precisam de gente disposta a lhes dar um trabalho digno. Ah, se rolar também um biscoitinho com café, eles vão amar.


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quinta-feira, 24 de outubro de 2013

Sobre falar de jornalismo por aí


Confesso que estou adorando visitar universidades pelo Brasil para falar de jornalismo e, principalmente, ouvir. Ouvir histórias, desejos, neuras. Discutir coisas sérias com bom humor. Conhecer e reconhecer leitores deste blog. Uma puta experiência. Eu, um velho ranzinza, reaprendo a ser jovem a cada encontro.

Hoje, dia 24, estarei no Rio Grande do Sul, na XIV Semana Acadêmica da Faculdade de Artes e Comunicação da Universidade de Passo Fundo (UPF). Bate-papo e sessão de autógrafos do livro “A vida de jornalista como ela é” a partir das 19h30.

No dia 30 de outubro, também às 19h30, minha parada será em Santa Catarina, na Semana Acadêmica do curso de Jornalismo da Faculdade SATC de Criciúma, para mais uma palestra sobre as graças e as desgraças da profissão. E, claro, lançamento do livro.

O Duda Rangel Tour 2013 continua em novembro. No dia 8, às 20 horas, participo de um encontro com estudantes da UNIFAE, em São João da Boa Vista (SP). Com direito também a uma personal sessão de autógrafos de “A vida de jornalista como ela é”.

Caso sua faculdade se interesse pela minha nada nobre presença num evento, é só escrever para dudarangel2009@gmail.com.

Lembro que a venda do livro segue também pela loja no Facebook aqui, ou por depósito bancário (detalhes aqui). Nos dois casos, o frete é grátis para todo o Brasil e o comprador pode pedir uma singela dedicatória.

A gente se encontra por aí.


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segunda-feira, 21 de outubro de 2013

O primeiro dia de uma foca na redação


Aí, mãe, meu chefe pediu pra esperar, pra ver se rolava alguma coisa. E nada. A tarde toda.
Aí ele: pintou um caso de polícia. Gosta de matéria com sangue?
Aí eu: adoro matéria com sangue.
Aí ele: liga pro delegado nesse número. Doutor Junqueira.
Aí eu: ligo, sim, ligo agora.
Aí ele: parece que foi briga de bar, um morto, esfaqueado, checa lá. 15 linhas, ok?
Aí eu peguei o telefone, aí o doutor não tava na sala, aí eu liguei de novo, aí eu falei com o bendito doutor, aí eu anotei tudo rapidinho, aí eu não entendi minha letra, aí eu comecei a suar frio, aí eu escrevi correndo.
Aí ele: solta o texto, Luísa.
Aí eu: tô soltando.
Aí ele: solta o texto, Luísa.
Aí eu: já soltei.
Aí ele ficou lendo e franziu a testa e coçou a orelha com o dedinho.
Aí eu fiquei rezando pro texto estar bom, porque eu escrevi correndo, lembra, mãe?
Aí ele não parava de ler, meu Deus!
Aí eu já pensando que tava uma droga, porque como pode demorar tanto pra ler um texto de 15 linhas? E digitou umas coisas e outras coisas.
Aí ele: Luísa, vem cá.
Aí eu: tô indo (com as pernas bambas, sabe, mãe?).
Aí ele: teu texto tá ótimo.
Aí eu: nossa, obrigada!
Aí ele: tinha um errinho só, muitas aspas, viu?, mas depois a gente conversa.
Aí eu: ah, claro, muitas aspas.
Aí ele: como você quer assinar a matéria?
Aí eu: com meu nome.
Aí ele: isso eu sei. E qual o teu nome completo?
Aí eu: Ana Luísa Fonseca de Barros Oliveira Medeiros.
Aí ele: caramba, tudo isso?
Aí eu: tudo isso.
Aí ele: muito grande. Corta pruns três nomes.
Aí eu: gosto de Luísa Medeiros.
Aí ele: Luísa com “z”?
Aí eu: com “s” e acento.
Aí ele: pode chegar cedo amanhã?
Aí eu: na hora que você quiser.
Aí ele: gosta de pauta na rua?
Aí eu: adoro pauta na rua.
Aí ele: às 7 horas aqui (e coçou a orelha de novo com o dedinho).
Aí, mãe, foi isso. Primeira matéria assinada! Página 3, meio lá embaixo, sabe? E, ó, não esquece de comprar o jornal amanhã, tá?


