Estou entrando em férias. Nada como poder passar uns dias na praia, disputando um pedaço de areia com gente e bichos geográficos. Sim, blogueiros também têm direito a férias! Aviso os navegantes que este é o último post de 2010. Retorno ao blog em 11 de janeiro. Um detalhe: mesmo neste período de recesso do blog, seguirei no Twitter (@duda_rangel) com a retrospectiva dos melhores (ou piores) posts do ano.
2010 foi especial para o blog Desilusões perdidas. O número de leitores aumentou muito e o meu perfil no Twitter foi até escolhido como um dos melhores (ou piores) do ano pela Revista Bula. Deixo o meu singelo “obrigado pra caralho” a todos. Vocês são a minha motivação para continuar escrevendo. Obrigado aos que manifestaram sua opinião no blog e aos que não manifestaram também. Aos que sempre me apóiam, aos que ajudam a divulgar os meus escritos por aí.
Prometo que, em 2011, o blog será, enfim, adaptado em um livro. Se até a Vera Fischer lançou o seu livro, sinto que agora é uma questão de honra. Um maravilhoso novo ano a vocês, com todas as suas coisas boas e até os inevitáveis dissabores. Que a gente continue reclamando, amando o que faz (seja o que for) e, principalmente, sabendo rir sempre.
Como despedida, republico um post que tem tudo a ver com esta época do ano. Beijos e abraços do Duda.
Boa noite
Quando eu ainda era criança, sem pêlos no saco, descobri minha paixão pelo jornalismo. Eu achava o máximo acompanhar, entre o Natal e o réveillon, o noticiário da TV com o resumão dos acontecimentos do ano. Enquanto meus colegas sonhavam ser astronautas, pilotos de Fórmula 1 ou galãs de cinema, eu queria ser apresentador de retrospectiva. Meus pais não entendiam a minha escolha. "Pô, Duda, apresentador de retrospectiva?”
Era o despertar de um jornalista. Ao longo do ano, eu guardava jornais e revistas com informações sobre o Brasil e o mundo – nessa época, não havia descoberto ainda a Playboy, a Ele&Ela e as preciosidades suecas. Definia a pauta do programa, redigia as laudas para leitura. Tudo isso muitos anos antes de aprender (ou desaprender) jornalismo na faculdade. Me preparava para o grande dia: a apresentação da minha retrospectiva, que podia ser feita em qualquer parte da casa, desde que existisse uma mesa para servir de bancada.
Eu usava um paletó de meu pai, gigante para mim. Na parte de baixo, apenas bermuda e chinelos, afinal era assim que diziam trabalhar os apresentadores de TV. Adotei óculos, para dar mais seriedade. Não havia câmeras na minha frente; apenas uma platéia, ao vivo, composta por parentes e amigos da família. Gente que fazia o maior esforço para estar ali.
– Esse menino fala que seu sonho é ser jornalista. Isso é coisa de vagabundo! Ele não quer é estudar – murmurava uma tia.
Um dos meus maiores apoiadores era meu avô, que se dizia um visionário.
– Esse moleque ainda vai ser jornalista, trabalhar na Globo e comer toda a mulherada.
Como ele vibrava com o meu “boa noite” na abertura de cada edição do resumão de notícias, ano após ano. Para mim, aquele era também um momento mágico.
Aos poucos, a platéia e o meu desejo de apresentar retrospectivas foram diminuindo. Com o crescimento dos pêlos no saco, meus interesses de fim de ano mudaram. Ah, as preciosidades suecas! O programa morreu, mas a paixão pela profissão jamais. Tanto que virei jornalista, como previu vovô.
Só não cumpri o resto de sua profecia.
quarta-feira, 22 de dezembro de 2010
segunda-feira, 20 de dezembro de 2010
O que alguns jornalistas esperam para 2011
Fábio espera ser promovido de estagiário pessimamente remunerado sênior para repórter com salário de merda júnior.
Letícia espera fazer uma especialização em Jornalismo na Espanha. Ou um mestrado em Mídias Sociais na USP. Ou trabalho voluntário. Ou mudar o corte do cabelo.
Murilo espera cobrir uma guerra no Oriente Médio, mas, se não rolar, serve um morro no Rio de Janeiro.
Sérgio espera não esperar nada para depois não se frustrar.
Tatiana espera arrumar um emprego igualzinho ao da Ilze Scamparini.
Diogo espera deixar a revista Hidráulica Moderna, chata pra cacete, e escrever sobre cinema.
Joana espera roubar todos os clientes da agência de assessoria de imprensa de seu chefe canalha e abrir sua própria agência.
Pedro espera parar de fumar, beber e se entupir de comidas gordurosas. Mas só às segundas-feiras de lua cheia.
Patrícia espera que o jornal em que trabalha não vá à falência ou vire apenas uma edição eletrônica.
Fernanda espera arrumar um namorado novo. Mas, por favor, Deus, que não seja outro jornalista.
Roberto espera fazer menos plantão. E mais sexo.
Letícia espera fazer uma especialização em Jornalismo na Espanha. Ou um mestrado em Mídias Sociais na USP. Ou trabalho voluntário. Ou mudar o corte do cabelo.
Murilo espera cobrir uma guerra no Oriente Médio, mas, se não rolar, serve um morro no Rio de Janeiro.
Sérgio espera não esperar nada para depois não se frustrar.
Tatiana espera arrumar um emprego igualzinho ao da Ilze Scamparini.
Diogo espera deixar a revista Hidráulica Moderna, chata pra cacete, e escrever sobre cinema.
Joana espera roubar todos os clientes da agência de assessoria de imprensa de seu chefe canalha e abrir sua própria agência.
Pedro espera parar de fumar, beber e se entupir de comidas gordurosas. Mas só às segundas-feiras de lua cheia.
Patrícia espera que o jornal em que trabalha não vá à falência ou vire apenas uma edição eletrônica.
Fernanda espera arrumar um namorado novo. Mas, por favor, Deus, que não seja outro jornalista.
Roberto espera fazer menos plantão. E mais sexo.
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sexta-feira, 17 de dezembro de 2010
O Evangelho segundo o assessor de imprensa
Começava a chover no calvário.
- Chefe, chefe, conversei com um ótimo advogado e conseguimos um habeas-corpus. Sua sentença está suspensa!
Era Pedro, assessor de imprensa de Jesus.
- A notícia já corre por todos os cantos.
Jesus arregalou os olhos. Não era esse o final que havia planejado. Mas como lei é lei, os soldados, também contrariados, tiveram que descer Jesus. O bandido mau sorriu com sarcasmo: “Neste país, só os pobres morrem na cruz.”
De volta à sua casa, Jesus teve os ferimentos tratados por sua mãe e por Maria Madalena, sua mulher, carinhosamente chamada por ele de Madá. Madá, que há pouquíssimo tempo já se considerava uma viúva, agora refazia os planos. Voltou a sonhar com uma casa no campo, cheia de crianças e ovelhas.
Jesus não entendia por que seu assessor de imprensa armou toda aquela estratégia para conseguir um habeas-corpus.
- Me responde, pelo amor do meu Pai: o que a gente combinou?
- Mas chefe...
- Não tem “mas chefe”. Era só escrever o release sobre a minha crucificação e a ressurreição no terceiro dia e disparar para a mídia. Só isso. É tão difícil para um assessor seguir o briefing?
O primeiro jantar de sua liberdade foi em família, coisa simples, nada da ostentação da santa ceia. Jesus era só desolação.
- Não comeu nada, filho. Assim você vai ficar fraco.
- Mãe, eu deveria morrer para salvar este povo. Agora, tudo será diferente. Como eu fico com a opinião pública?
Jesus caminhava pelas ruas sob olhares desconfiados. Os discípulos, sempre muito próximos, se afastaram. Não conseguia mais fazer milagres. Os leprosos continuavam leprosos. Os cegos jamais veriam o verde dos campos. Jesus começou a beber. Os cabelos e a barba foram crescendo cada vez mais.
- Meu filho, você está precisando arrumar um emprego.
Jesus tornou-se depressivo e passou a se entupir de Prozac.
Sem causar mais furor, Jesus foi esquecido. Seu assessor de imprensa, que ainda não havia sido perdoado, caiu fora por falta de pagamento. O processo de execução foi arquivado. Jesus estava condenado a jamais morrer na cruz. Ele pouco saía de casa e, numa destas raras vezes, foi comprar pão – já não conseguia multiplicá-los – e nunca mais voltou.
Madá chorou. Esqueceu a casa no campo, as crianças, as ovelhas.
- Chefe, chefe, conversei com um ótimo advogado e conseguimos um habeas-corpus. Sua sentença está suspensa!
Era Pedro, assessor de imprensa de Jesus.
- A notícia já corre por todos os cantos.
Jesus arregalou os olhos. Não era esse o final que havia planejado. Mas como lei é lei, os soldados, também contrariados, tiveram que descer Jesus. O bandido mau sorriu com sarcasmo: “Neste país, só os pobres morrem na cruz.”
De volta à sua casa, Jesus teve os ferimentos tratados por sua mãe e por Maria Madalena, sua mulher, carinhosamente chamada por ele de Madá. Madá, que há pouquíssimo tempo já se considerava uma viúva, agora refazia os planos. Voltou a sonhar com uma casa no campo, cheia de crianças e ovelhas.
Jesus não entendia por que seu assessor de imprensa armou toda aquela estratégia para conseguir um habeas-corpus.
- Me responde, pelo amor do meu Pai: o que a gente combinou?
- Mas chefe...
- Não tem “mas chefe”. Era só escrever o release sobre a minha crucificação e a ressurreição no terceiro dia e disparar para a mídia. Só isso. É tão difícil para um assessor seguir o briefing?
O primeiro jantar de sua liberdade foi em família, coisa simples, nada da ostentação da santa ceia. Jesus era só desolação.
- Não comeu nada, filho. Assim você vai ficar fraco.