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terça-feira, 15 de outubro de 2013

Ser professor de jornalismo é...


Abrir cabeças, despertar inquietações.

Acumular mais este emprego, afinal, quem não tá precisando de grana?

Treinar nos alunos o olhar que só os olhos do jornalista têm.

Convencer os estudantes (e a si próprio) de que o diploma ainda tem valor, sim.

Falar das boas técnicas, mas, sobretudo, das boas atitudes.

Ler um “menas violência” no texto de um aluno e pensar “porra, tá na faculdade e ainda não aprendeu o português”.

Reconhecer seus próprios erros, assumir suas crises.

Pedir pro aluno ler um texto do Habermas de 200 páginas quando ele está com um puta tesão de ir pra rua encontrar a notícia.

Confiar que até os ensinamentos mais banais um dia serão úteis.

Recomendar a leitura do livro “A vida de jornalista como ela é”, do Duda Rangel.

Entender que “a academia” e “o mercado” precisam ser bons amigos. Ou até algo a mais.

Dar um esporro no aluno que fica de papo furado durante a aula.

Ficar de papo furado com o mesmo aluno no bar após a aula.

Mostrar a dureza da profissão sem desmotivar, falar das coisas boas sem iludir.

Explicar que o temido TCC causa, no máximo, um friozinho bobo na barriga.

Encher o peito e dizer cheio de orgulho: vocês vão ser jornalistas. E isso não é pouca merda, não.


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sexta-feira, 11 de outubro de 2013

Jornalismo também é coisa de criança


Fui bem precoce nessa minha vocação para a pobreza. Na foto do jovem Duda, apareço escrevendo uma matéria que mudaria o mundo. Ah, nessa coisa de sonhar com o impossível, também comecei cedo.

Que menina não teve uma Barbie Assessora de Imprensa, aquela que vinha com um press kit rosa lindo e um mailing list atualizado? Foi nesse mailing que ela descobriu o telefone do Ken.

Um, dois, três, olha o quatro, gravando.

Que mané Galinha Pintadinha! Algumas crianças já vivem ligadas na Globo News. Mas é só aparecer a tia Míriam ou o tio Merval que elas abrem o maior berreiro.

Fotojornalismo é captar o melhor ângulo. O moleque caprichou e fechou na Prochaska.

Jornalismo é uma arte. Arte de criança, travessura.

Apurando o olhar investigativo.

Quem quer brincar de William Bonner?


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segunda-feira, 7 de outubro de 2013

Os clubes de futebol (versão para jornalistas)




Palmeiras – é o caderno de Esportes: faz o maior sucesso na segunda.



Botafogo – é o jornal impresso: já teve anos de glória, mas anda meio caído.



Inter – é o jornal grande que levou furo de um jornalzinho de bairro, o Mazembe News.



Flamengo – é a Carta Capital: adora o patrocínio de uma estatal.



São Paulo – É só um jornal brasileiro, mas se acha o New York Times.



Cruzeiro – é o deadline: obcecado por esse negócio de fechamento.



Santos – é aquele texto cheio de viúvas.


Fluminense – é o repórter que sonha com uma carreira internacional, mas não sabe falar nem espanhol.



Grêmio – É só um jornal brasileiro, mas se acha o Clarín.



Portuguesa – é o blog que tem apenas meia dúzia de leitores.



Atlético – é o repórter que demorou décadas para ganhar um Prêmio Esso.



Vasco – é a TV Record: o máximo que consegue é chegar ao segundo lugar.



Corinthians – é aquele jornal popularzão de 25 centavos, bem tosco, tá ligado, mano?




O seu clube não está aqui? Deixe a sua contribuição. E sacaneie à vontade o clube dos seus amigos!