- Mãe, eu deveria morrer para salvar este povo. Agora, tudo será diferente. Como eu fico com a opinião pública?
Jesus caminhava pelas ruas sob olhares desconfiados. Os discípulos, sempre muito próximos, se afastaram. Não conseguia mais fazer milagres. Os leprosos continuavam leprosos. Os cegos jamais veriam o verde dos campos. Jesus começou a beber. Os cabelos e a barba foram crescendo cada vez mais.
- Meu filho, você está precisando arrumar um emprego.
Jesus tornou-se depressivo e passou a se entupir de Prozac.
Sem causar mais furor, Jesus foi esquecido. Seu assessor de imprensa, que ainda não havia sido perdoado, caiu fora por falta de pagamento. O processo de execução foi arquivado. Jesus estava condenado a jamais morrer na cruz. Ele pouco saía de casa e, numa destas raras vezes, foi comprar pão – já não conseguia multiplicá-los – e nunca mais voltou.
Madá chorou. Esqueceu a casa no campo, as crianças, as ovelhas.
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quarta-feira, 15 de dezembro de 2010
Afinal, o que é Jornalismo?
Jornalismo é vocação. É mais ou menos como ser padre. É sacerdócio. Missão. Entrega total. Tem que fazer voto de pobreza. Voto de castidade também rola e, hoje, rola até mais para o jornalista do que para o padre. Enquanto os padres estão bem soltinhos por aí, os jornalistas são os reclusos. A redação é seu mosteiro. Seu claustro.
Jornalismo é a fé em dias melhores. É acreditar em milagres.
Jornalismo não é para aventureiros. Se você ainda não sabe o que quer da vida, descubra primeiro. Nem pense em estudar Jornalismo antes disso. Tem gente que está em dúvida entre Veterinária e Administração e, do nada, decide cursar Jornalismo. Porque é chique, porque a gente fica famoso, porque a gente fica importante. Fica porra nenhuma.
Jornalismo não se escolhe por causa da dica que você viu na caixa do Toddynho.
Jornalismo é dedicação. É perseverança.
Jornalismo é abdicar de um monte de coisa e gente.
Jornalismo é o marido boêmio e safado que seduz as moças no bar, o marido que você já prometeu largar um milhão de vezes, mas não larga, porque ele sempre te convence que você não saberia viver sem ele. E sem ele você não saberia mesmo viver.
Jornalismo é a trepada bem-dada. É gozar ao ver a matéria que deu tanto trabalho publicada. Matéria publicada na capa, então, é algo pra lá de sublime. É sexo tântrico. Jornalismo é o tesão de ir pra rua, é o tesão de conhecer gente que você não imaginava existir, é o tesão de viver essa coisa viva chamada História.
Jornalismo é o pau duro. Sem Viagra.
Jornalismo é a fé em dias melhores. É acreditar em milagres.
Jornalismo não é para aventureiros. Se você ainda não sabe o que quer da vida, descubra primeiro. Nem pense em estudar Jornalismo antes disso. Tem gente que está em dúvida entre Veterinária e Administração e, do nada, decide cursar Jornalismo. Porque é chique, porque a gente fica famoso, porque a gente fica importante. Fica porra nenhuma.
Jornalismo não se escolhe por causa da dica que você viu na caixa do Toddynho.
Jornalismo é dedicação. É perseverança.
Jornalismo é abdicar de um monte de coisa e gente.
Jornalismo é o marido boêmio e safado que seduz as moças no bar, o marido que você já prometeu largar um milhão de vezes, mas não larga, porque ele sempre te convence que você não saberia viver sem ele. E sem ele você não saberia mesmo viver.
Jornalismo é a trepada bem-dada. É gozar ao ver a matéria que deu tanto trabalho publicada. Matéria publicada na capa, então, é algo pra lá de sublime. É sexo tântrico. Jornalismo é o tesão de ir pra rua, é o tesão de conhecer gente que você não imaginava existir, é o tesão de viver essa coisa viva chamada História.
Jornalismo é o pau duro. Sem Viagra.
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segunda-feira, 13 de dezembro de 2010
Sintomas de um jornalista em crise
Ele vende o carro popular e vai passar um tempo em Londres.
Ela se inscreve num curso de gastronomia.
Ele começa a fazer uma fé na Mega-Sena.
Ela começa a visitar cartomantes.
Ele sonda os amigos do mundo corporativo para saber se rola alguma oportunidade em Comunicação por lá.
Ela considera tornar seu hobby (artesanato com garrafas PET) uma profissão de verdade.
Ele decide trocar a mesa do bar por um retiro espiritual num templo budista.
Ela decide criar um blog.
Ele já não sente pela pauta o mesmo tesão que sentia no início.
Ela olha o Jornalismo nos olhos e diz: “será que o meu amor por você acabou?”. E o convence a fazer terapia de casal.
Ela se inscreve num curso de gastronomia.
Ele começa a fazer uma fé na Mega-Sena.
Ela começa a visitar cartomantes.
Ele sonda os amigos do mundo corporativo para saber se rola alguma oportunidade em Comunicação por lá.
Ela considera tornar seu hobby (artesanato com garrafas PET) uma profissão de verdade.
Ele decide trocar a mesa do bar por um retiro espiritual num templo budista.
Ela decide criar um blog.
Ele já não sente pela pauta o mesmo tesão que sentia no início.
Ela olha o Jornalismo nos olhos e diz: “será que o meu amor por você acabou?”. E o convence a fazer terapia de casal.
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sexta-feira, 10 de dezembro de 2010
Cantigas jornalísticas de Natal que a cantora Simone jamais ousaria gravar
Noite infeliz (versão de Noite feliz)
Noite infeliz, noite infeliz
Editor, por favor
Ou vou embora ou perco meu trem
Moro na Lapa e é longe, meu bem
Tem baldeação lá na Luz
Tem baldeação lá na Luz.
Soa o tiro (versão de Toca o sino, versão de Jingle bells)
Hoje a pauta é fera juntos eu e ela
Vamos à favela que o bicho vai pegar
Ao soar o tiro, tiro dos meninos
Sobe o Caveirão para apavorar.
Põe colete, minha filha, para o seu bem
Tem azul, amarelo e rosa também
Ligo a câmera, tudo pronto pra gente gravar
Só cuidado pruma bala não te encontrar.
Papel morreu? (versão de Anoiteceu)
Eu pensei que a internet fosse acabar com o papel
Os feirantes reclamaram, passarinhos protestaram
Brincadeira mais cruel.
Já faz tempo que o matam, mas o meu jornal-papel vai bem
Com certeza já morreu e morreu há muito tempo
Para aqueles que não lêem.
Até no Natal (versão de Bom Natal)
Quero ver você não chorar
Se um furo tomar
E um puta esporro levar.
Quero ver você não sofrer
Se o texto escrever
Mas no fim a pauta cair.
Se achar a grana ruim
Tão ruim assim vou dizer...
Glamour não existe
O dissídio é triste
Jornalismo é puro amor.
É Natal, até no Natal
Um plantão a mais pra você
Pra você.
Já comprou o livro do Duda Rangel? Conheça a loja aqui, curta, compartilhe. Frete grátis para todo o Brasil.
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Noite infeliz, noite infeliz
Editor, por favor
Ou vou embora ou perco meu trem
Moro na Lapa e é longe, meu bem
Tem baldeação lá na Luz
Tem baldeação lá na Luz.
Soa o tiro (versão de Toca o sino, versão de Jingle bells)
Hoje a pauta é fera juntos eu e ela
Vamos à favela que o bicho vai pegar
Ao soar o tiro, tiro dos meninos
Sobe o Caveirão para apavorar.
Põe colete, minha filha, para o seu bem
Tem azul, amarelo e rosa também
Ligo a câmera, tudo pronto pra gente gravar
Só cuidado pruma bala não te encontrar.
Papel morreu? (versão de Anoiteceu)
Eu pensei que a internet fosse acabar com o papel
Os feirantes reclamaram, passarinhos protestaram
Brincadeira mais cruel.
Já faz tempo que o matam, mas o meu jornal-papel vai bem
Com certeza já morreu e morreu há muito tempo
Para aqueles que não lêem.
Até no Natal (versão de Bom Natal)
Quero ver você não chorar
Se um furo tomar
E um puta esporro levar.
Quero ver você não sofrer
Se o texto escrever
Mas no fim a pauta cair.
Se achar a grana ruim
Tão ruim assim vou dizer...
Glamour não existe
O dissídio é triste
Jornalismo é puro amor.
É Natal, até no Natal
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quarta-feira, 8 de dezembro de 2010
Imprensa Retrô 2010
Depois de longa agonia, desligaram os aparelhos do velho JB, tadinho. O titio William Bonner humanizou-se e virou sensação no Twitter. Teve repórter, que pautada pelo microblog, divulgou notícia falsa de uma corrida de cadeiras de rodas com Hebe Camargo no hospital. A Carolina Dieckmann nos ensinou o que é ser uma jornalista fake, mas muito fake. A campanha “Cala Boca, Galvão” ficou famosa na mídia internacional. Um monte de jornalista brasileiro foi assaltado na Copa da África do Sul. Dunga chamou o repórter da Globo Alex Escobar de cagão. O Felipão chamou repórteres esportivos de palhaços. O Tiago Leifert, acreditem, conseguiu ficar mais bonito que o Evaristo Costa. O jornalista Duda Rangel conseguiu atrasar o pagamento de apenas três meses de aluguel em todo o ano. A lésbica do BBB10 chocou papai e mamãe quando revelou para todo o Brasil que era jornalista. Pimenta Neves completou uma década de liberdade desde que matou a ex-namorada pelas costas. Armando Nogueira se foi. O Glauco também. Mas a jornalista Carolina Dieckmann, que tinha que morrer, não morreu. Até a ONG Repórteres Sem Fronteiras concordou com sua execução. O senador Romeu Tuma partiu desta para uma melhor (ou pior) um mês depois de a Folha.com ter antecipado sua partida. Chico Buarque cantou seus clássicos jornalísticos no blog Desilusões perdidas. O “rei” Roberto Carlos também. O Datena continuou chato. O Lula continuou atacando a imprensa. E sendo atacado. Vários veículos de comunicação viraram partidos políticos na eleição. O Estadão, ainda sob censura da família Sarney, demitiu colunista por “delito de opinião”. A Folha de S.Paulo tratou de acabar com a Falha de S.Paulo. Teve jornalista que se envolveu em quebra de sigilo fiscal e virou notícia na campanha eleitoral. Cid Moreira lançou sua biografia no mesmo ano em que Fiuk e Geisy Arruda lançaram as suas. Nunca se discutiu tanto liberdade de imprensa e controle de mídia sem se chegar a lugar algum. O jornalista Duda Rangel, pelo vigésimo ano consecutivo, não ganhou o Prêmio Esso.