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terça-feira, 1 de outubro de 2013

Sugestões para uma faculdade de jornalismo melhor


Criação de um Laboratório da Criatividade, com cursos livres de literatura, teatro, humor.

A disciplina “Aprendendo a lidar com as finanças pessoais” em todos os períodos.

Promoção anual da Copa McLuhan de Truco Universitário, reunindo estudantes de todo o Brasil no maior evento acadêmico-científico-esportivo que já se viu.

Institucionalização do direito dos estudantes à greve durante as aulas chatas.

A disciplina “O empreendedorismo como opção de trabalho, e não como falta de opção”.

Menos cagação de regras, mais estímulo ao livre pensamento, à inovação.

Criação de um Laboratório da Dor, para simular sensações como a perda do emprego ou do domingo de folga.

Inclusão no calendário letivo do Dia de Malhar o Boneco do Dotô Gilmar Mendes.

Leitura da obra de Nelson Rodrigues sem moderação.

Criação do Bolsa Estudante de Jornalismo, para que os jovens tenham condições de consumir uma vodca um pouquinho melhor que a Balalaika.

A disciplina “A tecnologia para o bem do jornalismo”.

Acompanhamento psicológico preventivo em todos os períodos.


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terça-feira, 24 de setembro de 2013

Desculpas de jornalista


Mas jura que era off? Cê tá falando sério? Eu tinha entendido que era para publicar numa boa.

Eu sei que exceção se escreve com “cedilha”. Eu botei os dois “esses” aí só pra ver se o editor estava esperto.

Ô, segurança, deixa eu dar uma entradinha rápida. Ô, parceiro, é para ir ao banheiro. Prometo que não vou xeretar a reunião. É que eu tenho bexiga solta. Mal de família.

Chefe, eu até poderia abrir mão da minha folga no sábado, mas não dá. Minha tia, coitada, lá de Votuporanga, tá muito doente.

Se tivessem me dado uma máquina melhor, a foto teria ficado boa.

Eu sempre dou crédito para o texto dos outros. Deve ter dado algum pau no sistema na hora de publicar e não saiu o seu nome.

Opa, desculpa, era para desligar? Nem vi que o gravador tava ligado.

Não tenho QI, por isso nunca trabalhei na grande imprensa.

Só atrasei para a entrevista por causa desse trânsito maluco.

Tá bom, tá bom, eu xinguei alguns leitores pelo Twitter, mas não imaginava que isso fosse dar tanta repercussão.

Eu fiz a cagada? Que nada, foi o estagiário!

Amor, não é que eu... amor, escuta, não é que eu esqueci seu aniversário. É que foram tantas pautas hoje que meus neurônios não tiveram tempo de se ligar na data.

Eu não bebo porque eu quero ou porque eu gosto. É porque eu preciso extravasar, entende?


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quinta-feira, 19 de setembro de 2013

10 dicas para um jornalista desencalhar


A primeira e talvez a dica mais importante: frequentar eventos sociais exclusivos de jornalista é uma puta cagada. Além de ser mais difícil encontrar sua alma gêmea, você corre o risco de encontrar uma alma gêmea tão pobre quanto a sua alma. Abra o leque. Que tal dar uma passadinha no Congresso Anual de Criadores de Puro-Sangue Inglês?

Evite falar sobre jornalismo no primeiro encontro. Se conseguir evitar nos 200 encontros seguintes, também será ótimo. Não há romantismo que resista a alguém reclamando da pauta, do mercado de trabalho. Eu sei que não é fácil, mas tente se concentrar. Força.

Outras coisas que devem ser evitadas: dizer que faz plantão de domingo ou no carnaval, presenteá-lo com algum jabá ganho em coletiva, levar bloquinho e caneta para o motel, pedir para ele ler e elogiar a sua matéria, ou confessar que tem um blog.

Quando puxar conversa com alguém numa balada, lembre-se de que você não está trabalhando. Pior do que “você vem sempre aqui?” é perguntar o que, quem, quando, onde, como e por quê. Xaveco não tem lead. Ah, pedir para gravar a conversa também queima o filme.