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terça-feira, 7 de dezembro de 2010
Carta de um jovem jornalista ao Papai Noel
"Olá, Papai Noel. Eu me chamo João e sou um jornalista recém-formado. Ainda estou chateado com essa história do diploma não ser mais obrigatório, mas não vou desistir da profissão que eu amo! Com ou sem diploma, o problema maior é que está muito difícil arrumar um emprego. Estou escrevendo para pedir uma oportunidade de trabalho neste Natal. Deixei uma meia pendurada na janela com meu currículo atualizado.
Nem precisa ser um emprego muito bom. Para começar, faço até plantão no carnaval. Sei que vou ganhar um salário pequeno. Estou ansioso para aprender jornalismo na prática e confiante que o próximo ano será bem melhor. Meus amigos dizem que sou muito otimista, que acredito em tudo, até em Papai Noel. Mas a gente precisa ser assim.
Cometi alguns erros este ano, mas nada tão grave que não me faça merecer este emprego. O senhor vai compreender. Fiquei de bobeira na internet, escrevendo bobagem no Facebook e lendo o blog do Duda Rangel. O único vício que eu tenho é beber demais, embora falam que todo jornalista bebe. Também dou um tapa num baseado de vez em quando, mas só quando estou estressado e com dor de cabeça. E se é para uso medicinal não há problema, o senhor bem sabe.
Na faculdade, eu sempre fui um aluno dedicado. Fazia os trabalhos direitinho. Li até livro do Diogo Mainardi que eles me obrigaram. Eu também sou bem-informado. Não gosto de ler jornal, mas sigo todas as notícias na internet. O meu Português é bem correto também. O senhor pode notar que não tem vírgula separando o sujeito do verbo nesta carta.
Estou louco para ver se todas aquelas coisas que o Duda Rangel escreve no blog dele acontecem mesmo. Estou com um puta tesão (ops, desculpa!) de ir para a rua, fazer reportagens, buscar sempre a história mais bacana, comer coxinha de frango na padoca, ganhar um monte de jabá e almoçar de graça nos eventos. Também quero conhecer o tal pescoção. Só não quero ser corno como o Duda, mas este pedido fica para o outro Natal, está bom? Não vou abusar mais do senhor! Obrigado, Papai Noel. João."
Já comprou o livro do Duda Rangel? Conheça a loja aqui, curta, compartilhe. Frete grátis para todo o Brasil.
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Nem precisa ser um emprego muito bom. Para começar, faço até plantão no carnaval. Sei que vou ganhar um salário pequeno. Estou ansioso para aprender jornalismo na prática e confiante que o próximo ano será bem melhor. Meus amigos dizem que sou muito otimista, que acredito em tudo, até em Papai Noel. Mas a gente precisa ser assim.
Cometi alguns erros este ano, mas nada tão grave que não me faça merecer este emprego. O senhor vai compreender. Fiquei de bobeira na internet, escrevendo bobagem no Facebook e lendo o blog do Duda Rangel. O único vício que eu tenho é beber demais, embora falam que todo jornalista bebe. Também dou um tapa num baseado de vez em quando, mas só quando estou estressado e com dor de cabeça. E se é para uso medicinal não há problema, o senhor bem sabe.
Na faculdade, eu sempre fui um aluno dedicado. Fazia os trabalhos direitinho. Li até livro do Diogo Mainardi que eles me obrigaram. Eu também sou bem-informado. Não gosto de ler jornal, mas sigo todas as notícias na internet. O meu Português é bem correto também. O senhor pode notar que não tem vírgula separando o sujeito do verbo nesta carta.
Estou louco para ver se todas aquelas coisas que o Duda Rangel escreve no blog dele acontecem mesmo. Estou com um puta tesão (ops, desculpa!) de ir para a rua, fazer reportagens, buscar sempre a história mais bacana, comer coxinha de frango na padoca, ganhar um monte de jabá e almoçar de graça nos eventos. Também quero conhecer o tal pescoção. Só não quero ser corno como o Duda, mas este pedido fica para o outro Natal, está bom? Não vou abusar mais do senhor! Obrigado, Papai Noel. João."
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segunda-feira, 6 de dezembro de 2010
Quis porque quis fazer jornalismo
Depois de muitos anos, duas mães se reencontram num colégio, no dia de votação de uma eleição qualquer.
- Maria Helena? Você não é a mãe do Paulo Henrique, o amigo do Arturzinho, meu filho, nos tempos aqui do colégio?
- Claro! Sou a mãe do Paulo Henrique, sim. Quanto tempo, Célia! E como vai o Arturzinho?
- Arturzinho tá ótimo. Tá nos Estados Unidos. Acabou a faculdade de Economia na USP e está fazendo uma pós-graduação em Nova York. Tá todo empolgado! A família também. E o Paulo Henrique?
- Paulo é aquela coisa: nunca gostou de estudar. Quis porque quis fazer jornalismo. O pai não queria. Agora tá aí, desempregado. Diz que manda currículo todo dia, pra tudo que é lugar, mas a situação tá difícil.
- Mas isso é fase, Maria Helena.
- Deus te ouça, Célia. O Paulo Henrique passa o dia inteiro tocando guitarra no quarto. Diz que vai ser músico também. O pai não tá gostando nada. Eu queria tanto que ele fosse igual ao Arturzinho.
- Bem, Maria Helena, deixa eu ir. Sucesso pro Paulo Henrique.
Dois anos depois, numa outra eleição, novo reencontro.
- Oi, tudo bem? E o Paulo Henrique? Ainda sem emprego?
- Oi, Célia, tudo bem. O Paulo arrumou umas coisas, sim, mas tudo bico. Pelo menos tá pagando as contas dele.
- Que bom, já é alguma coisa, né?
- Ele diz que também está fazendo um blog. Acho que é esse o nome: blog. Não ganha nada. Diz que vai ganhar, mas até agora nada. Diz que é um blog sobre transparência política. Não entendo direito. Ah, esse moleque. E o Artur?
- Arturzinho tá ótimo. Já tá voltando pro Brasil. Mês que vem. Com a pós que ele fez lá nos Estados Unidos, já garantiu um superemprego aqui, num banco grande. Tão jovem e já vai ter um cargo importante, sabe? Salário excelente.
- Que bom. O Arturzinho sempre foi muito estudioso. Eu falava pro Paulo: segue o exemplo do seu amigo. Mas fazer o quê? Quis porque quis fazer essa bobagem de jornalismo...
Pelas mais diversas circunstâncias, o encontro seguinte só ocorreu depois de oito anos.
- Maria Helena, tudo bem? Lembrei de você esses dias!
- Sério?
- Me fala uma coisa: o Paulo Henrique Dias, o jornalista que denunciou o esquema de corrupção lá no Senado, é o seu filho?
- É o meu filho, sim.
- Jura?
- Paulinho tá trabalhando em Brasília há uns cinco anos ou mais. Gostou mesmo dessa coisa de política, investigação, transparência. Lembra que eu falei do blog? Arrumou até emprego por causa do blog.
- Lembro do blog, sim. Que coisa, né?
- Não ganha o salário do Arturzinho, mas tá muito feliz.
- Então, deixa eu te contar. O Artur não está mais no banco. Fez uma besteira lá num investimento alto, o banco perdeu muito dinheiro e mandou ele embora. O pai ficou uma fera. Vai estudar nos Estados Unidos pra fazer uma besteira dessas?
- Sério? Coitado...
- E quando é pra dar errado dá tudo junto. Ele tinha casado, mas depois da confusão com o banco até a mulher abandonou o Artur. Tá em depressão. Não vai nem mais às aulas de esgrima.
- O pai do Paulinho tá todo orgulhoso do filho. Eu também, sabe? Tenho uma pasta aqui com os recortes das matérias dele. Quer ver? Só matéria de capa.
- Nossa, que coisa, né?
- E não é que o Paulinho se encontrou mesmo no jornalismo?
- Maria Helena? Você não é a mãe do Paulo Henrique, o amigo do Arturzinho, meu filho, nos tempos aqui do colégio?
- Claro! Sou a mãe do Paulo Henrique, sim. Quanto tempo, Célia! E como vai o Arturzinho?
- Arturzinho tá ótimo. Tá nos Estados Unidos. Acabou a faculdade de Economia na USP e está fazendo uma pós-graduação em Nova York. Tá todo empolgado! A família também. E o Paulo Henrique?
- Paulo é aquela coisa: nunca gostou de estudar. Quis porque quis fazer jornalismo. O pai não queria. Agora tá aí, desempregado. Diz que manda currículo todo dia, pra tudo que é lugar, mas a situação tá difícil.
- Mas isso é fase, Maria Helena.
- Deus te ouça, Célia. O Paulo Henrique passa o dia inteiro tocando guitarra no quarto. Diz que vai ser músico também. O pai não tá gostando nada. Eu queria tanto que ele fosse igual ao Arturzinho.
- Bem, Maria Helena, deixa eu ir. Sucesso pro Paulo Henrique.