Muitos jornalistas estão encalhados por serem superexigentes. É o típico jornalista que só quer a grande reportagem e não se contenta com qualquer merda. Querer o melhor não é crime, mas amor é como frila: se você ficar esperando só os bons, vai acabar na mão.

Por mais que você não tenha tempo livre para nada, inclusive para desencalhar, é cool dizer que você mantém um hobby. Pessoas que mantêm um hobby são mais sedutoras. Invente algo legal e, lembrando mais uma vez, nada de dizer que você tem um blog.

Se conhecer alguém interessante, recomende a tal pessoal a leitura do clássico texto “10 razões para namorar um jornalista”, do blog Desilusões perdidas. E jamais o deixe acessar o ainda mais clássico “1.000 razões para não namorar um jornalista”.

Dê um upgrade na sua autoestima e valorize suas qualidades para atrair a pessoa amada. Apesar de ser jornalista, você deve ter algumas qualidades. Sei lá, umas duas pelo menos. Tipo o quê? Descolar ingresso para a área vip de shows é uma qualidade.

Essa coisa de fazer simpatia para Santo Antônio não funciona mais. O santo não se atualizou, não fez uma especialização em “Matrimônios na Pós-Modernidade” e ficou complicado para ele seguir fazendo milagre. Aposte em aplicativos como “Date a Jornalist”. É só botar o aplicativo de cabeça para baixo num copo d´água virtual. E rezar.

Por mais que o bom jornalista deva checar até declaração de amor que recebe, no caso dos encalhados isso não é necessário. E não se trata de negligenciar a apuração. Se você tiver a chance de ouvir um “eu te amo”, acredite sem desconfiar, abra aspas, abra um sorriso e responda “eu também”.


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quarta-feira, 11 de setembro de 2013

Jornalistas, atenção aos procedimentos de segurança antes de viajar nesta redação


Olá, senhoras e senhores jornalistas. Sou Duda Rangel. Em nome do editor-chefe, apresento as boas-vindas a bordo desta redação, com destino ao inferno do fechamento.

Durante o trabalho de apuração e checagem de informações, por telefone, e-mail ou pelo Google, o encosto de sua cadeira deverá ser mantido na posição vertical, para você não ficar reclamando depois de dores nas costas.

Para evitar frustrações, observe os avisos de atar os pés no chão, pois esta viagem está sujeita a muitas turbulências.

Em caso de bloqueio criativo na hora de escrever a matéria, uma luz divina não cairá automaticamente sobre a sua cabeça. É bom você queimar seus neurônios. Se pintarem ideias originais, ajuste-as ao seu texto e só depois empreste alguma para o companheiro ao lado – aquele com cara de bunda à espera da luz divina.

Informamos que poderão ser utilizados laptops e celulares apenas em modo “redação”, ou seja, para fins profissionais. Joguinhos no Facebook deverão permanecer desligados.

A redação tem uma máquina de café na parte do fundo, onde é proibido falar mal do chefe. O ambiente do café está equipado com detector de fofocas.

Esta redação possui três saídas de emergência: uma para fazer frilas por aí, outra para um concurso público na Petrobras e outra para vender artesanato numa praia de Floripa.

Manuais chatos de jornalismo e guias de sobrevivência em redação encontram-se na gaveta à sua frente.

Em caso de pouso de um passaralho, lembramos que o seu emprego é flutuante.

Obrigado por terem escolhido trabalhar nesta redação. Tenham todos uma ótima viagem.


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segunda-feira, 9 de setembro de 2013

10 razões para ainda se acreditar no jornalismo


Nunca se leu tanto. Lê-se muita merda, é verdade, mas se lê. E isso é ótimo. O número de leitores mais qualificados também aumenta, exigindo do jornalismo uma constante evolução.

O jornalismo é como marido: tem muito por aí que não presta mesmo, que desaprendeu a seduzir, mas existem os que ainda conseguem encantar.

Vejo vários jovens jornalistas desiludidos com a profissão, mas vejo também muitos outros com um puta tesão de resgatar os bons valores e ideais do jornalismo. Sim, há esperança.

Já temos alternativas à velha grande mídia. Com a tecnologia, surgem canais de informação mais plurais e democráticos. Tá tudo aí. Só nos resta construir outras formas de fazer jornalismo.