Dois anos depois, numa outra eleição, novo reencontro.
- Oi, tudo bem? E o Paulo Henrique? Ainda sem emprego?
- Oi, Célia, tudo bem. O Paulo arrumou umas coisas, sim, mas tudo bico. Pelo menos tá pagando as contas dele.
- Que bom, já é alguma coisa, né?
- Ele diz que também está fazendo um blog. Acho que é esse o nome: blog. Não ganha nada. Diz que vai ganhar, mas até agora nada. Diz que é um blog sobre transparência política. Não entendo direito. Ah, esse moleque. E o Artur?
- Arturzinho tá ótimo. Já tá voltando pro Brasil. Mês que vem. Com a pós que ele fez lá nos Estados Unidos, já garantiu um superemprego aqui, num banco grande. Tão jovem e já vai ter um cargo importante, sabe? Salário excelente.
- Que bom. O Arturzinho sempre foi muito estudioso. Eu falava pro Paulo: segue o exemplo do seu amigo. Mas fazer o quê? Quis porque quis fazer essa bobagem de jornalismo...
Pelas mais diversas circunstâncias, o encontro seguinte só ocorreu depois de oito anos.
- Maria Helena, tudo bem? Lembrei de você esses dias!
- Sério?
- Me fala uma coisa: o Paulo Henrique Dias, o jornalista que denunciou o esquema de corrupção lá no Senado, é o seu filho?
- É o meu filho, sim.
- Jura?
- Paulinho tá trabalhando em Brasília há uns cinco anos ou mais. Gostou mesmo dessa coisa de política, investigação, transparência. Lembra que eu falei do blog? Arrumou até emprego por causa do blog.
- Lembro do blog, sim. Que coisa, né?
- Não ganha o salário do Arturzinho, mas tá muito feliz.
- Então, deixa eu te contar. O Artur não está mais no banco. Fez uma besteira lá num investimento alto, o banco perdeu muito dinheiro e mandou ele embora. O pai ficou uma fera. Vai estudar nos Estados Unidos pra fazer uma besteira dessas?
- Sério? Coitado...
- E quando é pra dar errado dá tudo junto. Ele tinha casado, mas depois da confusão com o banco até a mulher abandonou o Artur. Tá em depressão. Não vai nem mais às aulas de esgrima.
- O pai do Paulinho tá todo orgulhoso do filho. Eu também, sabe? Tenho uma pasta aqui com os recortes das matérias dele. Quer ver? Só matéria de capa.
- Nossa, que coisa, né?
- E não é que o Paulinho se encontrou mesmo no jornalismo?
sexta-feira, 3 de dezembro de 2010
A festa da firma
Como festa de fim de ano é sempre igual, um post para relembrar.
Na minha época de redação, dezembro chegava e o povo tinha que decidir a escala especial de folga – quem trabalha no Natal e quem trabalha no ano-novo. Ou quem trabalha nos dois, caso de alguns focas. Sobravam divergências e eventual ofensa à mãe alheia. Mas dezembro também era um tempo alegre, tempo de festa da firma.
Após passar o ano inteiro explorando os pobres funcionários, principalmente os jornalistas, o dono do jornal decide promover uma festança. Para alguns, um lampejo de humanidade do patrão, mas, para mim, pura estratégia. Ele sabe que o jornalista é facilmente seduzido por uma boca-livre. Alimente um jornalista e ele se tornará seu amigo, dizia um filósofo de botequim. Ele esquecerá até das horas extras não pagas.
A festa da firma é um clássico exemplo da política “pão e circo”. Mas quem se importa com isso? Adoramos comida e bebida fartas, show com banda ao vivo, sorteio de prêmios. No meu tempo, começavam com brindes institucionais e acabavam com o prêmio máximo da noite, uma semana com a família na colônia de férias em Mongaguá. Eu, que sempre preferi o pão ao circo, até criei um grupo de amigos batizado de “a nuvem dos gafanhotos”, que perambulava pelas mesas deixando só devastação.
O evento é uma grande chance para o jornalista conhecer pessoas de outros departamentos, a turma do administrativo, a turma do comercial - ou “os vendedores de anúncio”. Até os jornalistas que nunca conseguem um alvará da patroa para as bebedeiras habituais vão à festa. Só não aparece a ala dos intelectuais, jornalistas que acreditam que a festa da firma não passa de uma forma primitiva de entretenimento, regada a axé, cerveja e suor.
Na festa da firma, muita gente perde o pudor, paga mico, arruma confusão. As taxas de sangue no álcool ficam baixíssimas. A vantagem de ficar um pouco mais sóbrio é testemunhar as aberrações da noite e ter matéria-prima para fofocar nos dias seguintes. Jamais esquecerei a festa em que o foca do caderno de Variedades, moço tímido, foi arrebatado pela música do Abba, subiu na mesa, arrancou a camisa, rebolou como uma lagartixa e gritou: “I am the queen, I am the dancing queen!”.
Depois disso, nunca mais foi visto na redação.
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Na minha época de redação, dezembro chegava e o povo tinha que decidir a escala especial de folga – quem trabalha no Natal e quem trabalha no ano-novo. Ou quem trabalha nos dois, caso de alguns focas. Sobravam divergências e eventual ofensa à mãe alheia. Mas dezembro também era um tempo alegre, tempo de festa da firma.
Após passar o ano inteiro explorando os pobres funcionários, principalmente os jornalistas, o dono do jornal decide promover uma festança. Para alguns, um lampejo de humanidade do patrão, mas, para mim, pura estratégia. Ele sabe que o jornalista é facilmente seduzido por uma boca-livre. Alimente um jornalista e ele se tornará seu amigo, dizia um filósofo de botequim. Ele esquecerá até das horas extras não pagas.
A festa da firma é um clássico exemplo da política “pão e circo”. Mas quem se importa com isso? Adoramos comida e bebida fartas, show com banda ao vivo, sorteio de prêmios. No meu tempo, começavam com brindes institucionais e acabavam com o prêmio máximo da noite, uma semana com a família na colônia de férias em Mongaguá. Eu, que sempre preferi o pão ao circo, até criei um grupo de amigos batizado de “a nuvem dos gafanhotos”, que perambulava pelas mesas deixando só devastação.
O evento é uma grande chance para o jornalista conhecer pessoas de outros departamentos, a turma do administrativo, a turma do comercial - ou “os vendedores de anúncio”. Até os jornalistas que nunca conseguem um alvará da patroa para as bebedeiras habituais vão à festa. Só não aparece a ala dos intelectuais, jornalistas que acreditam que a festa da firma não passa de uma forma primitiva de entretenimento, regada a axé, cerveja e suor.
Na festa da firma, muita gente perde o pudor, paga mico, arruma confusão. As taxas de sangue no álcool ficam baixíssimas. A vantagem de ficar um pouco mais sóbrio é testemunhar as aberrações da noite e ter matéria-prima para fofocar nos dias seguintes. Jamais esquecerei a festa em que o foca do caderno de Variedades, moço tímido, foi arrebatado pela música do Abba, subiu na mesa, arrancou a camisa, rebolou como uma lagartixa e gritou: “I am the queen, I am the dancing queen!”.
Depois disso, nunca mais foi visto na redação.
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quarta-feira, 1 de dezembro de 2010
TCC
O TCC é uma aporrinhação para o estudante de Jornalismo. Um esforço danado pra quem passou quase quatro anos numa vida serena, entre aulinhas sem graça e a cervejinha no bar. Com o TCC, são meses de abstinência social. Pode ser monografia, livro-reportagem, documentário. Não importa. É um trabalho de conclusão de curso que teima em nunca acabar.
TCC requer criatividade pra escolher um tema original. Sorte pra descolar um orientador gente boa. Madrugadas de leitura. Debates em grupo de avivar gastrite nervosa. Pesquisas, entrevistas, páginas e páginas de citações teóricas. Revisa aqui, compila ali, encaixa acolá. Trabalhos que mais parecem um Frankenstein. Tem estudante que surta. Tem estudante que enfim descobre onde fica a biblioteca da faculdade.
TCC tem dedicatória brega do aluno à família que o apoiou. E penou para pagar o curso. À paciência do orientador, sempre com tempo curto e mil outros projetos para acompanhar. TCC tem a porra da formatação da ABNT. Papel branco A4, Times corpo 12, margem de 3 centímetros à esquerda, parágrafo com recuo de 2 centímetros, referência bibliográfica assim, sumário assado, não sei o quê em itálico, em caixa baixa, em caixa alta.
TCC exige sangue-frio do estudante para lidar com o furo de um dos membros da banca às vésperas da banca. Agilidade para conseguir um substituto pra ontem. É uma mistura de tensão e ansiedade até a apresentação final do trabalho, quando o professor-orientador, do alto de sua sabedoria acadêmica, atesta que seu pupilo está apto para ser JORNALISTA!!! Papai e mamãe ficam orgulhosos. Todos se abraçam, riem, choram.
Então, o jornalista cai no mercado de trabalho e descobre que fazer um TCC é algo até bem sossegado, sabe?
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TCC tem dedicatória brega do aluno à família que o apoiou. E penou para pagar o curso. À paciência do orientador, sempre com tempo curto e mil outros projetos para acompanhar. TCC tem a porra da formatação da ABNT. Papel branco A4, Times corpo 12, margem de 3 centímetros à esquerda, parágrafo com recuo de 2 centímetros, referência bibliográfica assim, sumário assado, não sei o quê em itálico, em caixa baixa, em caixa alta.
TCC exige sangue-frio do estudante para lidar com o furo de um dos membros da banca às vésperas da banca. Agilidade para conseguir um substituto pra ontem. É uma mistura de tensão e ansiedade até a apresentação final do trabalho, quando o professor-orientador, do alto de sua sabedoria acadêmica, atesta que seu pupilo está apto para ser JORNALISTA!!! Papai e mamãe ficam orgulhosos. Todos se abraçam, riem, choram.
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