A mídia é muito mais fiscalizada hoje. A transparência que tanto se deseja para o País inclui também as empresas de comunicação. Com mais vigilância, fica mais difícil manipular e mentir.

Com fé, em pouco tempo o Galvão Bueno se aposenta. Isso também já vai ajudar muito.

O jornalismo está em crise há algum tempo, tadinho, mas dá para ele fazer uma terapia e ficar praticamente bom. Ele pode contar com o seu apoio?

Por mais que o jornal impresso esteja quase ganhando uma hashtag RIP nas mídias sociais, as boas histórias não morrem. E com boas histórias para se contar, o jornalismo mantém-se vivo.

Há tanta violência contra os jornalistas, tanta exploração e desaforo, mas muitos jornalistas resistem com coragem. Esse povo merece um voto de confiança, não?

A gente acredita em tanta coisa nesse mundo, duende, cartomante, diagnóstico médico. Porra, custa acreditar também no jornalismo?


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quinta-feira, 5 de setembro de 2013

A vida de jornalista, enfim, no Rio



Há tempos quero fazer um lançamento de meu livro, “A vida de jornalista como ela é – o melhor do blog de Duda Rangel”, no Rio de Janeiro, uma cidade que sempre foi para mim referência em duas paixões: o jornalismo e o humor.

Embora escrito por este paulistano, o blog Desilusões perdidas tem um sotaque carioca. Tem uma descontração carioca, um romantismo pela profissão carioca. Um quê de poesia também.

No próximo dia 12 de setembro (uma quinta-feira), estarei, enfim, no Rio, para uma conversa informal com os amigos e uma sessão de autógrafos do livro.

O papo começa às 19h30 no auditório do campus Botafogo da FACHA (Faculdades Integradas Hélio Alonso). O lançamento do livro é logo depois, no pátio da faculdade. O endereço da FACHA é Rua Muniz Barreto, 51, Botafogo.

O evento é gratuito e aberto a todos os interessados, jornalistas e estudantes, inclusive de outras faculdades do Rio. É também uma parceria da FACHA com o grupo JornalistasRJ do Facebook, organizadores do encontro.

Apareçam, chamem os amigos, divulguem. Vai ser maneiríssimo.

Aos amigos de outras cidades, o livro segue à venda pela loja no Facebook aqui, com frete grátis para todo Brasil e a possibilidade de o comprador pedir uma dedicatória.


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terça-feira, 3 de setembro de 2013

O que as pessoas dizem quando você diz...


Que é repórter de moda
Você não descola pra mim uns convites pra São Paulo Fashion Week? Tipo primeira fila?

Assessor de imprensa
Mas você faz exatamente o quê?

Colunista de fofoca
Putz, eu até ia te contar a minha vida, mas nem vou mais.

Repórter de rádio
Nossa, você tem a maior voz de locutor mesmo!

Analista de mídias sociais
Ah, você é a pessoa que passa o dia inteiro postando piadinhas no Facebook, né?

Repórter esportivo
Que massa! Você é amigo daqueles jogadores tudo?

Crítico musical
Então, a gente tem uma banda com um puta trabalho autoral. Não rola uma resenha, não? Positiva, claro.

Estudante de jornalismo
Mas não tinham acabado com o diploma?

Crítico de televisão
Você ganha pra ver novela e falar mal do povo, é isso? Porra, queria ter um emprego assim.

Revisor de jornal impresso
Cara, você ainda existe? (apertando o braço para se certificar de que não se trata de um fantasma)

Ombudsman
Quê?

Produtor de rádio pela manhã, editor de imagens à tarde, voz e violão à noite
Caraca, mano, cê não trepa, não?

Blogueiro
E isso dá dinheiro?

Fotógrafo
Já trabalhou na Playboy?

Repórter do Canal Rural
Eu acho que já ouvi falar desse canal. Passa na NET?

Qualquer função jornalística na Rede Globo
Então, meu filho tá se formando em jornalismo, não tem vaga lá pra ele? O menino é esforçado e é super fã do Bonner.


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